Etiqueta: Sínodo

25 Nov 2024

Sínodo 2024: Papa afirma autoridade do documento final como «magistério» e pede implementação nas comunidades católicas

O Papa publicou neste dia 25 de novembro uma “nota de acompanhamento” do documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, encerrada em outubro deste ano, sublinhando o seu valor como “magistério” pontifício e a necessidade de implementação nas comunidades católicas.

“O documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro [o Papa] e, como tal, peço que seja aceite. Ele representa uma forma de exercício do magistério autêntico do bispo de Roma que tem algumas características novas, mas que, de facto, corresponde ao que tive a oportunidade de apontar em 17 de outubro de 2015, quando afirmei que a sinodalidade é a estrutura interpretativa apropriada para entender o ministério hierárquico”, indica, citando o discurso que proferiu no 50.º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos.

“A conclusão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não põe fim ao processo sinodal”, acrescenta.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“Reconhecendo o valor do caminho sinodal concluído, entrego agora a toda a Igreja as indicações contidas no documento final, como restituição do que amadureceu ao longo desses anos, por meio da escuta e do discernimento, e como orientação autorizada para sua vida e missão”, escreve o Papa.

Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).

O Papa recorda que “toda a Igreja foi chamada a ler sua própria experiência e a identificar os passos a serem dados para viver a comunhão, realizar a participação e promover a missão que Jesus Cristo lhe confiou”.

Agora a jornada continua nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, valorizando o documento final que foi votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes em 26 de outubro. Eu também o aprovei e, assinando-o, ordenei sua publicação, juntando-me ao “nós” da Assembleia que, por meio do documento final, se dirige ao santo e fiel Povo de Deus”.

Francisco sublinha que as dioceses, conferências episcopais e outros organismos eclesiais são chamados a “fazer escolhas consistentes” com o que está indicado no documento final do último Sínodo, “por meio dos processos de discernimento e tomada de decisão previstos pela lei e pelo próprio documento”.

O Papa retoma o que afirmou após o Sínodo sobre a Família (2014 e 2015), destacando que pode haver, na Igreja, “diferentes maneiras de interpretar certos aspetos da doutrina ou certas consequências que dela decorrem”.

“O documento final contém indicações que, à luz de suas orientações básicas, já podem ser implementadas nas Igrejas locais e nos agrupamentos de Igrejas, levando em conta os diferentes contextos, o que já foi feito e o que falta fazer para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo próprio da Igreja sinodal missionária”, aponta.

Em muitos casos, trata-se de implementar efetivamente o que já está previsto no direito existente, tanto latino quanto oriental. Noutros casos, será possível proceder, através de um discernimento sinodal e no âmbito das possibilidades indicadas pelo documento final, à ativação criativa de novas formas de ministerialidade e de ação missionária, experimentando e submetendo as experiências à verificação”.

Esta “fase de execução” do caminho sinodal, com base nas orientações oferecidas pelo documento final, vai ser acompanhada pela Secretaria-Geral do Sínodo, juntamente com os Dicastérios da Cúria Romana.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou a realização de um encontro nacional para debater as conclusões da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, a 11 de janeiro de 2025, com responsáveis das várias dioceses.

O documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, aprovado no Vaticano, devolve às comunidades locais a responsabilidade de implementar mudanças, alargando formas de “participação” de todos os seus membros.

“Pedimos a todas as Igrejas locais que continuem o seu caminho quotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando caminhos concretos e percursos de formação para realizar uma conversão sinodal palpável nas várias realidades eclesiais”, referem os participantes dos cinco continentes, após duas sessões sinodais, em 2023 e neste ano, sob a presidência do Papa.

O texto, aprovado na totalidade dos seus 155 pontos, defende que seja prevista “uma avaliação dos progressos realizados em termos de sinodalidade e de participação de todos os batizados na vida da Igreja”.

Os participantes sugerem ainda que os vários organismos episcopais “dediquem pessoas e recursos para acompanhar o caminho de crescimento como Igreja sinodal em missão e para manter o contacto com a Secretaria-Geral do Sínodo”.

OC – Agência ECCLESIA

28 Out 2024

Sínodo 2024: Documento final devolve às comunidades locais desafio de implementar dinâmicas de «consulta e discernimento»

O documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, aprovado hoje no Vaticano, devolve às comunidades locais a responsabilidade de implementar mudanças, alargando formas de “participação” de todos os seus membros.

“Pedimos a todas as Igrejas locais que continuem o seu caminho quotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando caminhos concretos e percursos de formação para realizar uma conversão sinodal palpável nas várias realidades eclesiais”, referem os participantes dos cinco continentes, após duas sessões sinodais, em 2023 e neste ano, sob a presidência do Papa.

O texto, aprovado na totalidade dos seus 155 pontos, defende que seja prevista “uma avaliação dos progressos realizados em termos de sinodalidade e de participação de todos os batizados na vida da Igreja”.

Os participantes sugerem ainda que os vários organismos episcopais “dediquem pessoas e recursos para acompanhar o caminho de crescimento como Igreja sinodal em missão e para manter o contacto com a Secretaria-Geral do Sínodo”.

O documento identifica os “organismos de participação” como “uma das áreas mais promissoras de atuação para uma rápida implementação das orientações sinodais, conduzindo rapidamente a mudanças percetíveis”.

Cabe às Igrejas locais, e sobretudo aos seus agrupamentos, construir, de forma sinodal, formas e procedimentos eficazes de prestação de contas e de avaliação, adequados à variedade dos contextos”.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O processo sinodal não termina com o fim da atual Assembleia do Sínodo dos Bispos, mas inclui a fase de implementação”, pode ler-se no documento conclusivo.

Os participantes ligam este processo sinodal ao Concílio Vaticano II (1962-1965), como “um verdadeiro ato de receção”, que volta a apresentar “a sua força profética para o mundo de hoje”.

O texto final refere que é possível ver “os primeiros frutos” do caminho iniciado em 2021, particularmente no “desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas e mais relacional, que seja casa e família de Deus”.

“A sinodalidade é um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária, ou seja, para a tornar mais capaz de caminhar com cada homem e mulher irradiando a luz de Cristo”, precisam os participantes.

Francisco promulgou o documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).

O texto é composto por cinco partes: “O coração da sinodalidade”, “Juntos, na barca”, “Lançar a rede”, “Uma pesca abundante” e “Também eu vos envio”.

“Com este documento, a Assembleia reconhece e testemunha que a sinodalidade, uma dimensão constitutiva da Igreja, já faz parte da experiência de muitas das nossas comunidades. Ao mesmo tempo, sugere caminhos a seguir, práticas a implementar, horizontes a explorar”, explicam os participantes.

Uma das mudanças apontadas relaciona-se com o “conceito de lugar”, que remete para “a pertença a uma rede de relações e a uma cultura cujas raízes territoriais são mais dinâmicas e flexíveis do que nunca”.

“Para responder às novas exigências da missão, cada paróquia é chamada a abrir-se a formas inéditas de ação pastoral que tenham em conta a mobilidade das pessoas e o território existencial em que se desenvolve a sua vida”, indica o texto.

Os participantes aludem ainda aos desafios das novas tecnologias e das redes sociais, pedindo “recursos para que o ambiente digital seja um lugar profético para a missão”.

“As comunidades e grupos digitais cristãos, especialmente de jovens, são também chamados a refletir sobre a forma como criam laços de pertença, promovem o encontro e o diálogo, oferecem formação entre pares e desenvolvem uma forma sinodal de ser Igreja”, acrescentam.

Ainda sobre os jovens, o documento reconhece que “por vezes, a sua atitude em relação à Igreja aparece como uma crítica, mas assume frequentemente a forma positiva de um compromisso pessoal com uma comunidade acolhedora, empenhada na luta contra a injustiça social e no cuidado da casa comum”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo. 

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

28 Out 2024

Uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos” foi o apelo do Papa no encerramento da XVI Assembleia do Sínodo

O Papa encerrou hoje os trabalhos da XVI Assembleia do Sínodo, após a aprovação do documento final, reforçando os seus apelos a uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos”.

“Quanto mal causam os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, referiu Francisco, perante centenas de participantes dos cinco continentes.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O Espírito continua a difundir a harmonia na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todos os cansaços, tensões e divisões que marcam o seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos. Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos, todos! Que ninguém fique de fora, todos”, indicou o Papa.

Francisco promulgou documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), do atual Papa, sobre o Sínodo dos Bispos.

“Se expressamente aprovado pelo romano pontífice, o documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro”, precisa a exortação.

“Não tenho intenção de publicar uma exortação apostólica. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos”, anunciou Francisco aos participantes, que responderam com uma salva de palmas.

Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”.

 

Fora do documento final ficam os temas confiados aos dez grupos de estudo criados pelo Papa em fevereiro deste ano, após a primeira sessão sinodal,  que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo.

Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal – desenvolvendo questões ligadas à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.

“Não se trata de adiar indefinidamente as decisões. É o que corresponde ao estilo sinodal com que deve ser exercido também o ministério petrino: escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar”, precisou Francisco, esta tarde.

O Papa sublinhou que, “nestes passos, são necessárias as pausas, os silêncios e a oração”.

“É um estilo que estamos a aprender juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compreender como um processo de conversão”, insistiu.

Francisco deixou a sugestão de um poema de Madeleine Delbrêl (França, 1904-1964), “a mística das periferias”, que exortava: “Acima de tudo, não sejas rígido”.

“Esses versos podem tornar-se a música de fundo com a qual podemos acolher o documento final. E agora, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas”, declarou.

No final do seu discurso, o Papa agradeceu a todos os participantes e aos responsáveis pela organização da Assembleia Sinodal, assumindo que “também o bispo de Roma precisa de praticar a escuta, ou melhor, quer praticar a escuta”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo. 

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

27 Out 2024

Sínodo 2024: Papa desafia Igreja a ouvir «grito da humanidade» e a superar fatalismo

O Papa disse hoje, dia 27 de outubro, no Vaticano, que o mundo precisa de uma Igreja que “acolhe o grito da humanidade”, superando atitudes de fatalismo e pessimismo.

“Não precisamos duma Igreja sentada e desistente, mas duma Igreja que acolhe o grito do mundo e – quero dizê-lo, talvez alguém se escandalize – uma Igreja que suja as mãos para servir o Senhor”, referiu na homilia da Missa de conclusão da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, iniciada a 2 de outubro, sobre o tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.

“Deus escuta sempre o grito dos pobres e nenhum grito de dor passa despercebido diante dele”, acrescentou.

Perante milhares de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, Francisco sustentou que esta nova etapa se constrói “acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra”.

“O grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; das crianças, escravizadas pelo trabalho, em tantas partes do mundo; a voz partida dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”, precisou.

A intervenção apontou ao futuro, pedindo “não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé”, uma “Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo”.

“Lembremo-nos sempre disto: não caminhar por conta própria ou segundo os critérios do mundo, mas caminhar juntos atrás dele e com Ele”, recomendou.

O Papa evocou a cura de um cego, Bartimeu, num comentário à passagem do Evangelho segundo São Marcos, que é lida este domingo nas igrejas de todo o mundo.

“Se permanecemos sentados na nossa cegueira, continuaremos a não ver as nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos”, indicou, perante os participantes na Assembleia Sinodal.

Francisco questionou uma “Igreja sentada”, que se “confina a si mesma à margem da realidade”.

Perante as interrogações dos homens e mulheres de hoje, os desafios do nosso tempo, as urgências da evangelização e as muitas feridas que afligem a humanidade, não podemos ficar sentados”.

A celebração contou com a exposição da antiga Cátedra de São Pedro, após uma intervenção de restauro.

Segundo nota enviada aos jornalistas, pelo Vaticano, “é muito provável que a Cátedra tenha sido doada por Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII (872-885)

“Contemplando-a com a admiração da fé, recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade”, declarou Francisco.

O Papa promulgou este sábado o documento final da Assembleia, enviando-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), assinada por Francisco, sobre o Sínodo dos Bispos.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A segunda sessão desta Assembleia Sinodal teve 368 membros com direito a voto, dos quais 272 bispos; à imagem do que aconteceu 2023, houve mais de 50 votantes mulheres, entre religiosas e leigas de vários países. 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

19 Out 2024

Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma

O Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma, que decorre de 2 a 27 de outubro.

O Prelado eborense pede aos Reverendos Párocos e a todos os Sacerdotes e Diáconos, bem como às Comunidades Religiosas:
– que incluam na Oração Universal e nas Preces da Liturgia das Horas orações por esta intenção;
– que em dia oportuno celebrem a Eucaristia pela Unidade da Igreja;
– que promovam momentos de oração pelo discernimento fecundo do Sínodo;
– e que valorizem a intenção do Sínodo na devoção popular em Outubro, Mês do Rosário, e nas peregrinações a Fátima, por ocasião dos dias 12 e 13 de outubro, 107º Peregrinação aniversária da última aparição e do milagre do sol.

06 Mai 2024

Sínodo 2021-2024: Relatório da Consulta Sinodal da CEP – Segunda fase

Sínodo 2021-2024: Relatório da Consulta Sinodal da CEP – Segunda fase

Documento elaborado pela Equipa Sinodal da CEP a partir dos contributos das Dioceses e de outros organismos eclesiais.

 

INTRODUÇÃO

A Igreja do terceiro milénio enfrenta o desafio audacioso e inspirador de ser sinodal em missão, um compromisso programático fortemente encorajado pelo Papa Francisco. A sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja, refletindo o desígnio de Deus para um caminhar conjunto em comunhão e participação. Este conceito ressoa com a etimologia de “sínodo”, que evoca a imagem de um percurso compartilhado, um eco da vocação fundamental da Igreja de seguir Jesus Cristo, “o caminho, a verdade e a vida”.

A riqueza do termo “sínodo” na tradição eclesial, significando tanto o encontro comunitário quanto a essência da Igreja como uma assembleia convocada, destaca a importância da caminhada conjunta e da escuta mútua. A transformação do termo em “sinodalidade” na era pós-Vaticano II aponta para um amadurecimento na compreensão da Igreja como uma realidade dinâmica e viva, implicando todos os membros na sua missão.

O desenvolvimento histórico e teológico da sinodalidade mostra como a Igreja tem evoluído na sua estrutura e prática, sublinhando a necessidade de uma constante renovação e adaptação aos tempos e contextos. Assim, a sinodalidade é entendida não apenas como um método de operação, mas como uma expressão fundamental da natureza da Igreja, encarnando os valores de comunhão, participação e missão.

Na eclesiologia do Vaticano II, a sinodalidade emerge como uma força vital para a renovação eclesial, abraçando a colegialidade dos bispos e a participação ativa de todos os fiéis. Este dinamismo sinodal reflete a intenção de uma Igreja profundamente enraizada na comunhão e na partilha dos dons espirituais, desafiando-a a ser mais representativa e ativa (Igreja em saída) perante as necessidades do mundo.

A missão da Igreja sinodal em contexto missionário é enriquecida pelo testemunho de uma comunhão profunda e autêntica, que respeita a diversidade e promove a unidade. Este caminho implica uma redescoberta e reavaliação das práticas eclesiais para encarnar mais plenamente a visão do Concílio Vaticano II, enfatizando o papel de cada batizado na vida e missão da Igreja.

Após esta breve introdução, iremos detalhar o processo pelo qual as informações deste relatório foram recolhidas e organizadas. Nesta sequência, daremos a conhecer as ideias-chave que surgiram como consensuais entre os diversos grupos de trabalho. Estas refletem questões cruciais como a sinodalidade e participação, evidenciando a importância de uma vivência sinodal dinâmica e inclusiva. Abordaremos também a unidade, inclusão e diversidade, enfatizando a necessidade imperiosa de integrar todas as diferenças na vida da comunidade eclesial. A formação e a educação serão destacadas pela sua importância na construção de uma base teológica e pastoral sólida. A renovação e a atualização serão discutidas à luz da necessidade da Igreja se manter atenta e alinhada com a Tradição, ao mesmo tempo que responde, sem preconceitos, aos desafios do mundo contemporâneo. Por fim, serão abordados os desafios específicos, como o clericalismo e a resistência às mudanças, os quais devem ser enfrentados para assegurar uma participação efetiva e plena de todos os membros da comunidade.

É relevante sublinhar que, em vários lugares e momentos, os encontros sinodais realizados no âmbito deste processo sinodal constituíram fecundos momentos de escuta, partilha, silêncio e oração. Na consciência de que a alegria deve ser uma marca da vida cristã, a experiência feita é motivo para dar graças a Deus pela pertença a uma Igreja que quer renovar-se, caminhando junta no diálogo e valorizando a participação de todos. Apesar de todos os limites, falhas e resistências, há a consciência de que a sinodalidade já vai estando de algum modo presente nas atitudes de pessoas, nas comunidades e nos movimentos.

DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO DE RECOLHA E ANÁLISE DA INFORMAÇÃO

A recolha e análise da informação resultante dos trabalhos de grupo foi realizada por meio de um procedimento detalhado e sistemático que promoveu a participação coletiva e o diálogo construtivo entre os membros de diferentes comunidades. Este processo caracterizou-se por uma abordagem sinodal, que se traduziu em diferentes formas de envolvimento e escuta ativa dos elementos participantes.

Inicialmente foram organizadas reuniões e sessões de reflexão nas quais os participantes de diferentes sensibilidades e instâncias eclesiais – que incluíam membros de conselhos pastorais, equipas arciprestais, conselho diocesano e presbiteral e outros grupos de reflexão – puderam debater e analisar temas relevantes para a vida e missão da Igreja. Estas sessões foram essenciais para proporcionar um espaço de partilha de experiências, perceções e expectativas.

A metodologia adotada permitiu a formulação de questões específicas, cujas respostas foram fundamentais para compreender as visões e experiências dos membros das comunidades sobre a missão da Igreja e os desafios com que esta se confronta. Este método de consulta direta possibilitou a identificação de temas comuns às diferentes realidades pastorais, um feedback valioso que resultou na análise que aqui se dá a conhecer.

A análise da informação recolhida teve em consideração as diferentes perspetivas e experiências relatadas, refletindo o compromisso para com a verdade da mensagem encontrada nos relatórios das dioceses e movimentos/grupos que chegaram até esta comissão de trabalho.

1. SINODALIDADE E PARTICIPAÇÃO

Caminhar juntos como Povo de Deus exige o reconhecimento da necessidade de uma contínua conversão, individual e comunitária. Todos somos chamados a tomar parte nesta viagem e ninguém pode ser excluído. Uma igreja sinodal constrói-se na diversidade, através de uma escuta ativa e empática, sem posturas de superioridade intelectual, moral ou eclesial, em atitude de discernimento, diálogo e comunhão fraterna, em que cada um é convidado a “calçar os sapatos do outro”.

A sinodalidade significa, acima de tudo, uma mudança pastoral que permita criar comunidades em que todos se relacionam e tratam de forma saudável e fraterna, com autêntica amizade e comunhão, privilegiando o diálogo e a mútua compreensão, como uma comunidade que reza e celebra junta, que cuida da vida e do caminho espiritual de cada um dos seus membros.

1.1. Conversão

a) É urgente uma conversão à sinodalidade já que se nota, ainda, uma certa desconfiança no processo por parte de algum clero e de leigos que continuam a considerar o processo sinodal interessante, mas pouco efetivo do ponto de vista das mudanças, até de prática pastoral, inviabilizando este caminho conjunto.

b) É essencial reconhecer que, além das transformações estruturais e teóricas, a sinodalidade deve ser vivida como uma experiência concreta de fé nas comunidades, onde o mandamento do amor se manifesta em ações práticas e tangíveis. Importa não conceptualizar ou complexificar em excesso a ideia e os processos da sinodalidade.

c) Desta fase da consulta sinodal denota-se, também, que há quem considere que a abertura e o caminho conjunto, procurando agrupar diferentes sensibilidades para a criação de uma pastoral da inclusão, podem significar uma reforma que colide com a fidelidade à grande Tradição da Igreja.

d) O compromisso de acolhimento e de escuta deve traduzir-se em ações concretas que se dirijam a “todos, todos, todos” sem exceção, procurando, em primeiro lugar, habitar as periferias onde, infelizmente, se encontram cada vez mais irmãos a necessitar de ajuda, material e, sobretudo, espiritual.

1.2. Corresponsabilidade

a) A corresponsabilidade diferenciada na missão de todos os membros do Povo de Deus, de acordo com as vocações, carismas, serviços, e ministérios, deve ser o modelo normal da vida eclesial, organizando a Igreja como uma família e não como uma estrutura, criando meios para a valorização da relação fraternal e teologal nas comunidades, assim como a atenção particular a alguns setores: o mundo da saúde, do serviço aos mais pobres e o acolhimento aos de fora.

b) A Igreja é missionária e tem a responsabilidade de partilhar com os outros o que recebeu: a vida divina. Esta consciência traduz-se na necessidade de todos os batizados – leigos e clérigos – se saberem responsáveis pela missão da Igreja: não são meros cooperadores, mas verdadeiramente participantes corresponsáveis.

c) Exige-se um exercício sinodal da autoridade, que tenha como única finalidade servir o verdadeiro bem das pessoas e ser sinal do único bem supremo que é Deus. Só desse modo pode crescer a consciência de que a missão da Igreja deve ser assumida por todos, num espírito de autêntica corresponsabilidade. Em ordem a implementar um modelo pastoral corresponsável é feita a sugestão de se criar a figura de um “coordenador pastoral” como elo entre o pároco e a comunidade. É, ainda, sugerida, uma maior celeridade e participação laical nos processos de nomeação dos Bispos.

1.3. Ministérios

a) A corresponsabilidade pela missão pede que se desenvolva com maior criatividade os ministérios batismais/laicais, tendo por base as necessidades das Igrejas locais e envolvendo a comunidade no indispensável discernimento e na consciencialização da sua responsabilidade (por exemplo, também em termos litúrgicos).

b) Estes ministérios não devem limitar-se à vida interna eclesial, mas concretizar-se também noutras áreas da vida social que interpelam a responsabilidade cristã no mundo, designadamente nos domínios da saúde mental (adições, ansiedade, depressão, solidão…); dos doentes e familiares/cuidadores em processo de doença crónica, progressiva e incurável; no processo de luto; no apoio a pessoas com deficiência; a jovens namorados e a casais, especialmente os que estão em crise; a pessoas que recuperam de situações de aborto, desempregados, refugiados, imigrantes, etc. Em qualquer caso, a reflexão sobre os ministérios e a sua concretização têm de ir muito para além da questão da diminuição ou até falta de presbíteros.

c) Além da instituição dos ministérios de Leitor, Acólito e Catequista, propõe-se também a criação de ministérios especificamente voltados para a pastoral familiar, nomeadamente, os ministérios para a Caridade e para o serviço de escuta e acompanhamento, com enfoque particular no apoio às pessoas sós, aos idosos e às pessoas com deficiência, de forma a que estes grupos recebam a devida atenção dentro das comunidades eclesiais e contribuam plenamente para a vida da Igreja, incluindo a criação de estruturas apropriadas de atendimento e acompanhamento pastoral a nível diocesano.

1.4. Conselhos e órgãos colegiais

a) É urgente a implementação efetiva e a dinamização dos diversos Conselhos e órgãos colegiais, tanto a nível paroquial como diocesano (devem mesmo ser obrigatórios), procurando ao mesmo tempo que sejam verdadeiramente representativos, funcionem com verdade e qualidade e tenham um carácter mais vinculativo na tomada de decisões. Para garantir este dinamismo pastoral sugere-se que a renovação das lideranças seja uma preocupação assumida.

b) É premente também que todos os Conselhos, mas em particular os Conselhos Económicos, sejam transparentes no seu modo de agir e pratiquem uma cultura de prestação de contas.

 1.5. Juventude

a) Revela-se absolutamente fundamental uma atenção especial aos jovens, confiando-lhes missões concretas, não apenas no que respeita aos seus problemas, mas fazendo escolhas que privilegiem o discernimento e o diálogo inter-geracional, garantindo o entusiasmo e a criatividade próprios da juventude com a maturidade e a consistência doutrinal dos mais velhos. As comunidades são interpeladas a encontrar novos caminhos e métodos criativos que respondam melhor às aspirações e aos desafios que os jovens hoje enfrentam.

b) Conscientes de que não se pode desperdiçar o “património” construído a partir da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, e dando continuidade às experiências positivas que daí advieram, a comunidade jovem deve ser interpelada e ajudada a ser protagonista na vida comunitária, assumindo serviços e ministérios, organizando atividades pastorais e integrando-se nas equipas de animação pastoral. Cada paróquia deveria ter um espaço jovem (espaço físico de convivência, reflexão, organização de atividades várias).

c) A Jornada Mundial da Juventude e o envolvimento cultural devem ser destacados como manifestações significativas de sinodalidade, exemplificando o impacto da fé em contextos juvenis e culturais para fomentar a comunhão e o diálogo.

2. UNIDADE, INCLUSÃO E DIVERSIDADE

O reconhecimento da importância de construir a Igreja em torno da unidade, inclusão e diversidade, acolhendo todas as pessoas (pessoas com deficiência, jovens, idosos, pessoas em situação de pobreza, imigrantes e pessoas que se encontram nas mais variadas “fronteiras” da sociedade) é transversal à Igreja em Portugal.

A busca da unidade na diversidade numa Igreja sinodal pressupõe caminhos e comportamentos de escuta ativa e empática, sem posturas de superioridade intelectual, moral ou eclesial, em atitude de discernimento, diálogo e comunhão fraterna.

2.1. O papel da mulher na vida eclesial

a) É reconhecida a importância de valorizar o papel das mulheres na vida eclesial e assegurar que possam participar nos processos de decisão, assumindo papéis de liderança, especificamente nos conselhos pastorais e económicos. Deve-se procurar a meta da paridade, reconhecendo explicitamente o contributo crucial das mulheres, não apenas na pastoral e nos ministérios, mas também na missão da Igreja junto das comunidades. Existe uma clara perceção de que a Igreja tem muito a ganhar com uma intervenção mais relevante das mulheres, de um modo particular, no anúncio e na meditação da Palavra de Deus, para uma verdadeira vivência sinodal e reconhecimento pleno dos seus dons e capacidades.

b) Homens e mulheres são complementares e não precisam de ser iguais na sua participação na vida eclesial e ministerial. A mulher e o homem, pela sua natureza maternal e paternal, têm capacidade de amar o próximo como a um filho e, como tal, podem e devem ser modeladores da fé, desde a família até à comunidade e estas suas características devem ser potenciadas. A participação de ambos deve ser promovida nos diferentes serviços da Igreja: catequese, serviço de leitores, pastoral familiar, pastoral dos doentes, ministros extraordinários da comunhão, música e coros, etc.

2.2. Bispos, presbíteros, diáconos e demais consagrados

a) Acentuar a necessidade de participação e envolvimento dos leigos não significa que se descure a importância da vida consagrada nas comunidades paroquiais e outras. A participação laical não deve ser assumida como uma substituição do papel dos padres nas comunidades nem dos consagrados que são mencionados como indispensáveis na vida das comunidades paroquiais e outras. Estes consagrados, normalmente devido aos seus carismas próprios, e iluminados pelo Espírito Santo, são muito importantes como arautos da mudança. Revela-se como muito necessária, uma atenção específica à solidão e isolamento a que estão sujeitos os padres.

b) Os Bispos, presbíteros e diáconos são reconhecidos como fundamentais para a vida da Igreja. Sobre o Bispo reconhece-se que não sendo o “tudo da diocese” faz o “todo da diocese” sendo o líder da comunidade alargada. Em relação aos presbíteros, reconhece-se como estes exercem uma missão de pivot para que todos os batizados descubram o seu lugar e missão na Igreja. Em relação aos/a todos os ministros ordenados, importa criar e desenvolver uma cultura de formação permanente.

c) Sugere-se a valorização do ministério do diácono permanente, cuja função não deve ser a substituição das funções do sacerdote, convidando cristãos comprometidos para um processo de discernimento. Manifesta-se um consenso alargado no sentido de que a missão dos diáconos permanentes seja reorientada para o âmbito da caridade/diaconia, em particular para o serviço a pessoas em situação de vulnerabilidade e necessidade.

2.3. Integração da Pessoa com Deficiência

a) Muitas pessoas com deficiência vivem uma condição de solidão próxima ao abandono, chegando mesmo a sentirem-se invisíveis para a sociedade. A Igreja tem a missão de se aproximar, escutá-las, acolhê-las e acompanhá-las, combatendo a cultura do descarte de que são vítimas, fomentando a sua participação ativa para que se tornem sujeitos ativos e não apenas destinatários. É necessário remover barreiras físicas e atitudinais para uma plena participação de todos.

b) As comunidades cristãs devem integrar pessoas com deficiência nos seus Conselhos Pastorais como forma de reconhecer e valorizar as suas capacidades apostólicas. Deus deu a todos dons e talentos que podemos e devemos colocar ao seu serviço, e por isso é fundamental que a Igreja reconheça estes dons em cada um, independentemente da sua deficiência, assim como é fundamental para estas pessoas sentirem o reconhecimento destes dons por parte daqueles que são o rosto de Cristo na Terra.

2.4. Dar voz e visibilidade aos pobres

a) Apesar de se reconhecer o trabalho já desenvolvido pela Igreja junto dos pobres e imigrantes, a diaconia/caridade continua a ser o “parente pobre” na vida e estruturação das comunidades. Exige-se esforço no sentido de mais proatividade na consciência e prática da caridade, em ordem a acolher, integrar e, na medida do possível, ajudar face às dificuldades materiais, culturais, religiosas e sociais.

b) O envolvimento de paróquias e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) na criação de espaços de acolhimento, a articulação com instituições do Estado e da sociedade civil no terreno, o desenvolvimento criativo de formas de integração dos pobres que vão para além do assistencialismo são algumas das pistas de reflexão e ação apontadas. A pergunta pela credibilidade do testemunho das instituições da Igreja e dos agentes envolvidos na Pastoral Social é crucial. Nesse sentido, é fundamental o conhecimento e o estudo aprofundado da Doutrina Social da Igreja.

3. FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO

Para uma Igreja sinodal em missão urge reconhecer a necessidade de formação de todos os membros da Igreja. Caminhar juntos requer a capacidade de utilizar uma linguagem comum enriquecida pelos diferentes idiomas que decorrem da diversidade de dons, carismas, vocações e ministérios.

3.1. Pedagogia sinodal

a) A formação a desenvolver e a implementar deve abranger as diferentes dimensões da vida da Igreja (Evangelização, Liturgia e Caridade). Contudo, na vida das comunidades cristãs sobressai uma persistente lacuna na formação espiritual, levando-nos a concluir que, na base de qualquer plano formativo ou catequético, esta deve ser a preocupação essencial e primeira.

b) A celebração litúrgica é um ponto nuclear da vivência, aprendizagem e crescimento da sinodalidade. Para muitos cristãos continua a ser a experiência básica da sua pertença à Igreja e do seu caminho de formação. Por isso, é da máxima importância que a Eucaristia seja celebrada de forma mais cuidada, organizada e participada (possibilidade de criação de equipas de liturgia nas paróquias; leigos a assumir mais funções, nomeadamente na preparação da homilia; alargar os ministérios de acólito e leitor). Ao mesmo tempo, há que valorizar o acolhimento dos participantes, fomentar o convívio no seguimento da celebração, valorizar a celebração da Palavra, mobilizar as crianças e envolver os jovens na celebração litúrgica.

c) Importa ter em conta que a linguagem litúrgica parece revelar alguma ineficácia comunicacional e não gera atração, sobretudo entre os jovens e as crianças. É necessário renovar criativamente a linguagem da fé e a linguagem litúrgica, para que seja possível uma transmissão eficaz do Evangelho.

d) Deve ser incluída uma pedagogia sinodal nos planos formativos, de modo a evitar uma comunidade clericalizada. Neste ponto, é urgente uma atenção e cuidado pastorais para com os sacerdotes, que se encontram muitas vezes sobrecarregados com questões ao nível da gestão de instituições e recursos, que não são prioritárias na sua missão como pastores.

e) É apontada a necessidade de formação dos cristãos para a consciência missionária no mundo e a promoção de formação e aplicação da Doutrina Social da Igreja, pela qual os cristãos podem ser mais eficazmente uma voz profética no mundo.

f) Revela-se, ainda, como necessária uma formação basilar para a promoção da clareza e transparência na gestão dos fundos alocados à Igreja, tanto a nível paroquial como diocesano.

3.2. Candidatos ao sacerdócio

a) Uma particular atenção deve ser dada à formação dos ministros ordenados, incluindo nos planos formativos uma pedagogia sinodal de modo a fomentar capacidades de liderança e evitar mentalidades clericalizadas e clericalizantes. É urgente que a formação seja orientada para a corresponsabilidade.

b) A formação a desenvolver deve ser humana e cristãmente abrangente, com proximidade à vida real do povo de Deus, em vista do acompanhamento eficaz de pessoas e situações concretas, adequada à realidade do mundo e sintonizada com uma Igreja que procura receber e concretizar o Concílio, acompanhada pela presença feminina entre os formadores. Devem implementar-se formas de ajuda e encorajamento para a dinamização de um serviço eclesial mais fecundo, promovendo um acompanhamento humano e espiritual para valorização de cada pessoa e fortalecimento do seu ministério.

c) Sugere-se a valorização de diversos aspetos a ter em conta na formação: na área da psicologia e do trabalho em equipa, com “estágios” em comunidades mais desfavorecidas e periféricas (prisões, comunidades em que se cuide de doentes); com “estágios” em comunidades diversificadas (meio rural/citadino, interior/litoral, comunidades de migrantes, comunidades com minorias étnicas, comunidades nas quais a presença do presbítero não é tão frequente e outras realidades distantes do seminário).

d) Aponta-se, ainda, o acompanhamento do amadurecimento afetivo e sexual na formação dos ministros ordenados, inserindo-os em contextos reais de comunidade, e a inclusão de experiências missionárias ad gentes para sacerdotes recém ordenados, visando enriquecer a sua formação. De qualquer modo, urge melhorar as formas de acompanhamento dos jovens presbíteros.

3.3. Comunicação e meios digitais

a) A comunicação dentro da Igreja e para fora deve ser simplificada, mais clara, transparente e articulada, aperfeiçoando-se nos meios de que deve dispor. Nesse sentido, é cada vez mais importante desenvolver também os meios digitais de comunicação, com uma formação adequada para a sua utilização na vida das comunidades cristãs, pois o mundo digital, apesar das suas ambiguidades e riscos, constitui um espaço a valorizar na missão da Igreja.

b) Revela-se necessário, também, apurar e mobilizar os canais e as estruturas eclesiais intermédias de comunicação e comunhão (paróquia, arciprestado, etc.). Uma Igreja mais relacional – entre pessoas, movimentos, grupos aos mais diversos níveis – tem de promover os laços de encontro e comunicação entre paróquias, bem como entre movimentos e grupos dentro da própria paróquia. Nesse contexto relacional pode concretizar-se um proveitoso diálogo sobre critérios e opções pastorais.

c) É vital que os presbíteros cultivem relações marcadas pela amizade e proximidade com os fiéis, reforçando a comunicação como uma via de duas mãos que transcende as formalidades institucionais e promove um verdadeiro sentido comunitário.

4. RENOVAÇÃO E ATUALIZAÇÃO

Mantendo uma fidelidade à Tradição eclesial, reconhece-se a necessidade de uma renovação contínua da Igreja para atender às necessidades reais das pessoas e responder aos desafios contemporâneos.

4.1. Auscultação inclusiva

a) Importa saber auscultar as vozes dos que, de alguma forma, se sentem excluídos – tais como as famílias reconstruídas, as pessoas separadas, as pessoas com atração pelo mesmo sexo – com o objetivo de integrar na vida da Igreja o seu contributo.

b) É necessário encetar caminhos rumo à unidade junto das comunidades cristãs separadas da comunhão católica, bem como junto de membros de outras religiões, pois somos chamados à fraternidade da humanidade com todos.

4.2. Família no centro da vida eclesial

a) A família em si própria assume o centro na iniciação à fé, no desenvolvimento da pertença eclesial e da formação cristã, pelo que no núcleo destas consciência e responsabilidade missionárias precisa de estar a família. A renovação dos percursos de preparação para o matrimónio é essencial para os desafios que hoje se colocam às famílias, assim como o acompanhamento de jovens casais.

b) Propõe-se a criação de itinerários sérios para a iniciação à Fé e a receção dos Sacramentos, procurando que através dos momentos de preparação para o batismo e matrimónio se chame a atenção para o compromisso com a Igreja. Importa, ainda, criar uma maior interação entre o serviço de catequese e toda a comunidade, bem como implementar uma catequese mistagógica. A pastoral da iniciação cristã precisa de ser repensada quanto a métodos, itinerários, idades e condições para a receção dos sacramentos. O ministério instituído de catequista tem de ser concretizado de forma pastoralmente criativa e relevante em termos de renovação eclesial.

c) Sugere-se, também, que se molde e adeque a ação da Igreja ao quotidiano dos fiéis, de modo que a religião seja considerada como algo acessível, abordável e alcançável e não como algo longínquo, intocável e até mesmo retrógrado.

d) Poderia ser acrescentado o fortalecimento das estruturas familiares por meio de grupos de apoio e redes de partilha, onde as experiências e desafios da vida em família possam ser discutidos abertamente. Estes grupos, atuando como pequenas comunidades dentro da comunidade eclesial maior, ajudariam a promover a solidariedade, o acompanhamento mútuo e o crescimento espiritual, enfatizando a importância da vivência comunitária na fé e no apoio recíproco entre as famílias. Este aspeto contribuiria para uma maior integração e fortalecimento do papel da família no tecido da vida eclesial, fomentando uma experiência de Igreja como família de famílias.

4.3. Comunidade e trabalho em rede

a) Caminhar juntos em Igreja implica um olhar para o estilo de vida das nossas comunidades cristãs e encontrar estratégias para romper com as circunstâncias que dificultam o sentido e a prática comunitários. As assembleias paroquiais, arciprestais ou diocesanas devem privilegiar um clima de realização sinodal (mesas redondas, exercitando a escuta orante e partilhando tempos de silêncio e oração).

b) Sugere-se a reorganização do território pastoral, o que em muitas situações já está a acontecer e é um processo irreversível. Propõe-se a criação de conselhos inter-paroquiais ou mesmo vicariais, como forma de promover a comunhão e a otimização de recursos, que podem contribuir significativamente para a redução da sobrecarga dos párocos. Esses conselhos devem ser estruturados para fomentar um trabalho em rede eficiente, possibilitando a formação de equipas e conselhos pastorais e económicos que sejam acolhedores e criativos. As assembleias de escuta e discernimento, bem como a definição de objetivos e estratégias pastorais conjuntas, devem ser encorajadas, assegurando uma maior partilha de recursos e um fortalecimento do trabalho em equipa.

c) A vivência efetiva da sinodalidade passa também pela solidariedade e partilha de recursos entre dioceses e comunidades.

5. DESAFIOS ESPECÍFICOS

Neste processo de auscultação em ordem à preparação da segunda Assembleia do Sínodo sobre sinodalidade, em que se procura responder à questão de como ser Igreja sinodal em missão, há questões designadas de fraturantes que continuam a ser um desafio colocado por muitos féis portugueses.

5.1. Questões doutrinais/pastorais a aprofundar

a) É importante continuar a fazer um discernimento sobre algumas questões doutrinais/pastorais que ainda causam dúvida, controvérsia ou desacordo na vida da Igreja. Embora sejam questões de peso doutrinal/pastoral muito diverso, é necessário, por exemplo, fazer esse discernimento à luz da Palavra de Deus e através de um diálogo fraterno na escuta do Espírito Santo, sobre a moral sexual, o celibato dos padres, o envolvimento de ex-padres casados, a possibilidade de ordenação de mulheres.

b) A resistência a mudanças pede um aprofundamento das suas causas mais profundas em termos sociológicos, psicológicos e teológicos. É preciso, por isso, continuar a refletir sobre os fatores que motivam a indiferença de muitos, as resistências às mudanças e os caminhos para as ir ultrapassando.

5.2. Clericalismo

a) A Igreja continua muito centrada no clero e em alguns leigos “clericalizados”. Isso tem várias consequências, desde a indiferença e apatia de muitos ao pouco empenhamento de outros na vida da Igreja e na sua própria formação. O clericalismo, que, entre outros aspetos, se manifesta numa conceção de privilégio pessoal, num estilo de poder mundano e na recusa a prestar contas, é um obstáculo sério ao exercício de um ministério ordenado autêntico.

b) O clericalismo atinge também os leigos com responsabilidades na vida da Igreja local e das comunidades. Combater a clericalização do laicado passa muito pela rotatividade nas lideranças e pelo desenvolvimento de metodologias de participação comunitária.

5.3. Secularização

a) A secularização que persiste e até parece aumentar em certas facetas é atravessada, por outro lado, por manifestações várias de religiosidade difusa, aparentemente de novo cada vez mais amplas. Neste contexto situa-se também a religiosidade popular que, degenerando por vezes em folclore, constitui uma realidade desafiante para a evangelização. Há que ler a religiosidade popular também de forma sinodal, na escuta, no acompanhamento, na ajuda a um crescimento na maturidade da fé.

5.4. Novos horizontes de evangelização

a) Sugere-se a possibilidade de a formação poder ser mais alargada para além da realidade espacial de uma diocese. A troca de experiências teológicas e pastorais entre realidades vizinhas pode abrir espaço a uma comunhão facilitadora de novas experiências sociais que podem abrir horizontes à evangelização.

b) É identificada a necessidade de promover algumas ferramentas de networking entre as diferentes Igrejas locais, nacionais e internacionais, para que, num mundo globalizado, a comunicação entre clérigos e entre associações de fiéis seja facilitada e resulte em mais-valias para todos.

CONCLUSÃO

A sinodalidade, como compromisso de caminhar juntos sob a orientação do Espírito Santo, desafia a Igreja a renovar-se constantemente em fidelidade à sua vocação. Esta renovação é um chamamento à participação e colaboração de “todos, todos, todos” reconhecendo a diversidade de dons e a unidade fundamental na missão de evangelizar, num esforço de partilhar e testemunhar o Evangelho de Cristo ao mundo.

Por outro lado, também a escuta do “sentido da fé” dos crentes e a auscultação de outras pessoas fora do enquadramento eclesial tornou-se um processo irreversível numa Igreja que, na receção do Concílio Vaticano II, procura estar aberta à conversão e à reforma, na fidelidade ao Evangelho e à grande Tradição.

No processo sinodal de caminhar juntos, em missão, a alegria que nasce do encontro com Deus e da presença do Espírito Santo deve ser a marca do nosso testemunho cristão, anunciando de modo claro, atrativo e percetível Cristo Vivo como essência do que somos.

 

Lisboa, 2 de maio 2024

02 Fev 2024

Podcast Ser Igreja/2 de fevereiro’24: Conversa com Octávio Carmo sobre o Sínodo 2021-2024 (com vídeo)

No dia 2 de Fevereiro de 2024 celebrou-se em Évora o Dia do Consagrado e a Festa da Padroeira do Seminário Maior, Nossa Senhora da Purificação. Além de um momento de oração e da celebração da Eucaristia, a celebração das efemérides contou com uma conferência proferida pelo jornalista Octávio Carmo, intitulada: “Sínodo 2021-2024, o desafio da Igreja como comunidade despojada”.

Em entrevista ao Ser Igreja Évora, o jornalista vaticanista fez uma síntese das ideias que partilhou com o clero, os consagrados, os seminaristas e os leigos da Arquidiocese de Évora.

04 Out 2023

Vaticano: Papa rejeita «estratégias humanas, cálculos políticos ou batalhas ideológicas» no Sínodo

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 04 out 2023 (Ecclesia) – O Papa inaugurou hoje, no Vaticano, a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, pedindo aos participantes que rejeitem as “batalhas ideológicas” ou a ideia de um parlamento.

“Estamos na abertura da Assembleia Sinodal. E não nos ajuda um olhar imanente, feito de estratégias humanas, cálculos políticos ou batalhas ideológicas: se o Sínodo vai dar esta autorização, aquela outra, se vai abrir esta porta ou outra… isso não é útil”, referiu, na Missa a que presidiu na Praça de São Pedro.

A celebração contou com a participação de centenas de cardeais e bispos de todo o mundo, incluindo os novos cardeais, criados no consistório do último sábado, entre eles D. Américo Aguiar, bispo eleito de Setúbal.

“Não estamos aqui para realizar uma reunião parlamentar nem um plano de reformas. O Sínodo, irmãos e irmãs, não é um Parlamento. O protagonista é o Espírito Santo. Não estamos para um Parlamento, estamos aqui para caminhar juntos com o olhar de Jesus, que bendiz o Pai e acolhe a quantos estão cansados e oprimidos”, apontou Francisco.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada no Sínodo pelo seu presidente e vice-presidente, D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, respetivamente.

A homilia alertou para “tentações perigosas” que podem marcar este encontro mundial, como o de ser uma Igreja “rígida”, uma Igreja tépida,” que se rende às modas do mundo” ou uma Igreja “cansada, fechada em si mesma”.

“Este é o dever primário do Sínodo: centrar de novo o nosso olhar em Deus, para sermos uma Igreja que olha, com misericórdia, para a humanidade”, prosseguiu.

Se o Povo santo de Deus com os seus pastores, de todas as partes do mundo, nutre anseios, esperanças e até qualquer receio sobre o Sínodo que iniciamos, recordemos mais uma vez que não se trata duma reunião política, não é um Parlamento, é uma convocação no Espírito; não se trata dum parlamento polarizado, mas dum lugar de graça e comunhão”.

Foto: Ricardo Perna

A homilia partiu de um “momento difícil” da missão de Jesus, marcado pelas dúvidas e a rejeição do seu ensinamento, sublinhando que Cristo mostrou “um olhar capaz de ver mais além”.

“Sejamos uma Igreja que, de ânimo feliz, contempla a ação de Deus e discerne o presente; uma Igreja que, no meio das ondas por vezes agitadas do nosso tempo, não desanima, não procura escapatórias ideológicas, não se barrica atrás de convicções adquiridas, não cede a soluções fáceis, nem deixa que seja o mundo a ditar a sua agenda”, apelou o pontífice.

Francisco advertiu contra as divisões e os conflitos, desejando que o Sínodo mostre uma Igreja “unida e fraterna, que escuta e dialoga”, uma Igreja “hospitaleira” e que “arrisca”, com um “olhar acolhedor para com os mais frágeis, os atribulados, os descartados”.

“Uma Igreja que tem Deus no centro e, consequentemente, não se divide internamente e nunca é dura externamente”, acrescentou, repetindo o apelo a ter as “portas abertas a todos, todos, todos”, que deixou em Lisboa, durante a JMJ 2023.

A Missa foi celebrada no dia da festa litúrgica de São Francisco de Assis, “o santo da pobreza e da paz”, que se despojou de tudo.

“É difícil, este despojamento interior e também exterior de todos nós, também da instituição”, apontou o Papa.

O cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, celebrou no altar, como tem acontecido em várias celebrações dos últimos meses, devido às limitações físicas do atual pontífice.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O encontro tem 365 votantes, entre eles 54 mulheres, a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

Outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, à imagem do que acontecia no passado, ou “facilitadores”, ou seja, “pessoas especializadas cuja missão é facilitar os trabalhos nas diferentes fases”, sem direito a voto.

Parceria Consistório e Sínodo/OC