Santuário de Nª. Sª. DO CASTELO, Coruche

Santuário de Nª. Sª. DO CASTELO (Coruche)

Peregrinação/celebração festiva: 15 de Agosto, precedida de uma Novena: 6-15 de Agosto.

Horário de abertura: todos os dias, excepto à 2ª feira, às 9h às 12 e das 14 às 16,30 horas

Celebrações: Sábados, 18.00h., horário de verão

e 17.30h. horário de inverno.

Recitação do terço meia hora antes da Eucaristia

Contactos

Email : – insccoruche@gmail.com

Telemóvel – 968 305 771

Facebook: – Irmandade Nossa Senhora Castelo.

O Historial do Santuário de Nossa Senhora do Castelo de Coruche

A origem do culto

A origem de tão fervoroso culto deverá estar relacionada com a carta-ordem de D. Jorge de Lencastre , Mestre da Ordem de Santiago e de Avis, datada de 13 de Junho de 1516, em que se mandava fazer uma solene procissão em honra de Nossa Senhora , no dia 2 do mês de Julho, dia da visitação a sua prima Santa Isabel.

Mais tarde, e porque a Igreja Católica assinalava maior festividade no dia da Assunção de Nossa Senhora, 15 de Agosto, a procissão foi transferida para esta data.

D. Jorge de Lencastre cumpria ordens de D. Manuel I, para quem era necessário que todos os cristãos soubessem agradecer, com o devido louvor, as graças concedidas por intermédio de Nossa Senhora e, por isso, todos os anos, como se fazia no dia de Corpo de Deus, era uma obrigação organizar-se uma procissão com a maior pompa possível.

Em meados do século XVIII, durante a festa em honra de Nossa Senhora do Castelo, passou também a realizar-se uma feira anual.

Em resposta ao inquérito solicitado pelo Marquês de Pombal a todo o reino, na sequência do terramoto de 1755, o Pároco Luís António Leite Pitta escreveu em 1758 que a sagrada imagem era da devoção não só dos coruchenses mas de todas as terras circunvizinhas, “dando saúde a muitos e vida a outros que já nos paroxismos da morte estavam de todo desamparados, e com a mortalha para irem a sepultura que oferecendo-se a mortalha a esta Milagrosa Imagem os tem livrado do último trânsito” .

E noutro passo acrescenta:

“É singular protectora desta vila, nem houve ainda ocasião em que recorressem os moradores ao seu Patrocínio que lhe não valesse, ou em ocasião de seca, demasiadas inundações, ou qualquer outra aflição comum, e bem experimentado foi o seu Patrocínio no horroroso Terramoto de 1755 para onde se refugiaram quase todos os habitantes

desta vila, sem que nenhum nas suas moradas de casas padecessem ruína que a um leve custo se não reparasse.”

A ermida actual

A ermida actual, a torre e as construções anexas são o resultado de vários melhoramentos e ampliações, em que o espaço de culto foi sendo alargado para receber o crescente número de devotos. Através das inscrições existentes no portal principal e no chão desta entrada, sabemos que as duas grandes remodelações foram concluídas, respectivamente em 1727 e em 1856.

Relativamente a esta última data, no chão empedrado, pode ler-se a seguinte inscrição, em ardósia:

“Concluída em XXI. de Julho de M. DCCC. LVI. com os generosos donativo(s) dos habitantes desta vila.

Directores J. A. B. e F. M. C. O.”

É uma igreja de uma só nave, com o altar de talha dourada, em que a imagem da Padroeira da Vila de Coruche tem o menino Jesus de pé, à sua direita. Segundo a tradição, a primitiva imagem da Virgem Mãe de Deus tinha o seu Filho nos braços, representação que é habitual na iconografia mariana. Consta que, por ser tão milagreiro, o Menino passou a figurar ao lado de sua Mãe.

A zona do altar-mor apresenta uma cobertura em abóbada com uma pintura representada a “Assunção e Coroação de Nossa Senhora” . Sobre o púlpito, podemos observar a pomba, símbolo do Espírito Santo, estando colocado á esquerda do observador um quadro a óleo que tradicionalmente é identificado como sendo o retrato de D. Afonso Henriques. Este nosso primeiro rei foi consagrado pelo imaginário popular como o verdadeiro ”fundador” de Coruche, como o testemunham várias lendas que chegaram aos nossos dias.

A sacristia encerra um conjunto impressionante de fotografias de jovens do concelho, mobilizados nos anos 60 e até meio da década de 70 para a guerra que então se chamou do Ultramar. Elas constituem outro grande testemunho da grande devoção do povo de Coruche à sua Padroeira, a quem confiava a sorte dos seus filhos.

No espaço contíguo à sacristia, existe um pequeno museu de arte sacra onde se podem apreciar paramentos, alfaias de culto e ex-votos, pequenos quadros pintados em acção de graças que, regra geral, começavam pela expressão: “Milagre que fez Nossa Senhora do Castelo… “

Sendo ao longo dos séculos este lugar de culto o referencial de sagrado para o povo de Coruche, não admira que a 8 de Dezembro de 1996 tenha sido criada a paróquia de Nossa senhora do Castelo, por decreto do Arcebispo de Évora, D. David de Sousa.

A Irmandade de Nossa Senhora do Castelo

É a uma confraria religiosa, a Irmandade de Nossa Senhora do Castelo, que compete a administração e a conservação do espaço do santuário, onde se localiza a sua rede.

Foi a 10 de Março de 1657 que esta instituição viu ser confirmado o seu primeiro compromisso ou estatuto, reformulado vinte anos depois. Um novo compromisso foi aprovado por Provisão do Tribunal da Mesa da Consciência e Ordem, a 11 de Fevereiro de 1779.

A necessidade progressiva de reformar os estatutos conduziu à aprovação canónica de novos compromissos, designadamente, a 2 de Outubro de 1882, a 30 de Novembro de 1914, a 26 de Julho de 1938 e, mais recentemente, a 26 de Novembro de 1986.

Dos seus Estatutos destacam-se os seguintes objectivos:

1.º – Promover o culto e a devoção a Nossa Senhora, nomeadamente, por ocasião da Novena e Festas em honra de Nossa Senhora do Castelo;

2.º – Socorrer os Irmãos necessitados, quando as posses desta Irmandade o permitam;

3.º – Sufragar as almas dos Irmãos falecidos;

4.º – Contribuir para a acção sócio-caritativa da Igreja, quando as autoridades eclesiásticas julgarem necessário e os recursos da Irmandade o possibilitem.

O castelo de Coruche

Segundo as fontes históricas conhecidas, o castelo de Coruche foi tomado aos mouros em 1166, por D. Afonso Henriques, e reparado no ano seguinte, pois tratava-se de um ponto de vigia estratégico para controlar os movimentos hostis numa vasta região da margem esquerda do Tejo. A sua posse pelos cristãos constituía uma guarda avançada para a defesa de Santarém.

Em 1176, o primeiro rei de Portugal doou a castelo de Coruche à Milícia da Ordem de S. Bento de Évora, mais tarde de Avis, que se destacara na defesa daquela vetusta cidade transtagana.

Esta concessão teve por finalidade a salvaguarda das suas muralhas e dos seus residentes, numa época muito instável do ponto de vista militar.

Mas a ofensiva almóada de 1180 fez com que o castelo caísse de novo sob o domínio dos mouros, que destruíram a fortaleza e levaram presos os seus moradores. Coruche era novamente reintegrada na província muçulmana de Alcácer.

Dois anos volvidos, D. Afonso Henriques reconquistou o local, terá restaurado o castelo, repovoou-o e, a 26 de Maio desse ano, concedeu foral aos seus habitantes. Este foral foi confirmado por D. Sancho I, em 1189, e por D. Afonso II, em 1218, o que abona a favor da ideia de que o castelo não foi abandonado no início do século XIII, pois ainda não estavam terminadas as contendas com os sarracenos. Coruche seria a encruzilhada dos caminhos para Sevilha, Alcácer, Évora, Santarém e Badajoz.

Com a reconquista definitiva do Sul, o castelo perdeu a importância militar e a povoação estendeu-se pela meia encosta até à ribeira.

Nos primeiros anos do século XX, ainda era visível um muro disposto de forma quadrangular, com duas guaritas em cada um dos flancos da sua dianteira, estrutura que ficou bastante danificada com o tremor de terra de 23 de Abril de 1909, que arrasou Benavente. As ruínas foram substituídas em 1915 pelo actual miradouro.

Do antigo castelo medieval, que seria de tijolo e não de pedra, já não restam vestígios facilmente observáveis. Sabemos que seria de tijolo pelo que resta dos seus alicerces, bem como dos muros de suporte de terras actualmente encobertos pela vegetação.

Hoje, no seu lugar, situa-se a ermida de Nossa Senhora do Castelo, um dos santuários marianos aonde acorrem mais fiéis a Sul do Tejo