Categoria: Papa Francisco

29 Mai 2025

1 de junho: Dia Mundial das Comunicações Sociais (com mensagem do Papa Francisco)

‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’ é a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025, que foi divulgada na festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, que a Igreja Católica comemora a 24 de janeiro.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes, este ano no dia 1 de junho.


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO
PARA O LIX DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações (cf. 1 Pd 3,15-16)

Queridos irmãos e irmãs!

Neste nosso tempo marcado pela desinformação e pela polarização, no qual alguns centros de poder controlam uma grande massa de dados e de informações sem precedentes, dirijo-me a vós consciente do quanto, hoje mais do que nunca, é necessário o vosso trabalho de jornalistas e comunicadores. Precisamos do vosso compromisso corajoso em colocar no centro da comunicação a responsabilidade pessoal e coletiva para com o próximo.

Ao pensar no Jubileu que estamos a celebrar como um período de graça em tempos tão conturbados, com esta Mensagem gostaria de vos convidar a ser comunicadores de esperança, começando pela renovação do vosso trabalho e missão segundo o espírito do Evangelho.

Desarmar a comunicação

Hoje em dia, com demasiada frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio. Muitas vezes, simplifica a realidade para suscitar reações instintivas; usa a palavra como uma espada; recorre mesmo a informações falsas ou habilmente distorcidas para enviar mensagens destinadas a exaltar os ânimos, a provocar e a ferir. Já várias vezes insisti na necessidade de “desarmar” a comunicação, de a purificar da agressividade. Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans. Desde os talk shows televisivos até às guerras verbais nas redes sociais, todos constatamos o risco de prevalecer o paradigma da competição, da contraposição, da vontade de dominar e possuir, da manipulação da opinião pública.

Há ainda um outro fenómeno preocupante: poderíamos designá-lo como a “dispersão programada da atenção” através de sistemas digitais que, ao traçarem o nosso perfil de acordo com as lógicas do mercado, alteram a nossa perceção da realidade. Acontece portanto que assistimos, muitas vezes impotentes, a uma espécie de atomização dos interesses, o que acaba por minar os fundamentos do nosso ser comunidade, a capacidade de trabalhar em conjunto por um bem comum, de nos ouvirmos uns aos outros, de compreendermos as razões do outro. Parece que, para a afirmação de si próprio, seja indispensável identificar um “inimigo” a quem atacar verbalmente. E quando o outro se torna um “inimigo”, quando o seu rosto e a sua dignidade são obscurecidos de modo a escarnecê-lo e ridicularizá-lo, perde-se igualmente a possibilidade de gerar esperança. Como nos ensinou D. Tonino Bello, todos os conflitos «encontram a sua raiz no desvanecer dos rostos» [1]. Não podemos render-nos a esta lógica.

Na verdade, ter esperança não é de todo fácil. Georges Bernanos dizia que «só têm esperança aqueles que ousaram desesperar das ilusões e mentiras nas quais encontravam segurança e que falsamente confundiam com esperança. […] A esperança é um risco que é preciso correr. É o risco dos riscos» [2]. A esperança é uma virtude escondida, pertinaz e paciente. No entanto, para os cristãos, a esperança não é uma escolha, mas uma condição imprescindível. Como recordava Bento XVI na Encíclica Spe salvi, a esperança não é um otimismo passivo, antes pelo contrário, é uma virtude “performativa”, capaz de mudar a vida: «Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova» (n. 2).

Dar com mansidão a razão da nossa esperança

Na Primeira Carta de São Pedro (cf. 3, 15-16), encontramos uma síntese admirável na qual se relacionam a esperança com o testemunho e a comunicação cristã: «no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito». Gostaria de me deter em três mensagens que podemos extrair destas palavras.

«No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor». A esperança dos cristãos tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado. A sua promessa de estar sempre connosco através do dom do Espírito Santo permite-nos esperar contra toda a esperança e ver, mesmo quando tudo parece perdido, as escondidas migalhas de bem.

A segunda mensagem pede-nos para estarmos dispostos a dar razão da nossa esperança. É interessante notar que o Apóstolo convida a dar conta da esperança «a todo aquele que vo-la peça». Os cristãos não são, antes de mais, aqueles que “falam” de Deus, mas aqueles que fazem ressoar a beleza do seu amor, uma maneira nova de viver cada pequena coisa. É o amor vivido que suscita a pergunta e exige uma resposta: porque é que viveis assim? Porque é que sois assim?

Por fim, na expressão de São Pedro encontramos uma terceira mensagem: a resposta a este pedido deve ser dada “com mansidão e respeito”. A comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem, na peugada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré, que ao longo do caminho dialogava com os dois discípulos de Emaús, fazendo-lhes arder os corações através do modo como interpretava os acontecimentos à luz das Escrituras.

Por isso, sonho com uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem de tantos irmãos e irmãs nossos para, em tempos tão conturbados, reacender neles a esperança. Uma comunicação que seja capaz de falar ao coração, de suscitar não reações impetuosas de fechamento e raiva, mas atitudes de abertura e amizade; capaz de apostar na beleza e na esperança mesmo nas situações aparentemente mais desesperadas; de gerar empenho, empatia, interesse pelos outros. Uma comunicação que nos ajude a «reconhecer a dignidade de cada ser humano e a cuidar juntos da nossa casa comum» (Carta enc. Dilexit nos, 217).

Sonho com uma comunicação que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança. Martin Luther King disse: «Se eu puder ajudar alguém enquanto caminho, se eu puder alegrar alguém com uma palavra ou uma canção… então a minha vida não terá sido vivida em vão» [3]. Para isso, precisamos de nos curar da “doença” do protagonismo e da autorreferencialidade, evitar o risco de falarmos de nós mesmos: o bom comunicador faz com que quem ouve, lê ou vê se torne participante, esteja próximo, possa encontrar o melhor de si e entrar com estas atitudes nas histórias contadas. Comunicar deste modo ajuda a tornarmo-nos “peregrinos de esperança”, como diz o lema do Jubileu.

Esperar juntos

A esperança é sempre um projeto comunitário. Pensemos, por um momento, na grandeza da mensagem deste ano de graça: estamos todos – realmente todos! – convidados a recomeçar, a deixar que Deus nos reerga, nos abrace e inunde de misericórdia. E entrelaçadas com tudo isto estão a dimensão pessoal e a dimensão comunitária. É em conjunto que nos pomos a caminho, peregrinamos com tantos irmãos e irmãs, e, juntos, atravessamos a Porta Santa.

O Jubileu tem muitas implicações sociais. Pensemos, por exemplo, na mensagem de misericórdia e esperança para quem vive nas prisões, ou no apelo à proximidade e à ternura para com os que sofrem e estão à margem. O Jubileu recorda-nos que todos os que se tornam construtores da paz «serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). E, deste modo, abre-nos à esperança, aponta-nos a necessidade de uma comunicação atenta, amável, refletida, capaz de indicar caminhos de diálogo. Encorajo-vos, portanto, a descobrir e a contar tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias; a imitar aqueles exploradores de ouro que, incansavelmente, peneiram a areia em busca duma pequeníssima pepita. É importante encontrar estas sementes de esperança e dá-las a conhecer. Ajuda o mundo a ser um pouco menos surdo ao grito dos últimos, um pouco menos indiferente, um pouco menos fechado. Que saibais sempre encontrar as centelhas de bem que nos permitem ter esperança. Este tipo de comunicação pode ajudar a tecer a comunhão, a fazer-nos sentir menos sós, a redescobrir a importância de caminhar juntos.

Não esqueçais o coração

Queridos irmãos e irmãs, perante as vertiginosas conquistas da técnica, convido-vos a cuidar do coração, ou seja, da vossa vida interior. O que é que isto significa? Deixo-vos algumas pistas.

Sede mansos e nunca esqueçais o rosto do outro; falai ao coração das mulheres e dos homens ao serviço de quem desempenhais o vosso trabalho.

Não permitais que as reações instintivas guiem a vossa comunicação. Semeai sempre esperança, mesmo quando é difícil, quando custa, quando parece não dar frutos.

Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade.

Dai espaço à confiança do coração que, como uma flor frágil mas resistente, não sucumbe no meio das intempéries da vida, mas brota e cresce nos lugares mais inesperados: na esperança das mães que rezam todos os dias para rever os seus filhos regressar das trincheiras de um conflito; na esperança dos pais que emigram, entre inúmeros riscos e peripécias, à procura de um futuro melhor; na esperança das crianças que, mesmo no meio dos escombros das guerras e nas ruas pobres das favelas, conseguem brincar, sorrir e acreditar na vida.

Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo.

Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro.

Tudo isto podeis e podemos fazê-lo com a graça de Deus, que o Jubileu nos ajuda a receber em abundância. Por isto, rezo por cada um de vós e pelo vosso trabalho, e vos abençoo.

Roma, São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2025.

Francisco

02 Mai 2025

Jubileu Diocesano das Vocações: Recordando o Papa Francisco (texto do P. Gustavo Cuneo)

Celebrando o Jubileu Diocesano das Vocações, desejo agradecer a Deus Pai por nos ter dado o Papa Francisco. Numa perspectiva vocacional, gostaria de ler os ensinamentos deste homem que, dócil ao Espírito Santo, nos convidou com o seu testemunho e dedicação a viver com os sentimentos e o coração do Filho.

O Papa Francisco foi um homem de grande intimidade com o Senhor e com Maria. Estava sempre disposto a ir “a casa de Isabel”, às muitas “Isabeis” que precisam de nós; foi esta a vida do Papa Francisco. Francisco é um desses homens que ousou cavalgar o Evangelho sem sela, sem arreios, sem selas pesadas, sem amaciadores, e por isso mesmo ele desmascara os nossos pretextos, desmascara a nossa mediocridade.

O pontificado de Francisco foi um pontificado de gestos. Com as suas palavras e, sobretudo, com as suas ações, Francisco fez-nos compreender com ênfase que um outro mundo é possível: que o sistema económico baseado na idolatria do dinheiro é injusto, porque enriquece poucos e transforma a grande maioria em massa excedente. A atitude dos países ricos em relação aos migrantes, muitos dos quais morrem a tentar chegar às costas europeias, é vergonhosa. Vivemos numa bolha consumista, muitas vezes com os corações insensíveis ao sofrimento humano.

Pensando nos sacerdotes, nos homens da Igreja, disse-nos que: “o ambiente cortesão é a lepra da Igreja”. Que os pastores devem cheirar a ovelhas e não se devem tornar clérigos de escritório ou colecionadores de antiguidades, nem cair no carreirismo. Que a confissão, o sacramento da confissão, não pode ser um suplício, mas um lugar de misericórdia. Que o autoritarismo no governo da Igreja deve ser evitado. Que não devemos teorizar a partir do laboratório, mas sim compreender e vivenciar a realidade das pessoas. Francisco convidou-nos a respeitar a diversidade e a recordar que a Igreja não é uma ONG piedosa, mas a casa de Deus, que se deve despojar de toda a mundanidade para a todos acolher. Que as guerras são miseráveis ​​e a morte de crianças e de pessoas inocentes nelas é miserável. Que as confissões religiosas do mundo se devem unir para resolver o problema da fome e da falta de educação.

Crentes e não crentes registaram os gestos do Papa Francisco: beijar uma criança deficiente, lavar os pés a uma jovem muçulmana na Quinta-feira Santa e estar em Lampedusa, a ilha que foi palco da primeira viagem apostólica, onde chegaram nos seus pequenos barcos aqueles que vinham do Norte e de África. Usar os seus sapatos velhos, aqueles de antes de ser Papa, os seus sapatos de sempre. Não viver nos palácios apostólicos. Viajar por Roma num carro pequeno e simples. Conceder entrevistas a jornalistas não crentes. Enterrar um sem-abrigo que morreu na colunata de São Pedro, no cemitério do Vaticano. Telefonar para o pároco em Gaza, que também é argentino e toma conta de uma multidão de refugiados, todos os dias às 19h00n durante meses. E há apenas alguns dias, enviou quatro ambulâncias de última geração para a Ucrânia, sendo que poderia continuar com uma longa lista de gestos.

Francisco não inaugurou estes gestos com o seu pontificado; herdou-os de Jorge Mario Bergoglio, e eu sou testemunha que a sua pobreza pessoal não é oportunista nem motivada pelos media. Todos sabemos que foi sempre austero e consistente na sua escolha sincera de uma vida de pobreza, com uma simplicidade evangélica que muitas vezes contrariava as práticas e os costumes do Vaticano. Simples não só no vestir e na linguagem, longe dos discursos abstratos, mas também nos costumes, rejeitando as expressões palacianas, rejeitando ritos e formalidades que não refletem a simplicidade do Evangelho de Jesus.

Francisco abraçou os velhod (dito com carinho), beijou os pobres, visitou todos, atendeu e chamou as pessoas mais simples, e mostrou uma Igreja despojada e em caminho. Cansou-se de pedir aos sacerdotes que estivessem disponíveis para o povo, que se mantivessem abertos à escuta e ao diálogo, que não fossem juízes implacáveis, que fossem às periferias, que cuidassem dos descartados da sociedade. Gritou aos jovens para voarem alto e sonharem em grande, para não negligenciarem a vida, mas sim para se intrometerem nela como Jesus, que façam confusão, e não tenham medo de questionar. Jesus não ficou à janela a olhar para fora, mas entrou na nossa história. Não tinha medo dos nossos problemas. Vocês valem muito, disse Francisco, nunca se esqueçam disto, jovens, não se vendam, não se aluguem, sois únicos e sois necessários, sois a hora de Deus, sois a Igreja, a Igreja precisa de vós, convosco há esperança, sede jovens com asas e com raízes.

Francisco alertou-nos contra a auto-referencialidade, contra o sermos uma Igreja que olha apenas para o seu próprio umbigo. Disse-nos: saiam das cavernas, saiam das sacristias, saiam das salas VIP. Prefiro uma Igreja ferida por sair do que doente por cuidar de si própria. Francisco foi ousado e nunca recuou, por mais tentativas que fossem feitas para o derrubar com calúnias e ataques. Aos governantes, lembrou que a sua missão é cuidar da fragilidade do povo e não usar o poder para ganho pessoal, mas sim cuidar do povo, apoiar e promover os mais fracos. Cuidar é uma palavra que definiu o Papa Francisco e que se encontra personificada sobretudo na figura de São José, por quem tinha uma especial devoção. Francisco repetia-nos sem parar: deixa-te “misericordear” (perdoar), um dos felizes neologismos com que convidava as pessoas cheias de culpa e de escrúpulos a deixarem-se perdoar, a deixarem-se envolver pela ternura de Deus.

Os mais frágeis encontraram sempre nele um pai, possuidor de uma magnanimidade com a fragilidade humana que marcaria o seu papado. Os pobres, os frágeis, são aqueles que melhor compreenderam, aqueles que mais gostaram da nomeação de Francisco e aqueles que hoje certamente mais o lamentam. Cabe-nos a nós, fiéis ao seu legado, criar um mundo mais justo e fraterno, uma igreja mais simples e comunitária, uma igreja mais nazarena, que cheire a Jesus e ao Evangelho.

No seu testamento, deixou claro o seu desejo, o que deseja que o Senhor lhe conceda: “Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me amaram e continuarão a rezar por mim. Ofereci ao Senhor o sofrimento que esteve presente na última parte da minha vida; ofereci-o pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.” Que a Virgem, que é mãe, a quem ele sempre recorria, e em Santa Maria Maior, cada vez que ele ia de viagem e cada vez que regressava de viagem, passasse por ali e com amor de filho levasse as suas flores, nos ajudasse a viver a Boa Nova do Evangelho com alegria e simplicidade, tal como o nosso amado Papa Francisco a viveu e nos incentivou a vivê-la.

Autor: P. Gustavo Cuneo, Reitor do Seminário Maior de Évora, natural da Argentina.

 

Partilhamos o texto original, escrito em espanhol:

Celebrando el Jubileo Diocesano de las vocaciones deseo agradecerle a Dios Padre por habernos regalado al Papa Francisco y desde una perspectiva vocacional quiero leer el las enseñanzas de este hombre que dócil al Espíritu Santo y nos invitó con su testimonio y entrega a vivir con los sentimientos y el corazón del Hijo.

El Papa Francisco fue un hombre de una gran intimidad con el Señor, y con María. Estuvo siempre dispuesto a ir “a casa de Isabel”, de tantas Isabeles que nos necesitan, esa fue la vida del Papa Francisco. Francisco es uno de aquellos hombres que se animó a montar el Evangelio en pelo, sin aperos, sin grandes monturas, sin suavizantes y por eso mismo deja al descubierto nuestros pretextos, deja al descubierto nuestras mediocridades.

El pontificado de Francisco fue un pontificado gestual. Francisco con sus palabras y sobre todo con su gestos, nos hizo saber rotundamente que otro mundo es posible: Que el sistema económico basado en la idolatría del dinero es injusto, pues enriquece unos poco y convierte una gran mayoría en masa sobrantes. Que la actitud de los países ricos ante los migrantes, muchos de los cuales mueren en el intento de llegar a las costas europeas, es una vergüenza. Que vivimos en una burbuja de consumo y muchas veces con el corazón anestesiado ante el sufrimiento humano.

Pensando en los sacerdotes, en los hombres de la Iglesia nos decía que: “el ambiente cortesano es la lepra de la Iglesia”. Que los pastores han de oler a ovejas y no han de convertirse en clérigos de despacho o en coleccionistas de antigüedades, ni caer en el carrerismo. Que la confesión, el sacramento de la confesión, no puede ser una tortura, sino un lugar de misericordia. Que hay que evitar el autoritarismo en el gobierno de la Iglesia. Que no hay que teorizar desde el laboratorio, sino que hay que conocer y experimentar la realidad del pueblo. Francisco nos invitó a respetar la diversidad y a recordar que la Iglesia no es una ONG piadosa, sino la casa de Dios, que ha de despojarse de todo lo mundano para acoger a todos. Que son miserables la guerras y es miserable la muerte de los niños y de los inocentes en ellas. Que las confesiones religiosas del mundo deben aunarse para resolver el problema del hambre y de la falta de educación.

El pueblo creyente y no creyente ha captado los gestos del papa Francisco, besar un niño discapacitado, lavar los pies a una joven musulmana el jueves Jueves Santo, ser Lampedusa, la isla aquella el primer viaje apostólico donde llegaban los que venían del norte y África en sus barquitas. Usar sus zapatos viejos, los de antes de ser Papa, sus zapatos de siempre. No vivir en los palacios apostólicos. Viajar por Roma en un sencillo y pequeño coche. Conceder entrevista periodistas no creyentes. Enterrar en el cementerio del Vaticano a un hombre de la calle que falleció en la columnata de San Pedro. Llamar desde hace meses todos los días a las 19 horas al párroco de Gaza, que también es argentino y que cuida de una multitud de refugiados y en estos días hace muy poquitos días, el envío de cuatro ambulancias de última generación a Ucrania, y podría seguir haciendo una lista inmensa de gestos. Los gestos Francisco no los inauguró con su pontificado, los heredó de Jorge Mario Bergoglio y soy testigo que su pobreza personal no es oportunista ni es mediática, todos sabemos que fue siempre austero y ha sido coherente con su sentida opción por una vida pobre, con una sencillez evangélica que descolocó muchas veces las prácticas y las costumbres Vaticanas. Sencillo no solo en la ropa y en el lenguaje lejos de discursos abstractos, sino en las costumbres, rechazando modismos palaciegos, rechazando ritos y formalidades que no reflejan la simplicidad del Evangelio de Jesús.

Francisco abrazó a la viejas, (dicho cariñosamente) besó a los pobres, visitó a cualquiera, atendió y llamó a las personas más sencillas, mostró una Iglesia despojada y en salida. Se cansó de pedir a los curas que estuviéramos disponibles para el pueblo, que nos mantuviéramos abiertos a la escucha y al diálogo, que no fuéramos jueces implacables, que saliéramos a las periferias, que nos ocupáramos de los descartables de la sociedad. Le gritó a los jóvenes vuelen alto y sueñen en grande, no balconeen la vida, métanse en la vida como Jesús, hagan lío, no tengan miedo de cuestionar. Jesús no se quedó en la ventana mirando sino que se metió en nuestra historia. Él no tuvo miedo de nuestros líos. Ustedes valen mucho decía Francisco, no lo olviden nunca jóvenes, no se vendan, no se alquilen, son únicos y son necesarios, son el hora de Dios, son la Iglesia, la Iglesia los necesita, con ustedes hay esperanza, sean jóvenes con alas y con raíces.

Francisco nos previno de la autoreferencialidad, de ser una Iglesia que se mira el ombligo, nos decía: Salgan de las cuevas, salgan de la sacristías, salgan de los salones VIP, prefiero una Iglesia herida por salir que enferma por cuidarse. Francisco fue audaz y nunca se hecho atrás por más que intentaron voltearlo con calumnias y con ataques. A los hombres de gobierno, les recordó que su misión es cuidar la fragilidad del pueblo y no aprovechar el poder para obtener beneficios personales, sino para cuidar a la gente, para sostener y promover a los más débiles. Cuidar es una palabra que al papa Francisco lo definió y que él la encuentra plasmada sobre todo en la figura de San José, a quien le tenía una especial devoción. Francisco, nos repitió hasta el cansancio: déjate misericordear, uno de los felices neologismos con el cual invitaba a las personas que se llenan de culpa y de escrúpulos a dejarse perdonar, a dejarse envolver por la ternura de Dios.

Los más frágiles encontraron en él siempre un padre, poseedor de una magnanimidad con la fragilidad humana que va a marcar su papado, los pobres, los frágiles, son los que mejor entendieron, y los que mejor disfrutaron la designación de Francisco, y los que hoy seguramente más lo lloran. Nos toca, fieles a su legado gestar un mundo más justo y fraterno, una iglesia más sencilla y comunitaria, una iglesia más Nazarena, que huela a Jesús y que huela a Evangelio.

En su testamento dejó claro su deseo, lo que él desea que el Señor dé: “que el Señor dé la recompensa merecida quienes me han amado y seguirán orando por mí. Ofrecí al Señor el sufrimiento que se hizo presente en la última parte de mi vida, lo ofrecí por la paz en el mundo y por la fraternidad entre los pueblos”. Que la Virgen que es madre, a quien él acudía siempre y en Santa María Mayor, cada vez que salía de viaje y cada vez que volvía de viaje, pasaba por ahí y con un cariño de hijo le llevaba flores, nos ayude a vivir con alegría y simplicidad la Buena Nueva del Evangelio, así como lo vivió y nos animó a vivir nuestro querido Papa Francisco.

24 Abr 2025

Nota do Arcebispo de Évora sobre a partida do Papa Francisco para a casa do Pai

O povo santo de Deus que peregrina em terras alentejanas e ribatejanas que formam a Arquidiocese de Évora, com o seu presbitério, diáconos, consagrados, Instituto Superior de Teologia de Évora e seminários louvam a Deus pelo imenso dom que foi para a Igreja e para o Mundo o nosso amado Papa Francisco.

Ao darmos graças a Deus pelo dom da sua vida e do seu ministério, salientamos a sua coragem e a sua fortaleza em anunciar profeticamente caminhos novos para a construção de uma nova Humanidade e para a renovação da Igreja, orientada pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Defensor da paz, da tolerância e do respeito pelas minorias; sempre presente e junto dos mais pobres, excluídos e sofridos, pela sua proximidade e atenção no pormenor; no seu amplo olhar para a Casa Comum, guiando-nos pelos caminhos da ecologia integral que publicações como a Encíclica Laudato Si’ e a Exortação Apostólica Laudate Deum fazem da Igreja paladina da ecologia integral; a oferta da compaixão e da misericórdia de Deus a toda a Humanidade sem excluídos e privilegiados da graça de Deus; a sua corajosa reforma e atualização da Cúria romana e os seus constantes apelos ao perdão mundial das dívidas dos países pobres e as equitativas amnistias nacionais aos presidiários de quem se manteve sempre próximo e acompanhou atentamente, exercendo este ministério de modo muito particular na história dos Papas. A sobriedade destas constatações desenham já o perfil da grandeza profética do pontificado do Papa Francisco.

Percebemos que a grandeza da sua coerência e pensamento ainda não são por nós plenamente compreendidos a atingidos na sua totalidade. Só o futuro fará ver e perceber a grandeza e dimensão visionária deste Papa, quer para a Igreja quer para a Humanidade.

A estreiteza do tempo presente limita-nos ainda a entender toda a grandeza do seu pontificado. Só o horizonte alargado do futuro nos fará compreender o alcance e o dom que significa para a Igreja e para a Humanidade o Papa Francisco. Por isso, a nossa gratidão, a nossa homenagem, o nosso obrigado e o nosso sufrágio.

Rendemos-lhe homenagem de filhos que perceberam quão grande foi o seu sofrimento para renovar e evangelizar a Igreja, nomeadamente procurando sarar feridas abertas, cicatrizes mal curadas e traumas que permanecem na História. O Papa Francisco nunca esteve só, porque o Espírito Santo conduziu-o, a Mãe da Igreja defendeu-o e muitos cristãos envolveram-no. Momentos houve, porém, em que forças totalitárias tudo fizeram para o deter. A sua tenacidade e o seu amor incondicional na luta pela reforma da Igreja merecem de todos nós um compromisso de continuarmos na fidelidade ao seu genuíno pensamento, sem cedências a qualquer tipo de manipulação e pretensão de pensamento único.

Como não recordar com gratidão as suas duas visitas a Portugal. A 13 de maio de 2017 proclamou ao Mundo a certeza que não está só: “Temos Mãe! Temos Mãe!”. De 1 a 6 de agosto de 2023 fez de Portugal a primavera da Igreja através das Jornadas Mundiais da Juventude. Com que beleza, com que proximidade… sem dúvida que a espantosa manifestação de dois milhões de jovens nas Jornadas Mundiais da Juventude teve como centro a profecia da dádiva da vida do Papa Francisco, que os jovens souberam intuir e exaltar como património da Humanidade.

A Arquidiocese de Évora ajoelha e reza por intercessão da sua celestial Padroeira, Nossa Senhora da Conceição, pelo eterno descanso do Papa Francisco na glória de Deus.

 

Évora, 21 de abril de 2025

+ Francisco
Arcebispo de Évora

18 Mar 2025

Papa Francisco envia Mensagem e Bênção Apostólica aos Peregrinos da Arquidiocese de Évora que peregrinaram a Roma (com documento)

Partilhamos a Mensagem e Benção Apostólica do Santo Padre, Papa Francisco, enviada a todos os peregrinos da Arquidiocese de Évora (cerca de 180) que peregrinaram a Roma entre os dias 1 e 5 deste mês de Março.
Sensibilizados e agradecidos pelo gesto do Sumo Pontífice, continuemos unidos ao Santo Padre! 🙏🙏
13 Mar 2025

12.º aniversário do pontificado do Papa Francisco: Nota da Conferência Episcopal Portuguesa

Neste dia em que assinalamos o 12.º aniversário do pontificado do Papa Francisco, os bispos portugueses, em retiro orientado pelo cardeal Óscar Maradiaga, dão graças a Deus pelo ministério do Santo Padre e manifestam a sua proximidade espiritual para com o sucessor de Pedro. Tendo presente a sua hospitalização e frágil condição de saúde, rezam especialmente pela sua recuperação e para que possa voltar às atividades regulares. 

Em pleno Jubileu de Esperança, e com o processo sinodal em concretização no seio das comunidades cristãs, agradecemos ao Santo Padre a condução de toda a Igreja que, ancorada em Jesus, é chamada a ser misericordiosa e missionária, indo ao encontro das periferias e acolhendo a “todos, todos, todos”.

Nesta ocasião, queremos recordar com particular afeto os momentos do pontificado do Papa Francisco que aconteceram no nosso país: as duas visitas a Fátima e a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.

A presença do Papa no Centenário das Aparições, fazendo-se “Peregrino da esperança e da paz”, ocasião em que canonizou os dois primeiros santos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, e depois a deslocação à Cova da Iria para estar com doentes e jovens com deficiência no âmbito da JMJ Lisboa 2023, foi a afirmação maior da sua ligação a Portugal.

Em agosto de 2023, no contexto da XXXVII Jornada Mundial da Juventude, o principal objetivo foi o encontro com jovens de todo o mundo, mas nesta viagem apostólica destacaram-se outros momentos, como um encontro com 13 vítimas de abusos de menores no seio da Igreja Católica em Portugal, assim como os momentos em que se encontrou com os mais diversos agentes da sociedade civil e da Igreja. 

As marcas desta última presença do Santo Padre entre nós permanecem bem vivas na nossa memória. De um modo especial para os jovens, mas acreditamos que para todos, esta visita do Papa Francisco foi um verdadeiro tempo de graça para a nossa Igreja.

Invocamos as bênçãos de Deus para que o Papa Francisco continue a exercer o seu ministério petrino ao serviço da unidade e da renovação sinodal da Igreja.

Fátima, 13 de março de 2025

08 Mar 2025

Montemor-o-Novo: Arquidiocese de Évora celebrou São João de Deus e rezou pelo Papa Francisco (com fotos)

Foi num dia chuvoso que se celebrou o dia 8 de março. Data significativa para a Arquidiocese de Évora, dia de S. João de Deus.

Apesar da chuva, o povo montemorense participou na Procissão e acorreu a Igreja do Hospital de S. João de Deus, onde se celebrou a Missa solene presidida pelo Arcebispo de Évora.

A Eucaristia foi concelebrada pelo P. Bonifácio, da Ordem hospitaleira (SJD), recém chegado a Montemor-o-Novo, os párocos P. Morais Palos e P. Rui Faia, e ainda o P. Gustavo, reitor do Seminário Maior de Évora.

A celebração contou também com a presença de membros da vereação da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e da Assembleia Municipal, entre outros representantes, além de muitos doentes residentes no Hospital.

A Procissão com a imagem do Santo saiu da igreja matriz e seguiu o percurso em cima de um antigo carro de bombeiros da corporação de Montemor.

Também uma relíquia de S. João de Deus foi transportada pelo Prelado, a qual, após a celebração, foi dada a venerar a todos os presentes.

Este ano a celebração contou com a comemoração dos 75 anos da inauguração do Hospital de S. João de Deus em Montemor-o-Novo.

Além disso, todos rezaram pela saúde do Papa Francisco e pela sua recuperação.

 

 

21 Fev 2025

Renúncia Quaresmal 2024 da Arquidiocese de Évora já foi colocada à disposição do Santo Padre

A Renúncia Quaresmal 2024 da Arquidiocese de Évora destinada às Igrejas do Médio Oriente que totalizou 20 mil euros foi transferida em novembro do ano passado para a Nunciatura em Portugal.
Entretanto, em missiva enviada ao Arcebispo de Évora a 13 de fevereiro, o Núncio Apostólico em Portugal, D. Ivo Scapolo, expressando “vivo apreço por este generoso acto de solidariedade”, assegura que “a dita soma foi imediatamente colocada à disposição do Santo Padre.