Etiqueta: Papa Francisco

08 Out 2024

Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma

O Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma, que decorre de 2 a 27 de outubro.

O Prelado eborense pede aos Reverendos Párocos e a todos os Sacerdotes e Diáconos, bem como às Comunidades Religiosas:
– que incluam na Oração Universal e nas Preces da Liturgia das Horas orações por esta intenção;
– que em dia oportuno celebrem a Eucaristia pela Unidade da Igreja;
– que promovam momentos de oração pelo discernimento fecundo do Sínodo;
– e que valorizem a intenção do Sínodo na devoção popular em Outubro, Mês do Rosário, e nas peregrinações a Fátima, por ocasião dos dias 12 e 13 de outubro, 107º Peregrinação aniversária da última aparição e do milagre do sol.

07 Out 2024

6 e 7 de outubro: Oração e Jejum pela Paz (Nota da Conferência Episcopal Portuguesa)

Na missa de abertura da segunda sessão do Sínodo sobre a sinodalidade, o Papa Francisco convocou todos os fiéis a rezar pela paz no mundo, nos próximos dias 6 e 7 de outubro, pedindo a intercessão de Nossa Senhora.

“A comunidade cristã está sempre a serviço da humanidade para proclamar a alegria do Evangelho a todos. Precisamos disso, especialmente nesta hora dramática de nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras” (Papa Francisco).

No dia 6 de outubro, às 16h de Portugal, o Papa Francisco rezará o terço na Basílica de Santa Maria Maior, em conjunto com os participantes da Assembleia Sinodal, oriundos dos cinco continentes. Já para dia 7 de outubro, o Papa convocou um dia de oração e jejum pelo dom da paz no mundo.

D. José Ornelas, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, afirma que juntarmo-nos em oração e em jejum significa “aderir ao projeto de Deus, que é um projeto de redenção do mundo, não pela violência, mas pela paz, pela fraternidade, pela capacidade de encontrar caminhos em que juntos encontramos soluções para os problemas que temos, sem ter de recorrer às armas para que elas sejam solução, que não são solução nenhuma, são sempre a ausência de caminhos verdadeiramente humanizadores”.

Em comunhão com o Santo Padre, a Conferência Episcopal Portuguesa convida todos os cristãos, famílias, paróquias, comunidades religiosas, dioceses e outras instituições eclesiais a unirem-se em oração nestas duas ocasiões.

29 Set 2024

UM BEM PARA TODOS: Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz sobre migrações

Num tempo em que se vão ouvindo com cada vez mais força, em Portugal e noutros países, vozes hostis aos imigrantes, a Comissão Nacional Justiça e Paz quer sublinhar, na linha do que tem feito o Papa Francisco em consonância com o que fizeram os seus antecessores, o bem que migrações legais, ordenadas e seguras podem trazer às sociedade de origem e destino dos imigrantes.

Vai-se evidenciando cada vez mais a imprescindibilidade de trabalhadores imigrantes em vários setores da atividade económica em Portugal. Além do mais, a crise demográfica na Europa torna necessário o recurso a esses trabalhadores (sendo certo que esse recurso não é a única forma de enfrentar essa crise). Também é sabido que os contributos financeiros dos imigrantes para o Estado português são maiores do que as prestações de que beneficiam (apesar de eles conhecerem até maior risco de pobreza e privação material severa do que os nacionais).

Ao contrário do que muitas vezes se propala, o incremento da imigração que Portugal conheceu nos últimos anos não se traduziu num incremento da criminalidade. De um modo geral, o imigrante típico caracteriza-se por uma especial capacidade de trabalho, poupança e dedicação à família, o que contrasta em absoluto com uma maior tendência para a delinquência. Tal não invalida a importância de, como vem salientado o Papa, acolher, proteger, promover e integrar os imigrantes. Essas são também as formas mais eficazes de prevenir a criminalidade.

Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2018, o Papa afirmou que os imigrantes «não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem».

Há quem tema o choque que possa resultar do encontro com imigrantes de culturas diferentes da nossa. Sendo certo que a maior parte dos imigrantes que chegam até nós partilham a nossa língua e, nessa medida, nos são culturalmente próximos, também o Papa  tem sublinhado como o diálogo de culturas se traduz num enriquecimento recíproco (e a história do nosso país também o atesta). Na sua encíclica Fratelli tutti, ele afirma: «Toda a cultura saudável é por natureza aberta e acolhedora, não estática» (n. 146). E disse noutra ocasião (no discurso que deixou escrito quando visitou a Universidade Roma Tre, em 17 de fevereiro de 2017): «Uma cultura consolida-se através da abertura e do confronto com as outras culturas, desde que haja uma consciência clara e madura dos seus princípios e valores».

Mas não podemos limitar-nos, egoisticamente, a atender ao bem que os imigrantes podem trazer ao nosso país, esquecendo o bem que as migrações podem representar para eles próprios e para os seus países de origem.

Há que encarar as migrações na perspetiva da justiça social, à luz do princípio do destino universal dos bens. «Todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja» – diz o Papa Francisco na referida mensagem de 2018, citando o Papa Bento XVI. As migrações podem contribuir para concretizar este direito.

Também isso se afirma na encíclica Fratelli tutti. Cada nação é co-responsável pelo desenvolvimento de todas as pessoas, o que pode traduzir-se de dois modos, que não se excluem mutuamente: no acolhimento de imigrantes e no contributo para o desenvolvimento dos países de origem destes (n. 125). É verdade que o ideal seria que a emigração não fosse necessária para superar a pobreza, mas enquanto não houver sérios progressos no sentido do desenvolvimento dos países pobres, há que reconhecer o direito de cada pessoa a encontrar um lugar onde não só possa satisfazer necessidades básicas, mas também realizar-se plenamente como pessoa (n. 129).

Porque, na verdade se trata da realização plena como pessoa (os imigrantes não podem ser encarados apenas como “mão de obra”), nunca é demais sublinhar a importância do seu direito ao reagrupamento familiar.

É bom que estas palavras tenham um particular eco em Portugal, um país marcado pela emigração desde há séculos. Vem a propósito recordar o Antigo Testamento: «O estrangeiro que reside convosco será tratado como um dos vossos compatriotas e amá-lo-ás como a ti mesmo, porque foste estrangeiro na terra do Egito» (Lv 19, 34). O desafio é, então, o de tratar os imigrantes que chegam até nós como gostaríamos que fossem tratados os nossos irmãos que emigraram, e emigram, para outros países.

Deverá continuar a ser sempre para nós motivo de orgulho patriótico e de alegria que os imigrantes queiram viver em Portugal por ser um país acolhedor onde se sentem em casa. Deverá ser motivo de vergonha e de tristeza que aqui se sintam hostilizados e vítimas de discriminação e injustiça.

Lisboa, 17 Setembro de 2024

A Comissão Nacional Justiça e Paz

25 Set 2024

29 de setembro de 2024: 110.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

O Papa defende, na sua mensagem para o 110.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se vai celebrar no próximo dia 29 de setembro, que Deus se identifica com as pessoas que fogem da sua terra, convidando as comunidades católicas ao seu acolhimento, noticiou a Agência ECCLESIA.

“Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, dado que se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história – particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados –, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação”, escreve Francisco.

A jornada de 2024 tem como tema “Deus caminha com o seu povo” e celebra-se a 29 de setembro, o domingo que precede o início da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (02-27 de outubro de 2024).

“A ênfase posta na sua dimensão sinodal permite à Igreja descobrir a sua natureza itinerante de povo de Deus em caminho na história, peregrinante – poderíamos dizer ‘migrante’ – rumo ao Reino dos Céus”, assinala o Papa, ligando as duas celebrações.

A mensagem apresenta os migrantes da atualidade como “uma imagem viva do povo de Deus em caminho rumo à Pátria eterna”. “Como o povo de Israel no tempo de Moisés, frequentemente os migrantes fogem de situações de opressão e abuso, de insegurança e discriminação, de falta de perspetivas de progresso”, acrescenta.

“Os migrantes encontram muitos obstáculos no seu caminho: são provados pela sede e a fome; ficam exaustos pelo cansaço e as doenças; sentem-se tentados pelo desespero. Mas a realidade fundamental do êxodo, de qualquer êxodo, é que Deus precede e acompanha o caminho do seu povo, dos seus filhos de todo o tempo e lugar”, escreve o Santo Padre.

Francisco destaca a experiência de fé dos migrantes, a sua confiança em Deus e os “bons samaritanos” que encontram nos caminhos. “Quantas bíblias, evangelhos, livros de orações e terços acompanham os migrantes nas suas viagens através dos desertos, rios e mares e das fronteiras de cada continente”, aponta.

“Queridos irmãos e irmãs, neste Dia dedicado aos migrantes e refugiados, unamo-nos em oração por todos aqueles que tiveram de abandonar a sua terra à procura de condições de vida dignas. Sintamo-nos em caminho juntamente com eles, façamos ‘sínodo’ juntos”, conclui a mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2024, que se encerra com uma oração escrita por Francisco.

23 Set 2024

Papa encoraja jovens a envolver-se no percurso sinodal da Igreja e a acolher o Ano Santo 2025

O Papa Francisco exortou, no dia 20 de setembro, no Vaticano, os membros do Movimento Internacional de Estudantes Católicos – Pax Romana a “envolverem-se no percurso sinodal da Igreja” e a acolher o Ano Santo de 2025 como “uma ocasião especial”, noticiou a Agência ECCLESIA.

“Nestes dias, enquanto avançamos no atual Sínodo sobre a Sinodalidade, gostaria de encorajá-los, individualmente e em conjunto, a envolverem-se no percurso sinodal da Igreja, feito de caminho partilhado, de escuta, de participação e compromisso num diálogo aberto ao discernimento e, portanto, a estarem atentos à voz suave do Espírito Santo”, convidou o Papa, na audiência desta manhã.

A segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, na qual vão participar quatro portugueses – entre eles D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, delegados da Conferência Episcopal Portuguesa, o cardeal D. Américo Aguiar e o cardeal Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e para a Educação – realiza-se entre os dias 2 e 27 de outubro.

Segundo o discurso partilhado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco encorajou os jovens a “acolher a próxima celebração do Ano Santo de 2025 como uma ocasião especial de renovação pessoal e de enriquecimento espiritual em união com toda a Igreja”.

“O símbolo eloquente da Porta Santa, atravessada pelos fiéis em Roma, recorda-nos que todos somos peregrinos, todos estamos a caminho, chamados juntos a uma união mais profunda com o Senhor Jesus e à disponibilidade para a força da sua graça, que transforma a nossa vida e o mundo em que vivemos”, salientou.

As celebrações do Ano Santo de 2025 vão decorrer entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.

09 Set 2024

Timor-Leste: Papa elogia «determinação e heroísmo» da população, evocando luta pela independência

O Papa elogiou hoje a “determinação e heroísmo” da população de Timor-Leste, evocando a luta pela independência no século XX e o papel da Igreja Católica para o fim da ocupação indonésia.

“Timor-Leste, que soube enfrentar momentos de grande tribulação com paciente determinação e heroísmo, vive hoje como um país pacífico e democrático, empenhado na construção de uma sociedade solidária e fraterna, desenvolvendo relações pacíficas com os seus vizinhos no seio da comunidade internacional”, referiu, no primeiro discurso da sua visita a Díli, que se iniciou esta tarde.

Na primeira visita de um Papa após a independência timorense, acompanhada por dezenas de milhares de pessoas nas ruas da capital, Francisco mostrou-se confiante de que Timor-Leste “será capaz de enfrentar as dificuldades e os problemas atuais com inteligência e criatividade”.

“Demos graças ao Senhor porque, atravessando um período tão dramático da vossa história, não perdestes a esperança e, depois de dias sombrios e difíceis, despontou finalmente uma aurora de paz e liberdade”, declarou, numa intervenção em espanhol.

O Papa recordou a visita de João Paulo II, em 1989, ainda sob ocupação indonésia, e destacou o “enraizamento na fé católica” dos timorenses como fator decisivo para a superação de “anos de calvário e sua maior provação”.

“Vocês são um povo sofrido, mas sábio, no sofrimento”, acrescentou, assumindo a necessidade de uma “purificação da memória”.

Francisco referiu-se ao período que decorreu entre a “independência declarada à definitivamente restaurada”, de 28 de novembro de 1975 a 20 de maio de 2002.

Timor-Leste, realçou, “passou por uma fase dolorosa no seu passado recente”, com “convulsões e violências”, elogiando o esforço em favor da “plena reconciliação com os irmãos da Indonésia”, atitude que, segundo o Papa, “encontrou a sua primeira e mais pura fonte nos ensinamentos do Evangelho”.

O país soube reerguer-se, encontrando uma senda de paz e o início de uma nova fase, que pretende ser de desenvolvimento, de melhoria das condições de vida e de valorização, a todos os níveis, do esplendor impoluto deste território e dos seus recursos naturais e humanos”.

Francisco quis destacar a importância de um território colocado entre a Ásia e a Oceânia e a ligação histórica a Portugal, de onde chegaram os primeiros missionários dominicanos, no século XVI, “trazendo o Catolicismo e a língua portuguesa”.

“Nascido na Ásia, o cristianismo chegou a estes remotos confins do continente através dos missionários europeus, testemunhando a sua vocação universal e a capacidade de se harmonizar com as mais diversas culturas”, acrescentou.

O Papa agradeceu a decisão de adotar a declaração que assinou juntamente com o grão-imã de Al-Azhar, a 4 de fevereiro de 2019, como “documento nacional” de Timor-Leste, incluindo-o nos currículos escolares, sob a disciplina de “Fraternidade Humana”.

A intervenção concluiu-se com uma oração à padroeira do país, a Virgem de Aitara.

“Que Ela vos acompanhe e ajude sempre na missão de construir um País livre, democrático e solidário e alegre, onde ninguém se sinta excluído e todos possam viver em paz e com dignidade. Deus abençoe Timor-Leste! Maromak haraik bênção ba Timor-Lorosa’e”, concluiu.

O encontro foi introduzido pelo discurso do presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que falou numa “visita histórica”, nos aniversários do 25 de Abril, em Portugal, dos 25 anos do referendo sobre a independência timorense e os 35 anos da visita de João Paulo II, que “colocou a causa da autodeterminação de Timor-Leste na agenda global”.

Após os discursos, os dois responsáveis dirigem-se à entrada do Palácio para a despedida, onde Francisco abençoa um grupo de cerca de mil pessoas.

Estima-se que mais de 500 mil pessoas acompanhem a visita do Papa na capital timorense.

A celebração central da viagem vai decorrer esta terça-feira, em Tasi Tolu, o mesmo local que acolheu São João Paulo II, em outubro de 1989.

A Eucaristia presidida por Francisco, a partir das 16h30 (08h30 em Lisboa), conta com orações em português, tétum e outras seis línguas locais.

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

09 Set 2024

Papa encerrou primeira visita à Papua-Nova Guiné, onde deixou apelos à unidade e mensagem de esperança

O Papa encerrou neste dia 9 de setembro a sua primeira visita à Papua-Nova Guiné, onde chegou na última sexta-feira para deixar apelos à unidade e mensagens de esperança num arquipélago marcado pela diversidade de culturas e a beleza natural.

A segunda etapa desta 45ª viagem internacional e a maior do atual pontificado, que se iniciou na Indonésia, foi acompanhada por milhares de pessoas, ao longo das ruas do país.

Esta foi a terceira viagem de um Papa à Papua-Nova Guiné, onde São João Paulo II esteve em 1984 e 1995, tendo beatificado Pierre To Rot (1912-1945), mártir, morto durante a ocupação japonesa, na II Guerra Mundial.

Num território particularmente ameaçado pelas alterações climáticas e sofre com conflitos internos, Francisco começou por apelar ao fim das divisões e da destruição dos recursos naturais, num discurso perante responsáveis políticos.

Situada no sudoeste do Pacífico e a norte da Austrália, a Papua-Nova Guiné é um dos países com o índice de desenvolvimento humano mais baixo do mundo; os seus diferentes grupos étnicos falam mais de 800 dialetos.

Francisco visitou crianças de rua e pessoas com deficiência, apoiadas por instituições de caridade, na ‘Caritas Technical Secondary School’, fundada pelas Irmãs da Caridade de Jesus, da família Salesiana, antes de se reunir com representantes da comunidade católica da Papua-Nova Guiné.

O país, membro da Commonwealth, tem de 8,2 milhões de habitantes, 30,6% dos quais católicos, segundo dados do Vaticano; a maioria da população é cristã, sobretudo protestantes.

O domingo começou com a Missa no Estádio “Sir John Guise”, perante dezenas de milhares de pessoas, com um alerta de Francisco em favor da defesa do ambiente e do respeito pelas várias culturas.

O dia contou uma nova deslocação de quase mil quilómetros até Vanimo, localidade no norte do país, para um encontro na esplanada da Catedral da Santa Cruz, e ao interior da selva, numa reunião privada com missionários.

O avião que transportou o Papa levou também uma tonelada de ajuda humanitária, incluindo medicamentos, roupas e brinquedos para crianças, de acordo com o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

O último dia na Papua-Nova Guiné foi dedicado a um encontro com cerca de 10 mil jovens, de novo no Estádio Sir John Guise, antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional e a partida para Díli.

A viagem mais longa do atual pontificado, que começou na Indonésia (3-6 de setembro) e na Papua-Nova Guiné (6-9 de setembro), passa ainda por Timor-Leste (9-11 de setembro) e Singapura (11-13 de setembro).

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

15 Ago 2024

O Papa: a literatura educa o coração e a mente e abre à escuta dos outros

Francisco dirige uma carta aos candidatos ao sacerdócio, mas também aos agentes pastorais e a todos os cristãos, para sublinhar o “valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal”, porque os livros abrem novos espaços interiores, enriquecem, ajudam a enfrentar a vida e a compreender os outros.

Um bom livro abre a mente, estimula o coração, treina para a vida. Palavra do Papa Francisco, que pegou caneta e papel para fazer com que os futuros sacerdotes, mas também “todos os agentes pastorais” e “qualquer cristão” entendam o “valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal”. Com a Carta sobre o papel da literatura na educação”, escrita em 17 de julho e publicada neste dia 4 de agosto, o Pontífice pretende “despertar o amor pela leitura” e, sobretudo, “propor uma mudança radical de ritmo” na preparação dos candidatos ao sacerdócio, de modo que se dê mais espaço à leitura de obras literárias. Como a literatura pode “educar o coração e a mente do pastor” para “um exercício livre e humilde da própria racionalidade” e para o “reconhecimento frutífero do pluralismo das línguas humanas”, ela pode ampliar a sensibilidade humana e levar a “uma grande abertura espiritual”. Além disso, a tarefa dos fiéis, e dos sacerdotes em particular, é “tocar o coração dos seres humanos contemporâneos para que eles possam se comover e se abrir diante da proclamação do Senhor Jesus”, e em tudo isso “a contribuição que a literatura e a poesia podem oferecer é de valor inigualável”.

Os efeitos benéficos da leitura

No texto, Francisco enfatiza primeiramente os efeitos benéficos de um bom livro que, “muitas vezes no tédio das férias, no calor e na solidão de alguns bairros desertos”, pode ser “um oásis que nos distancia de outras escolhas que não são boas para nós” e que, em “momentos de cansaço, raiva, decepção, fracasso e quando nem mesmo na oração conseguimos encontrar a quietude da alma”, pode nos ajudar a superar momentos difíceis e “ter um pouco mais de serenidade”. Porque talvez “essa leitura abra novos espaços interiores” que nos ajudem a não nos fecharmos “naquelas poucas ideias obsessivas”, que depois “nos prendem de maneira inexorável”. As pessoas costumavam se dedicar à leitura com mais frequência “antes da onipresença da mídia, das redes sociais, dos telefones celulares e de outros dispositivos”, observa o Papa, que ressalta que, em um produto audiovisual, embora “mais completo”, “a margem e o tempo para ‘enriquecer’ a narrativa ou interpretá-la são geralmente reduzidos”, enquanto a leitura de um livro “o leitor é muito mais ativo”. Uma obra literária é “um texto vivo e sempre fértil”. Acontece, de fato, que “ao ler, o leitor é enriquecido com o que recebe do autor”, e isso “permite que ele faça florescer a riqueza de sua própria pessoa”.

Dedicar tempo à literatura nos seminários

Embora seja positivo que “em alguns seminários se ultrapasse a obsessão dos ecrãs – e pelas fake news venenosas, superficiais e violentas – e se dedique momentos à literatura”, à leitura, a falar sobre “livros, novos ou antigos, que continuam a nos dizer muitas coisas”, reconhece Francisco, em geral, “no caminho de formação daqueles que estão a caminho do ministério ordenado” não há um espaço adequado para a literatura, considerada “uma expressão menor da cultura que não pertence ao caminho de preparação e, portanto, à experiência pastoral concreta dos futuros sacerdotes”. “Tal abordagem não é boa”, diz o Papa, levando a “uma forma de grave empobrecimento intelectual e espiritual dos futuros sacerdotes”, que assim não têm “acesso privilegiado, precisamente através da literatura, ao coração da cultura humana e, mais especificamente, ao coração do ser humano”. Porque, na prática, a literatura tem a ver “com o que cada um de nós deseja da vida” e “entra em uma relação íntima com nossa existência concreta, com as suas tensões essenciais, com os seus desejos e os seus  significados”.

Livros como companheiros de viagem

Relembrando os anos em que lecionou em uma escola jesuíta em Santa Fé, entre 1964 e 1965, o Papa conta que, como professor de Literatura, os alunos deveriam estudar El Cid, enquanto eles “pediam para ler García Lorca”. “Por isso, decidi: em casa estudariam El Cid, e, durante as aulas, abordaria os autores de que os jovens mais gostavam”, recorda Francisco, acrescentando que eles preferiam “obras literárias contemporâneas”; porém, à medida que fossem lendo o que os atraía no momento, iriam adquirindo em geral o gosto pela literatura, pela poesia, e depois passariam a outros autores, porque “no fim, o coração busca mais, e cada um encontra seu próprio caminho na literatura”. A esse respeito, o Papa confessa que ama “os artistas trágicos, porque todos nós poderíamos sentir suas obras como nossas, como uma expressão de nossos próprios dramas”. O Pontífice adverte que não se deve “ler algo por obrigação”, pelo contrário, deve-se selecionar as próprias leituras “com abertura, surpresa, flexibilidade”.

Fazer encontrar Jesus feito carne

Hoje, para “responder adequadamente à sede de Deus de muitas pessoas, para que não busquem saciá-la com propostas alienantes ou com um Jesus Cristo sem carne”, os crentes e os sacerdotes, ao anunciar o Evangelho, devem se comprometer para que “todos possam se encontrar com um Jesus Cristo feito carne, feito humano, feito história”. Nunca se deve perder de vista “a ‘carne’ de Jesus Cristo”, recomenda o Pontífice, “aquela carne feita de paixões, emoções, sentimentos, histórias concretas, mãos que tocam e curam, olhares que libertam e encorajam, de hospitalidade, de perdão, de indignação, de coragem, de intrepidez: em uma palavra, de amor”. Por essa razão, enfatiza Francisco, “uma assídua frequência à literatura pode tornar os futuros sacerdotes e todos os agentes pastorais ainda mais sensíveis à plena humanidade” de Cristo, “na qual se derrama toda a sua divindade”.

O hábito da leitura tem resultados positivos

Na carta, o Papa também enuncia as consequências positivas que, segundo os estudiosos, decorrem do “hábito de ler”, que ajuda a “adquirir um vocabulário mais amplo”, “a desenvolver vários aspectos” da própria inteligência, “também estimula a imaginação e a criatividade”, “permite que as pessoas aprendam a exprimir as suas narrativas de uma forma mais rica”, “melhora também a capacidade de concentração, reduz os níveis de deficit cognitivo, e acalma o stress e a ansiedade”. Em termos concretos, a leitura “prepara-nos para compreender e, assim, enfrentar as várias situações que podem surgir na vida”, continua Franciso, “ao ler, mergulhamos nas personagens, nas preocupações, nos dramas, nos perigos, nos medos de pessoas que acabaram por ultrapassar os desafios da vida”. E com Borges podemos chegar ao ponto de definir literatura como “ouvir a voz de alguém”.

Reduzir, contemplar, escutar

A literatura serve, “em suma, a fazer eficazmente a experiência da vida”. E se a nossa visão ordinária do mundo é como que “reduzida” e limitada pela pressão que os objetivos operacionais e imediatos do nosso agir exercem sobre nós “e também o serviço – cultual, pastoral, caritativo – pode tornar-se” somente algo a fazer, o risco passa a ser o cair na busca duma “eficiência que banaliza o discernimento, empobrece a sensibilidade e reduz a complexidade”.

Assim, em “nossa vida cotidiana”, devemos aprender “a distanciarmo-nos do imediato, a reduzir a velocidade, a contemplar e a escutar. Isto pode acontecer quando, de modo desinteressado, uma pessoa se detém para ler um livro.

É necessário “recuperar formas hospitaleiras e não estratégicas de relacionamento: ocorre distância, lentidão, liberdade para uma abordagem da realidade, em palavras simples, a literatura nos permite “treinar nosso olhar para buscar e explorar a verdade das pessoas e das situações”, “nos ajuda a dizer nossa presença no mundo”. Além disso, insiste o Papa, “lendo um texto literário” vemos através dos olhos dos outros, desenvolvemos “o poder empático da imaginação”, “descobrimos que o que sentimos não é só nosso, é universal, e, por isso, até a pessoa mais abandonada não se sente só”.

Fonte: Tiziana Campisi – Vatican News

14 Ago 2024

Cultura: «Encontrar um bom livro para ler é um oásis» – Papa Francisco

O Papa Francisco escreveu uma carta sobre “O papel da leitura na educação” onde apela a ler “romances e poemas” no “tédio das férias” para “ultrapassar a obsessão dos ecrãs” e as linguagens que aprisionam a “liberdade da Palavra”.

“Muitas vezes, no tédio das férias, no calor e na solidão dos bairros desertos, encontrar um bom livro para ler é um oásis, afastando-nos de outras escolhas que são nocivas”, afirma o Papa.

Numa carta divulgada hoje pela Sala de Imprensa da Santa sé, Francisco lembra que nos momentos de “cansaço, irritação, desilusão, fracasso” um bom livro ajuda “a enfrentar a tempestade” e a encontrar “um pouco mais de serenidade.

“Antes da omnipresença dos media, das redes sociais, dos telemóveis e de outros dispositivos, esta era uma experiência frequente, e quem a viveu sabe bem do que estou a falar. Não se trata de algo ultrapassado”, indica o Papa.

O Papa lembrou que o leitor “é muito mais ativo quando lê um livro” do que quando está diante dos meios audiovisuais, onde “o produto é mais completo, e a margem e o tempo para ‘enriquecer’ a narrativa ou para a interpretar são geralmente reduzidos”.

Uma obra literária é, portanto, um texto vivo e sempre fértil, capaz de falar de novo e de muitas maneiras, capaz de produzir uma síntese original com cada leitor que encontra”.

O Papa valorizou o facto de, no ambiente de alguns seminários, “se ultrapassar a obsessão dos ecrãs”, dedicando-se “tempo à literatura, a momentos de leitura serena e livre, a falar dos livros que, novos ou antigos, continuam a dizer-nos tanto”.

Francisco rejeita quem considera a leitura como “forma de passatempo” ou “como algo não essencial” e afirma que se trata de uma atitude que “está na origem de uma forma de grave empobrecimento intelectual e espiritual dos futuros sacerdotes, que ficam assim privados de um acesso privilegiado, precisamente através da literatura, ao coração da cultura humana e, mais especificamente, ao coração do ser humano”.

A carta sobre “O papel da leitura na educação” foi escrita a pensar na “formação sacerdotal”, mas o Papa começa por dizer que sublinhar o valor da leitura “pode ser dito, de modo semelhante, em relação à formação de todos os agentes pastorais e de qualquer cristão”.

A respeito do valor da leitura pelo seminaristas, o Papa afirma que ajuda a “adquirir um vocabulário mais vasto”, a “desenvolver vários aspetos da sua inteligência”, “estimula também a imaginação e a criatividade”, e “permite que as pessoas aprendam a exprimir as suas narrativas de uma forma mais rica”.

Para o Papa, a leitura “melhora também a capacidade de concentração, reduz os níveis de deficit cognitivo e acalma o stress e a ansiedade”.

“Ao ler, mergulhamos nas personagens, nas preocupações, nos dramas, nos perigos, nos medos de pessoas que acabaram por ultrapassar os desafios da vida, ou talvez, durante a leitura, demos às personagens conselhos que mais tarde nos servirão a nós mesmos”, afirma o Papa.

Francisco considera que “é necessário recuperar formas hospitaleiras e não estratégicas de relacionamento com a realidade” e “quebrar os ídolos das linguagens autorreferenciais”.

A literatura ajuda o leitor a quebrar os ídolos das linguagens autorreferenciais, falsamente autossuficientes, estaticamente convencionais, que por vezes correm o risco de contaminar até o nosso discurso eclesial, aprisionando a liberdade da Palavra”.

Na carta sobre “O Papel da Leitura na Educação”, o Papa afirma que a palavra “põe a linguagem em movimento” e força espiritual da literatura recorda “a primeira tarefa confiada por Deus ao homem: a tarefa de “dar nome” aos seres e às coisas”.

Francisco conclui sublinhando a “afinidade entre o sacerdote e o poeta”, que se manifesta na “misteriosa e indissolúvel união sacramental entre a Palavra divina e a palavra humana”.

 

Fonte: Paulo Rocha/Agência ECCLESIA

13 Ago 2024

Papa: «Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz» é o tema escolhido para o Dia Mundial da Paz 2025

«Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz» é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz 2025, celebrada a 1 de janeiro.

A informação foi publicada no dia 8 de agosto na Sala de imprensa da Santa Sé, através de um comunicado do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que sublinha a concordância entre as últimas encíclicas do Papa, «Laudato Si’» e «Fratelli tutti» com o Jubileu da esperança que a Igreja católica vai viver no próximo ano, num “apelo à conversão que visa não condenar, mas reconciliar e a construir a paz”.

“Partindo da constatação da realidade dos conflitos e dos pecados sociais que afligem a humanidade de hoje, olhando para a esperança inerente à tradição jubilar da remoção dos pecados e anulação das dívidas e à reflexão dos padres da Igreja, podem surgir orientações concretas que conduzam a uma mudança muito necessária nos âmbitos espiritual, moral, social, económico, ecológico e cultural”, pode ler-se no comunicado.

O caminho para a paz, sublinha ainda a informação, tem início com “uma verdadeira conversão, pessoal, comunitária e internacional,” e quando concretizado “não se manifesta apenas na conclusão dos conflitos, mas numa nova realidade em que as feridas são curadas e a dignidade de cada pessoa é reconhecida”, indica.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia de cada ano, com uma mensagem papal.

Fonte: Agência ECCLESIA