Categoria: Sínodo

18 Jan 2025

CONCLUSÕES PRELIMINARES do I Encontro Sinodal Nacional

1. No dia 11 de janeiro de 2025 decorreu, em Fátima, no Centro Pastoral Paulo VI, o primeiro Encontro Sinodal Nacional, organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com o objetivo de refletir sobre o Documento Final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade e a sua aplicação prática no seio das comunidades. O encontro reuniu 300 participante das dioceses portuguesas, contando com a presença dos Bispos de Portugal, dos membros das Equipas Sinodais diocesanas e dos Conselhos Pastorais de cada diocese. Estas conclusões preliminares, aprovadas pelos participantes, serão posteriormente enriquecidas com todas as propostas que os 36 grupos “sinodais” entregaram no final do encontro.

2. Na abertura do encontro, D. José Ornelas lembrou que o Documento Final resulta de um percurso sinodal iniciado em 2021 e que o acolhimento e estudo deste Documento serve para discernir e inserir, nas Igrejas locais, a transformação sinodal proposta para toda a Igreja. Assinalando que o verdadeiro caminho sinodal começa agora, D. José Ornelas destacou a importância deste Encontro Nacional e a necessidade de que seja replicado nas dioceses, paróquias, comunidades de vida consagrada, grupos e movimentos para uma participação ativa de todos na renovação eclesial. “Este Documento pode e deve mudar as comunidades e a vida da Igreja em Portugal. Não pode ser só para estar na prateleira e fazer citações dele”, disse ainda o Presidente da CEP.

3. A manhã de trabalhos iniciou-se com a apresentação do Documento Final feita por dois membros da Equipa Sinodal da CEP, Padre Eduardo Duque e Carmo Rodeia. O Documento Final do Sínodo sobre Sinodalidade, intitulado “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão,
Participação e Missão”, sintetiza os principais frutos do processo sinodal e apresenta intuições para uma Igreja mais inclusiva e participativa com ênfase na escuta, na colaboração e na renovação missionária, mantendo a fidelidade ao Espírito Santo.
A sinodalidade não é uma opção, mas uma característica essencial da Igreja do presente e do futuro, onde a escuta e a consideração mútua, o discernimento coletivo e a colaboração entre todos os batizados são a face da mesma fraternidade. Por isso, deve ser vivida em todos os níveis da Igreja, desde a base até à hierarquia, num clima de comunhão onde todos têm igual dignidade como batizados, exigindo uma conversão permanente e uma verdadeira disponibilidade para experimentar um novo modo de viver a fé em Jesus Cristo, nas realidades do dia-a-dia, mais apoiados uns nos outros, sem deixar ninguém para trás e com a participação do maior número. O documento sugere ainda que a Igreja para ser sinodal precisa de aprofundar a dimensão espiritual de todo o Povo de Deus. A escuta de Deus deve ser o ponto de partida para qualquer discernimento e a Igreja deve cultivar uma espiritualidade que leve à ação, à compaixão e à solidariedade com os outros, sem descurar a formação contínua dos seus elementos.

4. Em oração, na escuta do Espírito e uns dos outros, os 300 participantes reuniram em grupos e apontaram, ao final da manhã, alguns ecos do Documento Final do Sínodo:

 Sem conversão pessoal não há processo sinodal. Só assim é possível promover uma mudança de mentalidade e uma conversão das relações para uma pastoral e missionária para acolher o Sínodo que é um processo frágil e dependente do cuidado
de cada um.

 A Igreja renova-se na oração, com a escuta do Espírito e a escuta uns dos outros com empatia, humildade, respeito e acolhimento, e deve atuar de forma corresponsável, garantindo a participação de todos, em comunhão, na diversidade ministerial. Torna-se, por isso, necessário cultivar uma maior consciência de que cada batizado é protagonista da missão da Igreja e que os organismos de participação eclesial devem
ser espaços de escuta para concretizar essa mesma missão.

 A Sinodalidade é o estilo de vida do cristão e revela-se como instrumento ao serviço da missão, da abertura à sociedade e do diálogo com a cultura, nomeadamente com as periferias, em especial os migrantes. A Igreja tem de abrir as suas portas a todos e ser agente ativo na inclusão e acolhimento, procurando os que estão fora.

 Uma formação exigente para a sinodalidade é urgente no seio das comunidades para que seja possível estimular à criatividade na missão e apelar a um maior compromisso de todos, procurando chegar aos diversos meios sociais, políticos e educativos.

 A Igreja não deve ter receio de avaliar e ser avaliada pela sua ação, sendo esse um contributo fundamental para uma maior transparência e essencial para a sua contínua conversão.

 É preciso vencer o medo da novidade e cultivar na Igreja uma pastoral digital, acolher os jovens, dando-lhes maior abertura e protagonismo.

5. Em nova ronda de trabalhos de grupo, seguindo o método sinodal, os participantes responderam à pergunta “Como concretizar a Sinodalidade na vida das comunidades?”. Da partilha no plenário final, emergiram as seguintes linhas de atuação:

 Dinamizar os Conselhos Pastorais Paroquiais, criá-los onde ainda não existem, tornando-os representativos, inclusivos, participativos e transparentes com o Povo de Deus;

 Melhorar o planeamento pastoral a partir da realidade concreta, criar hábitos de avaliação sistemáticos nas comunidades e cultivar uma cultura de transparência e prestação de contas em todos os setores da Igreja;

 Formar para as práticas sinodais e lideranças partilhadas, sem medo de apostar em novas formas de agir, de forma que seja possível chegar a todas as estruturas eclesiais, aprofundando a espiritualidade batismal e potenciado a escuta e conversação no Espírito;

 Desenvolver o ministério do acolhimento, escuta e acompanhamento, incluindo os leigos neste processo e criando espaços onde as pessoas possam ser acolhidas, ouvidas e encontrar possibilidade de curar as suas feridas;

 Repensar os modelos de formação nos seminários, apostando nas dimensões humana e espiritual, promovendo mais vivências missionárias.

No final deste dia de exercício prático da sinodalidade, os participantes concluíram que é urgente dar a conhecer e oferecer uma síntese prática do Documento Final a todas as comunidades e que se revela necessário realizar um novo encontro nacional, no prazo de
um ano, para avaliar as boas práticas daquilo que se realizou.

11 Jan 2025

Arquidiocese de Évora marcou presença: Encontro Sinodal Nacional decorreu em Fátima com apelo a nova cultura de inclusão e avaliação nas comunidades católicas

A Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lançou neste sábado, dia 11 de janeiro, em Fátima um apelo à construção de uma nova cultura de inclusão e avaliação nas comunidades católicas, num encontro que reuniu 300 participantes das várias dioceses, entre os quais esteve presente uma comitiva da Arquidiocese de Évora liderada pelo Prelado eborense, D. Francisco Senra Coelho.

“Criar espaços específicos para ouvir todas as pessoas, especialmente, as pessoas com deficiência e os grupos marginalizados” foi uma das propostas deixadas na apresentação a cargo de Carmo Rodeia, da Diocese de Angra, e do padre Eduardo Duque, da Arquidiocese de Braga.

Os responsáveis falavam na sessão inicial do encontro sinodal nacional convocado pela CEP, com o objetivo de refletir sobre o documento final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade (2021-2024) e a sua aplicação prática nas comunidades.

A apresentação do documento sublinhou as várias propostas apontadas pelo documento do Sínodo, particularmente em favor de uma “cultura da inclusão e participação” nas comunidades católicas.

Carmo Rodeia, da Equipa Sinodal da CEP, destacou a necessidade de “atualizar o modelo de paróquia, criando zonas pastorais mais próximas das comunidades” e de “implementar práticas de avaliação e prestação de contas”.

A “missão no ambiente digital” e a “cultura de prevenção de abusos” foram outros temas abordados.

Os participantes foram desafiados a “fortalecer os organismos de participação, tornando os conselhos e as assembleias espaços de diálogo, transparência e corresponsabilidade”.

Carmo Rodeia destacou a importância de construir relações respeitosas “entre homens e mulheres, de diferentes gerações, e grupos de diversas identidades, dentro e fora da Igreja”.

A intervenção sublinhou os apelos a “uma participação mais ampla dos leigos e leigas nos processos de discernimento eclesial”, que saiu do último Sínodo, para “superar as barreiras” que existem, com “oportunidades de participação novas e criativas”.

As dioceses são convidadas a mudar “estruturas e processos de decisão para que sejam mais participativos e transparentes”.

A apresentação sublinhou a importância de promover momentos de “formação e educação para a sinodalidade”.

“A etapa que agora nos propomos viver é talvez a mais desafiadora”, observou Carmo Rodeia.

A renovação litúrgica e catequética, o compromisso com a juventude e as famílias, a justiça social e cuidado ambiental ou a inserção social e política dos católicos foram outras propostas deixadas à assembleia.

Foto: RIcardo Perna

O padre Eduardo Duque sublinhou, na sua intervenção, que o processo lançado em 2021 tem mostrado “uma Igreja em renovação”.

“Vamos sonhando com uma Igreja reconciliada, renovada, curada”, acrescentou.

O membro da Equipa Sinodal da CEP apresentou as cinco partes do documento final, falando da “conversão das relações” e da sinodalidade como “estilo de vida”.

“Os processos de decisão não podem estar centrados numa pessoa”, sustentou o sacerdote, pedindo uma dinâmica “mais colegial”, para construir uma Igreja “corresponsável”.

Destinado aos membros das Equipas Sinodais diocesanas e dos Conselhos Pastorais de cada diocese, o encontro conta com a presença dos bispos de Portugal.

Fonte: Agência Ecclesia

 

Igreja/Portugal: «Estamos desejosos de dar continuidade a este processo de sinodalidade» – D. Virgílio Antunes

Igreja/Portugal: Encontro Sinodal defende valorização dos organismos consultivos nas dioceses e paróquias

25 Nov 2024

Sínodo 2024: Papa afirma autoridade do documento final como «magistério» e pede implementação nas comunidades católicas

O Papa publicou neste dia 25 de novembro uma “nota de acompanhamento” do documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, encerrada em outubro deste ano, sublinhando o seu valor como “magistério” pontifício e a necessidade de implementação nas comunidades católicas.

“O documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro [o Papa] e, como tal, peço que seja aceite. Ele representa uma forma de exercício do magistério autêntico do bispo de Roma que tem algumas características novas, mas que, de facto, corresponde ao que tive a oportunidade de apontar em 17 de outubro de 2015, quando afirmei que a sinodalidade é a estrutura interpretativa apropriada para entender o ministério hierárquico”, indica, citando o discurso que proferiu no 50.º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos.

“A conclusão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não põe fim ao processo sinodal”, acrescenta.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“Reconhecendo o valor do caminho sinodal concluído, entrego agora a toda a Igreja as indicações contidas no documento final, como restituição do que amadureceu ao longo desses anos, por meio da escuta e do discernimento, e como orientação autorizada para sua vida e missão”, escreve o Papa.

Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).

O Papa recorda que “toda a Igreja foi chamada a ler sua própria experiência e a identificar os passos a serem dados para viver a comunhão, realizar a participação e promover a missão que Jesus Cristo lhe confiou”.

Agora a jornada continua nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, valorizando o documento final que foi votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes em 26 de outubro. Eu também o aprovei e, assinando-o, ordenei sua publicação, juntando-me ao “nós” da Assembleia que, por meio do documento final, se dirige ao santo e fiel Povo de Deus”.

Francisco sublinha que as dioceses, conferências episcopais e outros organismos eclesiais são chamados a “fazer escolhas consistentes” com o que está indicado no documento final do último Sínodo, “por meio dos processos de discernimento e tomada de decisão previstos pela lei e pelo próprio documento”.

O Papa retoma o que afirmou após o Sínodo sobre a Família (2014 e 2015), destacando que pode haver, na Igreja, “diferentes maneiras de interpretar certos aspetos da doutrina ou certas consequências que dela decorrem”.

“O documento final contém indicações que, à luz de suas orientações básicas, já podem ser implementadas nas Igrejas locais e nos agrupamentos de Igrejas, levando em conta os diferentes contextos, o que já foi feito e o que falta fazer para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo próprio da Igreja sinodal missionária”, aponta.

Em muitos casos, trata-se de implementar efetivamente o que já está previsto no direito existente, tanto latino quanto oriental. Noutros casos, será possível proceder, através de um discernimento sinodal e no âmbito das possibilidades indicadas pelo documento final, à ativação criativa de novas formas de ministerialidade e de ação missionária, experimentando e submetendo as experiências à verificação”.

Esta “fase de execução” do caminho sinodal, com base nas orientações oferecidas pelo documento final, vai ser acompanhada pela Secretaria-Geral do Sínodo, juntamente com os Dicastérios da Cúria Romana.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou a realização de um encontro nacional para debater as conclusões da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, a 11 de janeiro de 2025, com responsáveis das várias dioceses.

O documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, aprovado no Vaticano, devolve às comunidades locais a responsabilidade de implementar mudanças, alargando formas de “participação” de todos os seus membros.

“Pedimos a todas as Igrejas locais que continuem o seu caminho quotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando caminhos concretos e percursos de formação para realizar uma conversão sinodal palpável nas várias realidades eclesiais”, referem os participantes dos cinco continentes, após duas sessões sinodais, em 2023 e neste ano, sob a presidência do Papa.

O texto, aprovado na totalidade dos seus 155 pontos, defende que seja prevista “uma avaliação dos progressos realizados em termos de sinodalidade e de participação de todos os batizados na vida da Igreja”.

Os participantes sugerem ainda que os vários organismos episcopais “dediquem pessoas e recursos para acompanhar o caminho de crescimento como Igreja sinodal em missão e para manter o contacto com a Secretaria-Geral do Sínodo”.

OC – Agência ECCLESIA

28 Out 2024

Sínodo 2024: Documento final devolve às comunidades locais desafio de implementar dinâmicas de «consulta e discernimento»

O documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo, aprovado hoje no Vaticano, devolve às comunidades locais a responsabilidade de implementar mudanças, alargando formas de “participação” de todos os seus membros.

“Pedimos a todas as Igrejas locais que continuem o seu caminho quotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando caminhos concretos e percursos de formação para realizar uma conversão sinodal palpável nas várias realidades eclesiais”, referem os participantes dos cinco continentes, após duas sessões sinodais, em 2023 e neste ano, sob a presidência do Papa.

O texto, aprovado na totalidade dos seus 155 pontos, defende que seja prevista “uma avaliação dos progressos realizados em termos de sinodalidade e de participação de todos os batizados na vida da Igreja”.

Os participantes sugerem ainda que os vários organismos episcopais “dediquem pessoas e recursos para acompanhar o caminho de crescimento como Igreja sinodal em missão e para manter o contacto com a Secretaria-Geral do Sínodo”.

O documento identifica os “organismos de participação” como “uma das áreas mais promissoras de atuação para uma rápida implementação das orientações sinodais, conduzindo rapidamente a mudanças percetíveis”.

Cabe às Igrejas locais, e sobretudo aos seus agrupamentos, construir, de forma sinodal, formas e procedimentos eficazes de prestação de contas e de avaliação, adequados à variedade dos contextos”.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O processo sinodal não termina com o fim da atual Assembleia do Sínodo dos Bispos, mas inclui a fase de implementação”, pode ler-se no documento conclusivo.

Os participantes ligam este processo sinodal ao Concílio Vaticano II (1962-1965), como “um verdadeiro ato de receção”, que volta a apresentar “a sua força profética para o mundo de hoje”.

O texto final refere que é possível ver “os primeiros frutos” do caminho iniciado em 2021, particularmente no “desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas e mais relacional, que seja casa e família de Deus”.

“A sinodalidade é um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária, ou seja, para a tornar mais capaz de caminhar com cada homem e mulher irradiando a luz de Cristo”, precisam os participantes.

Francisco promulgou o documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).

O texto é composto por cinco partes: “O coração da sinodalidade”, “Juntos, na barca”, “Lançar a rede”, “Uma pesca abundante” e “Também eu vos envio”.

“Com este documento, a Assembleia reconhece e testemunha que a sinodalidade, uma dimensão constitutiva da Igreja, já faz parte da experiência de muitas das nossas comunidades. Ao mesmo tempo, sugere caminhos a seguir, práticas a implementar, horizontes a explorar”, explicam os participantes.

Uma das mudanças apontadas relaciona-se com o “conceito de lugar”, que remete para “a pertença a uma rede de relações e a uma cultura cujas raízes territoriais são mais dinâmicas e flexíveis do que nunca”.

“Para responder às novas exigências da missão, cada paróquia é chamada a abrir-se a formas inéditas de ação pastoral que tenham em conta a mobilidade das pessoas e o território existencial em que se desenvolve a sua vida”, indica o texto.

Os participantes aludem ainda aos desafios das novas tecnologias e das redes sociais, pedindo “recursos para que o ambiente digital seja um lugar profético para a missão”.

“As comunidades e grupos digitais cristãos, especialmente de jovens, são também chamados a refletir sobre a forma como criam laços de pertença, promovem o encontro e o diálogo, oferecem formação entre pares e desenvolvem uma forma sinodal de ser Igreja”, acrescentam.

Ainda sobre os jovens, o documento reconhece que “por vezes, a sua atitude em relação à Igreja aparece como uma crítica, mas assume frequentemente a forma positiva de um compromisso pessoal com uma comunidade acolhedora, empenhada na luta contra a injustiça social e no cuidado da casa comum”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo. 

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

28 Out 2024

Uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos” foi o apelo do Papa no encerramento da XVI Assembleia do Sínodo

O Papa encerrou hoje os trabalhos da XVI Assembleia do Sínodo, após a aprovação do documento final, reforçando os seus apelos a uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos”.

“Quanto mal causam os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, referiu Francisco, perante centenas de participantes dos cinco continentes.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O Espírito continua a difundir a harmonia na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todos os cansaços, tensões e divisões que marcam o seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos. Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos, todos! Que ninguém fique de fora, todos”, indicou o Papa.

Francisco promulgou documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), do atual Papa, sobre o Sínodo dos Bispos.

“Se expressamente aprovado pelo romano pontífice, o documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro”, precisa a exortação.

“Não tenho intenção de publicar uma exortação apostólica. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos”, anunciou Francisco aos participantes, que responderam com uma salva de palmas.

Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”.

 

Fora do documento final ficam os temas confiados aos dez grupos de estudo criados pelo Papa em fevereiro deste ano, após a primeira sessão sinodal,  que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo.

Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal – desenvolvendo questões ligadas à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.

“Não se trata de adiar indefinidamente as decisões. É o que corresponde ao estilo sinodal com que deve ser exercido também o ministério petrino: escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar”, precisou Francisco, esta tarde.

O Papa sublinhou que, “nestes passos, são necessárias as pausas, os silêncios e a oração”.

“É um estilo que estamos a aprender juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compreender como um processo de conversão”, insistiu.

Francisco deixou a sugestão de um poema de Madeleine Delbrêl (França, 1904-1964), “a mística das periferias”, que exortava: “Acima de tudo, não sejas rígido”.

“Esses versos podem tornar-se a música de fundo com a qual podemos acolher o documento final. E agora, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas”, declarou.

No final do seu discurso, o Papa agradeceu a todos os participantes e aos responsáveis pela organização da Assembleia Sinodal, assumindo que “também o bispo de Roma precisa de praticar a escuta, ou melhor, quer praticar a escuta”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Octávio Carmo – Agência ECCLESIA

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo. 

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

27 Out 2024

Sínodo 2024: Papa desafia Igreja a ouvir «grito da humanidade» e a superar fatalismo

O Papa disse hoje, dia 27 de outubro, no Vaticano, que o mundo precisa de uma Igreja que “acolhe o grito da humanidade”, superando atitudes de fatalismo e pessimismo.

“Não precisamos duma Igreja sentada e desistente, mas duma Igreja que acolhe o grito do mundo e – quero dizê-lo, talvez alguém se escandalize – uma Igreja que suja as mãos para servir o Senhor”, referiu na homilia da Missa de conclusão da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, iniciada a 2 de outubro, sobre o tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.

“Deus escuta sempre o grito dos pobres e nenhum grito de dor passa despercebido diante dele”, acrescentou.

Perante milhares de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, Francisco sustentou que esta nova etapa se constrói “acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra”.

“O grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; das crianças, escravizadas pelo trabalho, em tantas partes do mundo; a voz partida dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”, precisou.

A intervenção apontou ao futuro, pedindo “não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé”, uma “Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo”.

“Lembremo-nos sempre disto: não caminhar por conta própria ou segundo os critérios do mundo, mas caminhar juntos atrás dele e com Ele”, recomendou.

O Papa evocou a cura de um cego, Bartimeu, num comentário à passagem do Evangelho segundo São Marcos, que é lida este domingo nas igrejas de todo o mundo.

“Se permanecemos sentados na nossa cegueira, continuaremos a não ver as nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos”, indicou, perante os participantes na Assembleia Sinodal.

Francisco questionou uma “Igreja sentada”, que se “confina a si mesma à margem da realidade”.

Perante as interrogações dos homens e mulheres de hoje, os desafios do nosso tempo, as urgências da evangelização e as muitas feridas que afligem a humanidade, não podemos ficar sentados”.

A celebração contou com a exposição da antiga Cátedra de São Pedro, após uma intervenção de restauro.

Segundo nota enviada aos jornalistas, pelo Vaticano, “é muito provável que a Cátedra tenha sido doada por Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII (872-885)

“Contemplando-a com a admiração da fé, recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade”, declarou Francisco.

O Papa promulgou este sábado o documento final da Assembleia, enviando-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), assinada por Francisco, sobre o Sínodo dos Bispos.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A segunda sessão desta Assembleia Sinodal teve 368 membros com direito a voto, dos quais 272 bispos; à imagem do que aconteceu 2023, houve mais de 50 votantes mulheres, entre religiosas e leigas de vários países. 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

19 Out 2024

Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma

O Arcebispo de Évora convida a Arquidiocese a acompanhar na oração e na comunhão o Papa Francisco e o Sínodo reunido em Roma, que decorre de 2 a 27 de outubro.

O Prelado eborense pede aos Reverendos Párocos e a todos os Sacerdotes e Diáconos, bem como às Comunidades Religiosas:
– que incluam na Oração Universal e nas Preces da Liturgia das Horas orações por esta intenção;
– que em dia oportuno celebrem a Eucaristia pela Unidade da Igreja;
– que promovam momentos de oração pelo discernimento fecundo do Sínodo;
– e que valorizem a intenção do Sínodo na devoção popular em Outubro, Mês do Rosário, e nas peregrinações a Fátima, por ocasião dos dias 12 e 13 de outubro, 107º Peregrinação aniversária da última aparição e do milagre do sol.

06 Set 2024

À conversa com o Arcebispo de Évora – IV: As Migrações e a Cultura (texto)

AS MIGRAÇÕES

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia está a apresentar uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por vário episódios em formato vídeo, disponíveis nos canais digitais diocesanos. 

Em Portugal e na Europa a questão migratória está na ordem do dia. Neste contexto, em conversa com o Arcebispo de Évora quisemos ouvir o que tem a dizer o Prelado sobre este assunto, tendo em conta que recentemente se inaugurou em Vendas Novas um Centro de Acolhimento para Refugiados e Migrantes.

“Para abordar esta questão, começo por apresentar o livro do sociólogo e especialista em migrações Hein de Haas, intitulado ‘Como Funciona Realmente a Migração – Um guia factual sobre a questão que mais divide a política’”. Com base neste estudo concluímos que em Portugal os imigrantes não são os responsáveis pela maior parte dos crimes. Estamos perante uma realidade que se comprova a nível numérico e estatístico. Portanto, não podemos ligar os crimes cometidos em Portugal à imigração”, afirma o Prelado.

“Se observarmos o mesmo fenómeno na Europa e no mundo, diz este autor, que as estatísticas mantêm a mesma expressão”, aponta, acrescentando que, “uma pessoa que parte para a emigração não é desprovida de meios, de senso e de preparação. Aqueles que conseguem partir têm mais audácia, criatividade, coragem, engenho e sentido de empreendimento. Quem chega, normalmente não vem para praticar crimes, mas para trabalhar, ganhar algum dinheiro e singrar na vida”.

“Para além desta constatação, verifica-se que os imigrantes ilegais normalmente experimentam redobradas preocupações de não cometer qualquer tipo de infração que os possa denunciar. Se, porventura, cometerem uma fraude ou uma infração, podem ser descobertos e postos fora do país de acolhimento. Os diversos crimes de violência atribuídos aos imigrantes prendem-se com a inserção dos mesmos. Acerca deste processo o Papa alerta para quatro verbos importantes: ‘acolher, cuidar, promover e inserir’”, recorda o Prelado, explicando, no entanto, que “quando chegamos à segunda geração de imigrantes, já não é assim tão claro o resultado estatístico referido”.

“Qualquer inserção é problemática, se acontecer em declive social; se as pessoas que chegam forem colocadas em comunidades problemáticas, marcadas pela violência ou pela criminalidade, claro que nesse contexto, a segunda geração vai ser igual à geração que os acolheu. De facto, as novas gerações de imigrantes, nascidas ou crescidas já em Portugal, revelam as mesmas características das novas gerações da comunidade onde foram acolhidos”, explica.

“Devemos tirar consequências desta verificação: os imigrantes não podem ser recebidos de qualquer maneira. Importa acolher, cuidar, promover e inserir quem vem de fora”, apela.

“O acolhimento feito pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados tem sido capaz de exercer estas funções com vasto reconhecimento”, sublinha.

“Neste momento, com grande alegria, com muito esforço e dedicação, o serviço internacional dos jesuítas está implantado na Arquidiocese de Évora”, afirma, afiançando que “estou convencido que vai ser uma riqueza para Vendas Novas. É uma plataforma de chegada, de entrada, de adaptação e dali as famílias partem para os locais onde serão inseridas”.

“Desejo que Vendas Novas saiba viver e conviver com esta riqueza cultural, sempre em ambiente de paz, porque é assim que se constrói uma cidade aberta às grandes dinâmicas da globalização”, afiança o Arcebispo de Évora, concluindo que “numa sociedade marcada pela mobilidade o contributo cristão passa por empreendimentos como este”.

A IGREJA E A CULTURA

No horizonte da realização de Évora, Capital Europeia da Cultura em 2027, o Prelado eborense foi ainda questionado sobre o papel da Igreja neste evento de âmbito cultural.

O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho substantivou a sua reflexão do seguinte modo: “desafio, preocupação e confiança”.

“Desafio: acredito que o projecto Évora, Capital Europeia da Cultura 2027, tem um potencial capaz de projectar Évora muito para além de Portugal e da Europa, levando a nossa cidade museu ao mundo. Estou certo que a Capital Europeia da Cultura é uma marca repleta de potencialidades que temos que saber gerir e aproveitar”, aponta.

“A diversidade patrimonial de Évora, as suas especificidades únicas e a riqueza da sua população proporcionam uma excelente oferta com impacto incalculável. Évora precisa e merece que este desafio seja ganho, pois não se trata de um evento, mas de uma marca que leva Évora e traz a Évora. A grandeza desta cidade, Património Mundial, ao ser apresentada e experimentada a nível mundial, com toda a certeza, abrirá portas ao desenvolvimento integral da nossa cidade”, afiança.

“Se, de facto, a Capital Europeia da Cultura 2027 é Évora, a sua vivência não pode contar apenas com a participação de valores eborenses, mas deve assumir-se esta oportunidade com compromisso nacional. Importa que todo o país concentre o melhor de si nesta cidade e que Évora se torne uma proposta de todo o Portugal”, apela, acrescentando que “espero que Évora 2027 seja uma tenda alargada com portas amplas e abertas para que tudo o que há de melhor no nosso país, arte, cultura, ciência, espiritualidade, desporto dê o seu contributo. Não podemos esquecer a cidade congénere na Letónia para que a grande proposta ‘Vagar’ coopere na humanização do nosso país, da europa e do mundo. Se as duas cidades se encontrarem e colaborarem, com mais sucesso potenciarão a mensagem desta iniciativa Capital Europeia da Cultura, construtora da convivência pacífica dos povos”.

“Preocupação: observo que o tempo corre veloz e Évora não está ainda a viver o dinamismo que seria expetável já neste momento”, refere, acrescentando que “talvez devido a inesperadas dificuldades ao nível das coordenações nacionais, regionais e locais, se verifique este significativo atraso que refiro na mobilização interactiva das populações, na preparação de infraestruturas necessárias para um evento de proporção europeia e mundial e na ausência do conhecimento e divulgação de programas que já deviam aglutinar atenções e provocar o agendamento de deslocações a Évora”.

“Evidentemente que abraço este projecto com confiança. Acredito nas instituições e nas pessoas que estão a conduzir este processo. Apelo à união de todos por um projecto que é nosso”, sublinha.

“Que motivações políticas, ideológicas e económicas, estranhas a este projecto comum, não se coloquem à frente do bem da nossa cidade e do nosso país. Para além do nome e da imagem da nossa cidade, estão em causa muitos valores, capacidades e ofertas, que é necessário honrar, defender e promover. Confio que Évora 27 será uma vitória em grau de excelência”, afiança.

“Ressalta ao olhar de todos a importância do património religioso de Évora. Neste sector, grandes obras têm sido desafios vencidos. Recordo as mais recentes, as igrejas do Espírito Santo e de São Francisco, a partir de candidaturas a fundos europeus”, sublinha, salientando que “aproveito o momento para lembrar que a Catedral de Évora precisa urgentemente de uma visita não apenas de admiração, mas de compromisso com a sua preservação e segurança.

Há diversas urgências que exigem rápidas consolidações para que a sua robustez granítica seja efectiva em muitos pormenores fragilizados”. “Há muitos anos que a Sé de Évora não tem tido acompanhamento consequente e satisfatório naquilo que são as exigências da sua conservação. Chamo a atenção para o zimbório; trata-se de um modelo raro na Península Ibérica e na Europa. Já há vários anos que esta preciosidade da história da arte ibérica e mundial não pode ser contemplada pelos visitantes. Será incompreensível que esta tão importante atração patrimonial permaneça neste estado de abandono durante o ano 2027”, refere.

“Lembro que a Catedral de Évora, já há muito tempo estaria encerrada, se não fosse a iniciativa do seu Cabido. De facto, os funcionários que ali prestam os seus serviços são custeados exclusivamente pela entidade multissecular capitular”, esclarece, apelando que pede “aos cristãos eborenses e a todos os visitantes que vêm de fora que compreendam, com perspectiva cultual e cultural, que são chamados a ser missionários da Catedral de Évora através da oferta que dedicam ao adquirir o bilhete de entrada. Não vislumbro a possibilidade de poder cuidar devidamente da Catedral e mantê-la aberta sem o contributo de todos. Certamente não seria nada agradável, numa visita a Évora, depararmo-nos com a Catedral fechada, como infelizmente acontece com tantas igrejas. Sendo monumento nacional, não conta com nenhum funcionário custeado por qualquer entidade pública”.

“Através do Departamento da Pastoral da Cultura e do Património, que é presidido pelo sr. Cónego Mário Tavares da Oliveira já está em constituição uma equipa de trabalho para a valorização do património sacro no contexto Évora 27. Já contamos com apoios de personalidades experimentadas na organização de eventos de alta responsabilidade, bem como oriundas do mundo académico e artístico. Já estamos a trabalhar há vários meses sobre o modo como vamos valorizar o itinerário pelas nossas igrejas. Tenho uma esperança no que digo, que Évora 27 não vai deixar de ser excelente por parte da Igreja”, afiança.

“Que Évora Capital Europeia da Cultura 2027 seja uma sucessão de acontecimentos excelentes para os eborenses, que envolva todos os habitantes da cidade, e por consequência também a Igreja eborense. Que a beleza de Évora chegue ao mundo porque dela tem direito”, aponta.

“O primeiro bispo de Évora data do ano 300, Quinciano é o seu nome. Esta história não pode ser contornada. Faz parte da linfa, da seiva, daquilo que é o alimento desta árvore multissecular que se chama Évora. A sua raiz bebe e suga deste húmus onde também está a fé cristã”, conclui D. Francisco José Senra Coelho.

Texto de Pedro Miguel Conceição