Etiqueta: Liturgia

14 Set 2024

6.º Congresso Eucarístico Internacional. Por uma Igreja sinodal (texto do Cónego Francisco Couto sobre o dia 12 de setembro – quinto dia de Congresso)

A sinodalidade não é nem democracia nem maioria. Ela expressa-se no amor e no amar, como a experiência de um casal ou de uma família que se constrói na fraternidade e no amor. Aliás, a família é o primeiro lugar de educação à memória da gratuidade, para servir com alegria. Por isso, a família é gratuidade, memória, alegria, serviço. E se a família é isto, porque tantas vezes a família das famílias – a Igreja de Famílias – o não consegue ser?

A Igreja, sinal de comunhão e salvação, é capaz de salvar o mundo. É este o pedido de Jesus: “dai-lhe vós de comer!” O movimento sinodal (e a própria missão da Igreja) nasce da atenção às necessidades do outro: como fazer com o pouco que temos e somos? Não se trata de comprar para dar, mas de partilhar. Jesus não nos pede um gesto filantrópico, mas um gesto de amor!
E de onde nasce tudo isto? Só pode ser da Eucaristia onde encontramos o amor maior. Lá, onde todos se tornam Corpo de Cristo, todos fazem memória do dom gratuito de Jesus e servem dando a vida com alegria! Ou ainda não? A Eucaristia não é um ato intimista ou individualista, mas o lugar onde Cristo faz Igreja e Corpo de Cristo!
Cónego Francisco Couto

 

13 Set 2024

5.º Congresso Eucarístico Internacional. A Eucaristia e a transfiguração do mundo (texto da Dra. Manuela Barreiros)

O tema deste 3.º dia de congresso foi: “A Eucaristia e a transfiguração do mundo”. Começámos com a Eucaristia, onde o Evangelho nos mostra a ternura de Jesus, através da multiplicação dos pães e dos peixes (capítulo 9 de São Lucas). “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É isto a Eucaristia: alimento para todos, partindo de Jesus. Alimento para nós, que devemos levar aos outros, colocando em prática o que Jesus fez tantas vezes: dar, dar-Se. O Mistério da Páscoa é o maior mistério de todos os tempos, porque transforma o mal em bem. Um ato de morte transforma- se mo maior ato de bem, no maior ato de amor.

Na realidade, não há nenhum mal que Deus não consiga transformar em bem. Não há feridas que Deus não possa curar. O Mistério Pascal cura o mundo ferido em que vivemos. E este Mistério Pascal está presente na Eucaristia. Porquê e para quê? Para que possamos vivê-lo e participar nele.

Podemos perguntar-nos porque razão Deus não acaba com o sofrimento das pessoas. Não é porque Deus queira que as pessoas sofram, mas Ele transforma esse sofrimento; Ele quer que vivamos como Cristo, que foi homem e sofreu até ao sacrifício da vida por nós (cf Fil 2, 6-11). É fácil? Não! É terrivelmente difícil.  Como fazer? Oferecer a Deus, na Eucaristia. Não há nada na nossa vida que não possa ser levado ao altar. Só a oração pode transformar o sofrimento em sacrifício pelos outros e para redenção de todos.

Quando nos aproximamos de alguém em sofrimento, devemos perguntar-lhe como está, garantir-lhe que não está só e afirmar que rezaremos juntos. Para transformar o mundo, temos que olhar para cada um e ver para além do que ele representa. Podemos ver um polícia ou um criminoso, mas temos que ver a pessoa; olhar e ver com o coração. Ser um para os outros.

Quando rezamos o Pai Nosso, não devemos fazê-lo de olhos fechados. Devemos rezar de olhos bem abertos para ver bem aqueles que nos rodeiam, porque todos somos irmãos. Sim, o mundo está ferido. Mas cada um de nós, colocando em prática o que vive na Eucaristia, pode ajudar a curá-lo, transformá-lo. É passar à missão! Com a ajuda de Maria, que nos ensina a ser homens e mulheres eucarísticos.

Dra. Manuela Barreiros

 

13 Set 2024

4.º Congresso Eucarístico Internacional. Fraternidade redimida em Cristo (texto do Cón. Francisco Couto)

Que se espera que nos traga um Congresso Eucarístico? Que o homem, que as comunidades despertem para a centralidade da Eucaristia, que ela surja como meta e fonte; que ela seja prioridade. É de todo importante que evitemos o perigo de dar mais importância a qualquer atividade pastoral do que à Eucaristia, pois seria uma atividade vazia, porque isolada da sua fonte, não teria vida, não teria Cristo.

Fomos e somos desafiados a “pensar com os pés” e a “caminhar no barro” da humanidade: dizme onde estão os teus pés e eu dir-te-ei onde está a tua espiritualidade. Partindo da Eucaristia, onde Jesus me espera cada dia (mesmo na adoração) e onde Ele espera que façamos uma verdadeira experiência de escuta, descobriremos, em profunda intimidade a criatividade de Deus e do seu Espírito… para a missão.

Toda a Eucaristia é um caminho de fraternidade e paz! E isto mesmo cada homem deve saber encarnar, para que o seja de facto! Na verdade, cada cristão é responsável do seu compromisso; não é tradição ou costume! A Eucaristia não pode trazer vida dupla! A Eucaristia é o sacramento da ressurreição humana onde o perdão, a libertação, a vida nova de Cristo e até o compromisso social encontram a sua fonte. Como é possível que países, sociedades que se dizes 60, 70, 80% cristãs, não sejam capazes de construir e viver a paz? Onde a fome, a indiferença, os problemas sociais são sempre maiores?!

Como vivemos a Eucaristia? “Não se pode conhecer o sabor do vinho somente a contemplá-lo!

Cón. Francisco Couto

 

10 Set 2024

3.º Congresso Eucarístico Internacional. Mundo ferido (texto do Cónego Francisco Couto)

O primeiro dia do Congresso teve como título: “Mundo ferido”. Especifica-o a expressão bíblica do Livro dos Génesis através da pergunta que Deus faz a Caim: “Onde está o teu irmão?” (4,9). A mesma pergunta é-nos colocada hoje! Onde está o teu irmão? Ela é a verdadeira pergunta da fé, a qual lhe dá sentido e razão…

Os homens de hoje, como os de ontem, também partilham nos seus mais variados encontros as suas feridas mas também das feridas do mundo – guerra e falta de paz, desânimo, injustiças… -, feridas que se agudizam cada vez mais e expõem as diferenças sociais cada vez mais gritantes, gerando enorme abismo entre ricos e pobres ( mesmo num mundo onde a riqueza, a técnica e a ciência crescem… mas que dividem cada vez mais); feridas que têm muitas vezes como resposta a indiferença. Outras feridas são a falta de respeito pela casa comum, os problemas decorrentes da migração, que no país de origem quer no possível país de acolhimento… tudo isto revela, na verdade, a enorme falta de fraternidade que assiste o mundo. Quase ninguém, em verdade, se pergunta pelo seu irmão… e foi assim que vimos, em imagens, o que vive a Ucrânia desde o dia 24/02/2022.

Quando celebramos, deveríamos fazer a tal pergunta da fé: “onde está o teu irmão?” A Eucaristia foi a resposta de Jesus na sua própria busca! A Eucaristia é essa proposta de Jesus, proposta de vida contrastante em relação ao mundo de hoje; perdoar, amar os inimigos, dar a vida… “alistarse na equipa que perde” (Juan Manuel Cotelo). A Eucaristia é a porta que facilita a fé e a fraternidade, porque nela está Cristo presente! Recebestes de graça, daí de graça!

Isso mesmo experimentou o grupo português ao ser recebido com enorme entusiasmo alegria e entusiasmante fé pela comunidade local de Nossa Senhora de Fátima da Andaluzia, uma das paróquias de Quito. Uma igreja cheia, dezenas de fiéis a pedir a reconciliação, a celebrar com entusiasmo e alegria, junto a uma comunidade de clausura, também resplandecendo felicidade e fé!

Cónego Francisco Couto

*Na foto: Os Sacerdotes da Arquidiocese de Évora no Congresso Eucarístico Internacional

08 Set 2024

2. Congresso Eucarístico Internacional: O maior convento do mundo (texto do Cónego Francisco Couto)

Este Congresso Eucarístico é uma enorme graça para a Igreja mas, sobretudo para a Igreja Latino-amecana. O momento histórico reclama uma presença intensa de Deus através da sua Igreja, diante de tão grandes feridas e instabilidade sociopolíticas, desigualdades económicas e
políticas de pobreza e cultura de opressão.

Numa crónica do Cardeal Baltazar Porras Cardoso, Legado Pontifício para o Congresso, e apoiando-se em Simón Bolivar (1821), longe de qualquer interesse ou aproveitamento político, o Equador sempre foi referenciado como o “convento” da América Latina. E hoje, agora mesmo, “torna-se no maior convento do mundo, com as suas portas abertas à fraternidade que a Eucaristia nos dá para sermos construtores da fraternidade que gera paz, alegria e esperança.” A magnificência das igrejas e dos conventos, os templos como a majestosa “La Compañia”, o convento de são Francisco, a catedral metropolitana, o Voto Nacional ou a igreja de Santo Domingo, não surgiram por magia, são resultado de uma fé e devoção impares. 150 anos de consagração do país ao Sagrado Coração de Jesus, o primeiro país a fazê-lo, é testemunho disto mesmo; sem contar uma imensa marca de santidade, homens e mulheres, que surgem como modelos de vida e de fé.

“A originalidade do povo equatoriano deixou perplexo o estudioso alemão Alexander Humboldt quando o descreveu como “seres raros e únicos: dormem tranquilamente no meio de vulcões rangentes, vivem pobres no meio de riquezas incomparáveis e alegram-se com música triste”. É isto que continua a confundir os visitantes estrangeiros, para quem o bem-estar é medido por outros parâmetros.”

Hoje, dia 8 de setembro, na Eucaristia solene de abertura do Congresso Eucarístico, este enorme convento celebrará a primeira comunhão de mais de 1600 crianças… Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais; fazei que eu vos ame cada vez mais!.

Cónego Francisco Couto

08 Set 2024

8 a 15 de setembro: O Equador acolherá o 53.º Congresso Eucarístico Internacional, no qual a Arquidiocese de Évora estará representada

O Equador acolherá o 53.º Congresso Eucarístico Internacional, que terá lugar de 8 a 15 de setembro. Este evento, que se realiza de quatro em quatro anos num continente diferente, regressa pela quinta vez à América. Sob o lema “Fraternidade para curar o mundo”, o Congresso contará com a presença de 53 delegações confirmadas.

De Portugal estarão presentes 23 participantes acompanhados pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro. (na foto)

Da Arquidiocese de Évora participarão 3 sacerdotes e 2 leigos (Dr.ª Manuela Barreiros, o Eng.º José Maria Barreiros, o P. Joaquim Pinheiro, o P. João Luís Silva e o Cón. Francisco Couto), entre eles, o Director do Departamento Arquidiocesano da Pastoral Litúrgica, o Cónego Francisco Couto, que partilhará ao longo destes dias alguns textos sobre o Congresso Eucarístico Internacional.

Juan Carlos Garzón, secretário-geral do Congresso, sublinhou a importância deste encontro mundial, que celebra também o 150.º aniversário da consagração do Equador ao Coração de Jesus. A presença do Papa Francisco não será possível devido ao seu estado de saúde, mas o representante do papa, Cardeal Kevin Joseph, estará presente para transmitir a mensagem do Pontífice.

O Congresso incluirá um simpósio sobre vários temas relacionados com a fé e a espiritualidade. O evento terá três momentos principais: a cerimónia de abertura, a cerimónia de encerramento e uma grande procissão. A procissão terá lugar no dia 14 de setembro, do centro da cidade até à basílica, e no dia da abertura, 1667 crianças receberão a sua primeira comunhão numa cerimónia especial.

O encerramento do Congresso terá lugar no domingo, 15 de setembro, com a missa de encerramento, Statio Orbis. Nesse dia, será também anunciado o local da próxima edição do Congresso, que se realizará dentro de quatro anos. Estes são os países onde este evento religioso foi realizado na América Latina: Buenos Aires (Argentina) em 1934, Rio de Janeiro (Brasil) em 1955, Bogotá (Colômbia) em 1968 com o Papa Paulo VI e Guadalajara (México) em 2004.

Espera-se que mais de 30.000 pessoas assistam ao Congresso durante os oito dias do evento, que contará com a presença de 5.000 congressistas de todo o mundo.

05 Set 2024

1.º – Fraternidade para curar o mundo. Congresso Eucarístico Internacional (texto do Cónego Francisco Couto)

A cidade de Quito (Equador) receberá o 53º Congresso Eucarístico Internacional nos próximos dias, mais concretamente de 8 a 15 de setembro.

As últimas notícias davam conta da presença de cerca de 5000 congressistas inscritos de cerca de 53 países, mas espera-se que participem de outras formas que não presencial, mais deve 30000 pessoas. De Portugal estarão presentes 23 participantes acompanhados pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro.

Da nossa Arquidiocese participarão 3 sacerdotes e 2 leigos. (Dr.ª Manuela Barreiros, o Eng.º José Maria Barreiros, o P. Joaquim Pinheiro, o P. João Luís Silva e o Cón. Francisco Couto)

“Fraternidade para curar o mundo” é o tema que acompanhará este congresso e que deu nome ao texto base para a sua preparação. A fraternidade humana não deve permanecer um sonho; a partir da celebração eucarística deve encontrar uma maneira de se concretizar verdadeiramente.

Como afirma o documento na sua apresentação, “a Igreja de Quito vai transformar-se numa tenda eucarística, onde a mesa da Palavra e do Pão nos vai reunir para descobrirmos a presença misericordiosa de Deus que nos ama intensamente e nos torna irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai. O dom pascal do Senhor Ressuscitado, que está no coração de cada Missa e do culto eucarístico ajuda-nos a cuidar de cada irmão irmão e irmã”.

Apoiado na palavra de Jesus, no evangelho de Mateus: “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,8), deve nascer, ou renascer, o compromisso e consciência cristã de procurar caminhos que permitam uma busca comum e um diálogo renovado com as pessoas de boa vontade. Diante de um mundo fortemente dilacerado pela violência, o orgulho, a sede de poder, o ódio, a inimizade e o egoísmo, a Eucaristia há de surgir como verdadeira fonte e alimento de vida e amor; “é nela que os filhos do Pai celeste, irmãos em Cristo, realizam a mais profunda comunhão com Deus e a fraternidade entre si”.

Cónego Francisco Couto