Categoria: Missão

13 Fev 2025

«Missão País» 2025 leva mais de quatro mil estudantes de 60 faculdades a 73 localidades (com fotos)

A edição de 2025 do projeto católico de universitários ‘Missão País’ vai levar cerca de quatro mil e 200 participantes, de 60 faculdades, a 73 localidades do país, numa semana de fé, serviço e caridade.

“Há sempre mais missões a abrir, este ano foram quatro e esperamos continuar a crescer para que mais pessoas possam missionar e também para que mais localidades possam ser missionadas”, afirmou António Líbano Monteiro, um dos chefes nacionais da Missão País 2025, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

A também chefe nacional Madalena Marques Videira explica que este é um projeto que junta o serviço e a fé, com o “desejo de levar Jesus e de evangelizar Portugal através do serviço”, destacando que a semana é vivida de “forma verdadeira e intensa”.

Durante sete dias, 50 missionários, oito chefes nacionais, um padre e, em algumas missões, seminaristas e uma irmã ou consagrada, realizam missão numa região isolada de Portugal, na pausa letiva entre semestres, visitando lares, creches, escolas, levando alegria porta a porta, e preparando um teatro.

Na Arquidiocese de Évora a primeira Missão decorreu entre os dias 11 e 18 de janeiro, nas Paróquias da Unidade Pastoral de Montemor-o-Novo, com um grupo de jovens missionários oriundos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

De 25 de janeiro a 2 de fevereiro, a Paróquia de Vimieiro recebeu também uma Missão com jovens universitários da Nova SBE III.

Na passada semana, em Santo Estêvão (Benavente), um grupo da Pastoral Universitária de Évora realizou mais uma missão, com a assistência espiritual do sacerdote jesuíta, P. Miguel Ferreira. No dia 3 de fevereiro, o Arcebispo de Évora esteve presente nesta missão, tendo agradecido aos jovens a sua entrega e espírito de Missão e tendo dado uma bênção de envio.

Ainda na passada semana, um grupo da Faculdade de Belas Artes realizou a Missão País na Paróquia de São Salvador, nas Alcáçovas, sob o lema  “Não se perturbe o vosso coração”.

Entretanto, na corrente semana, decorre mais uma Missão País na Paróquia de Montargil.

07 Fev 2025

Missão País na Arquidiocese de Évora

A Missão País é um projecto católico de universitários para universitários. Organiza e desenvolve as Missões Universitárias – semanas de apostolado e acção social -em várias faculdades de Portugal que partem Portugal a dentro.
Nesta ano de 2025, a Arquidiocese de Évora recebe várias Missões Universitárias.
A primeira decorreu entre os dias 11 e 18 de janeiro, nas Paróquias da Unidade Pastoral de Montemor-o-Novo, com um grupo de jovens missionários oriundos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
De 25 de janeiro a 2 de fevereiro, a Paróquia de Vimieiro recebeu também uma Missão com jovens universitários da Nova SBE III.
Na corrente semana, em Santo Estêvão (Benavente), um grupo da Pastoral Universitária de Évora (na foto) está a realizar mais uma missão, com a assistência espiritual do sacerdote jesuíta, P. Miguel Ferreira. No dia 3 de fevereiro, o Arcebispo de Évora esteve presente nesta missão, tendo agradecido aos jovens a sua entrega e espírito de Missão e tendo dado uma bênção de envio.
20 Out 2024

20 de outubro: 98.º Dia Mundial das Missões

O Papa desafiou os católicios “a sair de novo para iniciar um novo movimento missionário”, sublinhando que o anúncio do Evangelho” é para todos”, na mensagem do Dia Mundial das Missões 2024.

“A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso, é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionaria ao serviço do Evangelho. De per si, a sinodalidade é missionária e, vice-versa, a missão é sempre sinodal”, explica o Papa, no texto divulgado  pela Santa Sé.

No documento, enviado à Agência ECCLESIA, Francisco acrescenta que, atualmente, “é ainda mais urgente e necessária” uma estreita cooperação missionaria “seja na Igreja universal, seja nas Igrejas Particulares”, e recomenda a todas as dioceses do mundo “o serviço das Pontifícias Obras Missionarias”.

O Papa assinala que “num mundo dilacerado por divisões e conflitos”, como o atual, o Evangelho de Cristo é “a voz mansa e forte” que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos “e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades”

“Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral”, indica, pedindo que nas atividades missionárias “nunca” se esqueçam que são “enviados a anunciar o Evangelho a todos”.

Segundo Francisco, a missão de levar o Evangelho “a toda a criatura deve ter, necessariamente, o mesmo estilo d’Aquele que se anuncia”, por isso, os discípulos-missionários fazem-no “com alegria, magnanimidade, benevolência”, que são fruto do Espírito Santo neles.

A frase bíblica ‘Ide e convidai a todos para o banquete’, da parábola evangélica do banquete nupcial do Evangelho de São Mateus (Mt 22, 9), dá tema à mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões 2024, a 98.ª edição que a Igreja Católica vai celebrar no dia 20 de outubro, terceiro domingo do mês.

Francisco explica que refletindo sobre esta frase-chave, no contexto da parábola e da vida de Jesus, se podem “ilustrar” aspetos importantes da evangelização, que se revelam-se “particularmente atuais para todos” os discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, segundo o lema do atual Sínodo dos Bispos -‘Comunhão, participação, missão’ – deverá “relançar na Igreja o seu empenho prioritário, isto e, o anuncio do Evangelho no mundo contemporâneo”.

O Papa indica a partir dos verbos «ide e convidai», “que expressam o núcleo da missão”, a missão é “ida incansável rumo a toda a humanidade” para convidá-la “ao encontro e a comunhão com Deus”.

Neste sentido, realça que a Igreja continuará a “ultrapassar todo e qualquer limite, sair incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, para cumprir fielmente a missão recebida do Senhor”, e, agradece aos missionários e missionarias que “deixaram tudo e partiram para longe da pátria para levar a Boa Nova”.

Oxalá todos nos, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo.”

O Papa alerta que o mundo propõe “vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo”, enquanto o Evangelho chama todos para “o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros”.

Na mensagem, assinada na Festa da Conversão de São Paulo, no dia 25 de janeiro, em São João de Latrão, no último dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2024, Francisco lembra também que as coletas do Dia Mundial das Missões “em todas as Igrejas Particulares são inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade”, que depois a Obra  Pontifícia da Propagação da Fé “distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja”.

17 Out 2024

19 e 20 de outubro, em Lisboa, realiza-se o ‘Rejoice’. Encontro nacional da juventude comemora o 1.º aniversário da edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) realizada em Lisboa. Jovens da Arquidiocese convidados a participar

O Arcebispo de Évora recomenda aos Rev.º Párocos, ao Departamento Arquidiocesano da Pastoral Juvenil e a cada jovem a participação dos jovens da Arquidiocese neste Encontro Nacional de Jovens a realizar em Lisboa, “REJOICE”, no contexto das pós-jornadas da Juventude e celebrativas do primeiro aniversário das JMJ.

Trata-se de um encontro centrado num tema urgente e interpelador na atualidade interrogante de cada jovem. Um modo muito vivo e empenhativo dos jovens viverem em unidade o Dia Mundial das Missões.


O diretor do Serviço da Pastoral da Juventude do Patriarcado disse que os jovens vão fazer festa e refletir sobre a sua “relação com a paz”, no encontro nacional ‘REJOICE’, nos dias 19 e 20 de outubro, em Lisboa.

“[Catequeses Rise Up], tal como na Jornada Mundial da Juventude há um tema, há um guião definido, que tem a ver com a paz e com a relação dos jovens como construtores de paz e como missionários da paz”, disse João Clemente, esta quarta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

‘Rejoice’ é o encontro nacional da juventude, nos dias 19 e 20 de outubro, que comemora o 1.º aniversário da edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) realizada em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023; as inscrições online encerram este sábado, dia 5 de outubro.

“Um grande encontro nacional dirigido aos jovens para poderem reencontrar-se, fazer festa”, salientou o entrevistado que espera um encontro muito participado, na pala do Pavilhão de Portugal (Parque das Nações).

“Temos o ano pastoral a começar, portanto, há muitos dinamismos que estão agora a começar, mas também sabemos que é uma altura em que as agendas também estão mais livres, pelo início do ano, por isso parece-nos que vai ser um encontro muito importante e muito bom.”

O diretor do Serviço da Pastoral da Juventude do Patriarcado de Lisboa explicou que durante o fim de semana do ‘Rejoice’ vão ter vários momentos que, “em pequena escala, são os grandes momentos da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente o Festival da Juventude, a Cidade da Alegria, uma vigília de oração, no sábado, dia 19, e os Encontros ‘Rise Up’, e a Missa de envio, no domingo, 20 de outubro.

Segundo o programa do ‘Rejoice’, João Clemente realça que o primeiro dia “vai ser um dos momentos mais importantes”, com o Festival da Juventude, entre as 15h00 e as 20h00, com três momentos: O padre Guilherme Peixoto, sacerdote DJ com música eletrónica, o ‘Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem’, com grupos/bandas de 15 dioceses a concurso, e um concerto do artista Matay.

No sábado, a ‘Cidade da Alegria’ vai acolher movimentos e congregações, ter um espaço de oração e outros de reconciliação, e este dia termina com uma vigília de oração, entre as 21h30 e as 23h00.

O encontro nacional da juventude ‘Rejoice’, no segundo e último dia, vai ter dois momentos, de manhã, as catequeses ‘Rise Up’, com o tema da paz, descentralizadas pela cidade de Lisboa, e a Missa de Envio/encerramento, às 14h00.

“Irão refletir em conjunto, dando protagonismo aos jovens sobre esta temática”, salientou, sobre os encontros ‘Rise Up’, no programa ECCLESIA, transmitido hoje, na RTP2.

João Clemente contextualizou que o processo de construção deste “grande encontro nacional” começou no início deste ano de 2024, em fevereiro e março, com o Patriarcado de Lisboa e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) a pensaram como é que poderiam assinalar o primeiro aniversário da Jornada Mundial da Juventude na capital portuguesa.

Neste sentido, explicou que “ficou claro” que em julho e agosto deste ano, as dioceses católicas portuguesas comemoraram nas suas realidades dioceses a realização da JMJ Lisboa 2023, no Patriarcado tiveram uma celebração, no dia 6 de agosto, na Sé.

Até hoje houve 15 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com celebrações anuais em cada diocese católica – em países de quatro continentes – Europa, América, Ásia e Oceânia – a última realizou em Lisboa (2023), e a próxima edição internacional é em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.

16 Out 2024

Prelado eborense apresenta conferência no centenário da revista Boa Nova

No dia 12 de outubro, pela tarde, D. Francisco Senra Coelho participou na Sessão Comemorativa do Centenário da revista Boa Nova, que se realizou em S. João da Madeira.

Na Sessão, o Prelado eborense apresentou uma conferência sobre o contexto histórico da Igreja em Portugal e do Ultramar em 1924.

A revista nasceu em 15 de agosto de 1924, com o nome de «O Missionário Católico» e é uma publicação periódica mensal, ilustrada, pertencente à Sociedade Missionária da Boa Nova, que, por sua vez, foi fundada, em 1930, pelo Papa Pio XI.

07 Out 2024

Mais de seis centenas de “Peregrinos de Esperança” iniciam Biénio Pastoral na Arquidiocese de Évora. “É importante darmos as mãos e fazermos a Esperança acontecer”, apelou D. Francisco Senra Coelho (com fotos)

Na manhã deste dia 5 de outubro, a Escola Salesiana de Évora acolheu mais de seis centenas de diocesanos, entre Presbíteros, Diáconos, Consagrados, Seminaristas e Leigos para viverem em comunhão e júbilo o Dia da Igreja Diocesana.

Deste forma, inicia de forma oficial o Biénio Pastoral 2024-2026 na Arquidiocese de Évora que tem como tema “PEREGRINOS DE ESPERANÇA”.

A jornada começou com a Oração de Laudes, conduzida pelos Seminários de Évora, e presidida pelo Arcebispo de Évora.

Depois foi momento a conferência sobre o Jubileu do Ano Santo pelo Cónego Mário de Sousa (Diocese do Algarve), que é formado em Sagrada Escritura pelo Instituto Bíblico de Roma, doutorado em Teologia Bíblica pela Universidade Gregoriana, e especialista no evangelista S. João.

Após o intervalo, houve um momento de animação pela Pastoral Juvenil, que colocou toda a Assembleia a dançar e em júbilo.

De seguida, foi apresentada uma coreografia, intitulada “Sem Limites”, interpretada pelas jovens do Centro de Recuperação de Menores D. Manuel Trindade Salgueiro, de Assumar, orientadas pelas Irmãs Hospitaleiras.

Depois decorreu uma Mesa redonda sobre o Ano Pastoral e o Congresso Eucarístico Internacional, orientada pelo P. Manuel Vieira e com intervenções do cónego Mário Tavares de Oliveira, do cónego Francisco Couto e do casal Manuela e José Barreiros.

O Cónego Mário Tavares de Oliveira partilhou que no Ano Pastoral 2024/2025, até ao final de ano 2024, vão propor-se vigílias de oração na preparação do Ano Santo.

O Ano Santo iniciará na Vigília do Natal, em Roma. Depois, no Domingo da Sagrada Família, a 29 de dezembro, na Catedral de Évora, a Arquidiocese Évora irá abrir o Ano Santo.

“Que o Ano Santo seja marcado pelo entusiasmo”, desafiou o Cónego Mário Tavares de Oliveira, adiantando que o Ano Santo será também encerrado no Domingo da Sagrada Família em 2025.

A Pastoral Arquidiocesana do Turismo organizará duas datas de alternativas de Peregrinação Diocesana a Roma, de 1 a 5 de março, que já está quase completa, e de 21 a 25 de junho. Além disso, outras Pastorais e Movimentos organizarão Peregrinações a Roma.

A nível arquidiocesano, o desafio a cada Pastoral é mobilizar-se para peregrinar, fazendo peregrinações aos variados Santuários existentes na Arquidiocese de Évora.

A 16 de novembro, haverá uma Jornada Diocesana de Pastoral, com todos os Departamentos.

A Pastoral Juvenil vai organizar no segundo sábado de cada mês, em duas paróquias da Arquidiocese, sendo as primeiras Reguengos de Monsaraz e Coruche, um momento de oração intitulado “Viver a Santidade”.

Depois, o Cónego Francisco Couto sublinhou a experiência riquíssima que viveu no Congresso Eucarístico Internacional, em Quito, sublinhando a importância de vivermos cada vez melhor a Eucaristia. “Dar prioridade à celebração da Eucaristia”, sublinhou o sacerdote.

Já o casal Manuela e José Barreiros partilhou os momentos mais marcantes do Congresso Eucarístico, testemunhando como a vivência da Eucaristia foi valorizada na sua vida pessoal, em casal e em comunidade. “Gostaria de desafiar todos a viver mais intensamente a Eucaristia nas nossas Comunidades e sermos Peregrinos de Esperança”, apelou a professora Manuela Barreiros.

Por fim, o Prelado eborense dirigiu uma palavra de agradecimento e ânimo a todos os presentes, desafiando-os a serem Peregrinos de Esperança nas suas Comunidades.

O Arcebispo de Évora sublinhou duas datas que marcarão o Ano Pastoral 2024/2025: a abertura do Ano Santo, na Catedral de Évora, a 29 de dezembro de 2024, na Solenidade da Sagrada Família; e a Peregrinação Arquidiocesana das Famílias a Vila Viçosa, no últimos sábado do mês de maio de 2025.

O Dia da Igreja Diocesana terminou com a Bênção do Arcebispo de Évora, com a Oração do Jubileu 2025 e o momento do Envio, animado pelo Seminário Redemptoris Mater de Évora.

“Vamos ser um Jubileu de humanização”

Em declarações ao Departamento de Comunicação, o Prelado eborense desafiou “os diocesanos a serem mensageiros da esperança uns para os outros”, desafiando a “Igreja de Évora a abraçar o mundo e a estar ao serviço de cada pessoa”.

“Que sejamos peregrinos de esperança em todos os ambientes em que estamos inseridos, apesar de todo o ambiente adverso e difícil que nos rodeia, marcado pelas guerras e pela violência”, apelou.

“É importante darmos as mãos e fazermos a esperança acontecer. Peregrinos da Esperança somos nós a Igreja ao serviço de todos e com todos, numa dimensão profética, de anúncio e ao mesmo tempo de alerta”, desafiou o Prelado.

“Obrigado a todos os que vieram, obrigado a todos os que estão connosco, a caminho do Ano Santo. Vamos ser um Jubileu de humanização pelo respeito e ao serviço de todos, sobretudo dos que não têm voz”, concluiu o Arcebispo de Évora.

 



 

 


06 Set 2024

À conversa com o Arcebispo de Évora – IV: As Migrações e a Cultura (texto)

AS MIGRAÇÕES

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia está a apresentar uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por vário episódios em formato vídeo, disponíveis nos canais digitais diocesanos. 

Em Portugal e na Europa a questão migratória está na ordem do dia. Neste contexto, em conversa com o Arcebispo de Évora quisemos ouvir o que tem a dizer o Prelado sobre este assunto, tendo em conta que recentemente se inaugurou em Vendas Novas um Centro de Acolhimento para Refugiados e Migrantes.

“Para abordar esta questão, começo por apresentar o livro do sociólogo e especialista em migrações Hein de Haas, intitulado ‘Como Funciona Realmente a Migração – Um guia factual sobre a questão que mais divide a política’”. Com base neste estudo concluímos que em Portugal os imigrantes não são os responsáveis pela maior parte dos crimes. Estamos perante uma realidade que se comprova a nível numérico e estatístico. Portanto, não podemos ligar os crimes cometidos em Portugal à imigração”, afirma o Prelado.

“Se observarmos o mesmo fenómeno na Europa e no mundo, diz este autor, que as estatísticas mantêm a mesma expressão”, aponta, acrescentando que, “uma pessoa que parte para a emigração não é desprovida de meios, de senso e de preparação. Aqueles que conseguem partir têm mais audácia, criatividade, coragem, engenho e sentido de empreendimento. Quem chega, normalmente não vem para praticar crimes, mas para trabalhar, ganhar algum dinheiro e singrar na vida”.

“Para além desta constatação, verifica-se que os imigrantes ilegais normalmente experimentam redobradas preocupações de não cometer qualquer tipo de infração que os possa denunciar. Se, porventura, cometerem uma fraude ou uma infração, podem ser descobertos e postos fora do país de acolhimento. Os diversos crimes de violência atribuídos aos imigrantes prendem-se com a inserção dos mesmos. Acerca deste processo o Papa alerta para quatro verbos importantes: ‘acolher, cuidar, promover e inserir’”, recorda o Prelado, explicando, no entanto, que “quando chegamos à segunda geração de imigrantes, já não é assim tão claro o resultado estatístico referido”.

“Qualquer inserção é problemática, se acontecer em declive social; se as pessoas que chegam forem colocadas em comunidades problemáticas, marcadas pela violência ou pela criminalidade, claro que nesse contexto, a segunda geração vai ser igual à geração que os acolheu. De facto, as novas gerações de imigrantes, nascidas ou crescidas já em Portugal, revelam as mesmas características das novas gerações da comunidade onde foram acolhidos”, explica.

“Devemos tirar consequências desta verificação: os imigrantes não podem ser recebidos de qualquer maneira. Importa acolher, cuidar, promover e inserir quem vem de fora”, apela.

“O acolhimento feito pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados tem sido capaz de exercer estas funções com vasto reconhecimento”, sublinha.

“Neste momento, com grande alegria, com muito esforço e dedicação, o serviço internacional dos jesuítas está implantado na Arquidiocese de Évora”, afirma, afiançando que “estou convencido que vai ser uma riqueza para Vendas Novas. É uma plataforma de chegada, de entrada, de adaptação e dali as famílias partem para os locais onde serão inseridas”.

“Desejo que Vendas Novas saiba viver e conviver com esta riqueza cultural, sempre em ambiente de paz, porque é assim que se constrói uma cidade aberta às grandes dinâmicas da globalização”, afiança o Arcebispo de Évora, concluindo que “numa sociedade marcada pela mobilidade o contributo cristão passa por empreendimentos como este”.

A IGREJA E A CULTURA

No horizonte da realização de Évora, Capital Europeia da Cultura em 2027, o Prelado eborense foi ainda questionado sobre o papel da Igreja neste evento de âmbito cultural.

O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho substantivou a sua reflexão do seguinte modo: “desafio, preocupação e confiança”.

“Desafio: acredito que o projecto Évora, Capital Europeia da Cultura 2027, tem um potencial capaz de projectar Évora muito para além de Portugal e da Europa, levando a nossa cidade museu ao mundo. Estou certo que a Capital Europeia da Cultura é uma marca repleta de potencialidades que temos que saber gerir e aproveitar”, aponta.

“A diversidade patrimonial de Évora, as suas especificidades únicas e a riqueza da sua população proporcionam uma excelente oferta com impacto incalculável. Évora precisa e merece que este desafio seja ganho, pois não se trata de um evento, mas de uma marca que leva Évora e traz a Évora. A grandeza desta cidade, Património Mundial, ao ser apresentada e experimentada a nível mundial, com toda a certeza, abrirá portas ao desenvolvimento integral da nossa cidade”, afiança.

“Se, de facto, a Capital Europeia da Cultura 2027 é Évora, a sua vivência não pode contar apenas com a participação de valores eborenses, mas deve assumir-se esta oportunidade com compromisso nacional. Importa que todo o país concentre o melhor de si nesta cidade e que Évora se torne uma proposta de todo o Portugal”, apela, acrescentando que “espero que Évora 2027 seja uma tenda alargada com portas amplas e abertas para que tudo o que há de melhor no nosso país, arte, cultura, ciência, espiritualidade, desporto dê o seu contributo. Não podemos esquecer a cidade congénere na Letónia para que a grande proposta ‘Vagar’ coopere na humanização do nosso país, da europa e do mundo. Se as duas cidades se encontrarem e colaborarem, com mais sucesso potenciarão a mensagem desta iniciativa Capital Europeia da Cultura, construtora da convivência pacífica dos povos”.

“Preocupação: observo que o tempo corre veloz e Évora não está ainda a viver o dinamismo que seria expetável já neste momento”, refere, acrescentando que “talvez devido a inesperadas dificuldades ao nível das coordenações nacionais, regionais e locais, se verifique este significativo atraso que refiro na mobilização interactiva das populações, na preparação de infraestruturas necessárias para um evento de proporção europeia e mundial e na ausência do conhecimento e divulgação de programas que já deviam aglutinar atenções e provocar o agendamento de deslocações a Évora”.

“Evidentemente que abraço este projecto com confiança. Acredito nas instituições e nas pessoas que estão a conduzir este processo. Apelo à união de todos por um projecto que é nosso”, sublinha.

“Que motivações políticas, ideológicas e económicas, estranhas a este projecto comum, não se coloquem à frente do bem da nossa cidade e do nosso país. Para além do nome e da imagem da nossa cidade, estão em causa muitos valores, capacidades e ofertas, que é necessário honrar, defender e promover. Confio que Évora 27 será uma vitória em grau de excelência”, afiança.

“Ressalta ao olhar de todos a importância do património religioso de Évora. Neste sector, grandes obras têm sido desafios vencidos. Recordo as mais recentes, as igrejas do Espírito Santo e de São Francisco, a partir de candidaturas a fundos europeus”, sublinha, salientando que “aproveito o momento para lembrar que a Catedral de Évora precisa urgentemente de uma visita não apenas de admiração, mas de compromisso com a sua preservação e segurança.

Há diversas urgências que exigem rápidas consolidações para que a sua robustez granítica seja efectiva em muitos pormenores fragilizados”. “Há muitos anos que a Sé de Évora não tem tido acompanhamento consequente e satisfatório naquilo que são as exigências da sua conservação. Chamo a atenção para o zimbório; trata-se de um modelo raro na Península Ibérica e na Europa. Já há vários anos que esta preciosidade da história da arte ibérica e mundial não pode ser contemplada pelos visitantes. Será incompreensível que esta tão importante atração patrimonial permaneça neste estado de abandono durante o ano 2027”, refere.

“Lembro que a Catedral de Évora, já há muito tempo estaria encerrada, se não fosse a iniciativa do seu Cabido. De facto, os funcionários que ali prestam os seus serviços são custeados exclusivamente pela entidade multissecular capitular”, esclarece, apelando que pede “aos cristãos eborenses e a todos os visitantes que vêm de fora que compreendam, com perspectiva cultual e cultural, que são chamados a ser missionários da Catedral de Évora através da oferta que dedicam ao adquirir o bilhete de entrada. Não vislumbro a possibilidade de poder cuidar devidamente da Catedral e mantê-la aberta sem o contributo de todos. Certamente não seria nada agradável, numa visita a Évora, depararmo-nos com a Catedral fechada, como infelizmente acontece com tantas igrejas. Sendo monumento nacional, não conta com nenhum funcionário custeado por qualquer entidade pública”.

“Através do Departamento da Pastoral da Cultura e do Património, que é presidido pelo sr. Cónego Mário Tavares da Oliveira já está em constituição uma equipa de trabalho para a valorização do património sacro no contexto Évora 27. Já contamos com apoios de personalidades experimentadas na organização de eventos de alta responsabilidade, bem como oriundas do mundo académico e artístico. Já estamos a trabalhar há vários meses sobre o modo como vamos valorizar o itinerário pelas nossas igrejas. Tenho uma esperança no que digo, que Évora 27 não vai deixar de ser excelente por parte da Igreja”, afiança.

“Que Évora Capital Europeia da Cultura 2027 seja uma sucessão de acontecimentos excelentes para os eborenses, que envolva todos os habitantes da cidade, e por consequência também a Igreja eborense. Que a beleza de Évora chegue ao mundo porque dela tem direito”, aponta.

“O primeiro bispo de Évora data do ano 300, Quinciano é o seu nome. Esta história não pode ser contornada. Faz parte da linfa, da seiva, daquilo que é o alimento desta árvore multissecular que se chama Évora. A sua raiz bebe e suga deste húmus onde também está a fé cristã”, conclui D. Francisco José Senra Coelho.

Texto de Pedro Miguel Conceição
30 Ago 2024

Podcast d’Esperança – À conversa com o Arcebispo de Évora – Episódio 4: As Migrações (com vídeo)

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia apresenta uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por 5 episódios em formato vídeo que poderá conhecer todos os sábados, entre 10 de agosto e 7 de setembro, nos canais digitais diocesanos.

No segundo episódio, que estreará neste sábado, dia 31 de agosto, no canal de Youtube da Arquidiocese, e que poderá assistir no site www.diocesedeevora.pt, o Prelado eborense aborda o tema das Migrações.

26 Ago 2024

À conversa com o Arcebispo de Évora – V: A Pastoral Vocacional na Arquidiocese (texto)

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia apresenta uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por 5 episódios em formato vídeo, que poderá conhecer todos os sábados, entre 10 de agosto e 7 de setembro, nos canais digitais diocesanos, nomeadamente no canal de Youtube da Arquidiocese e no site www.diocesedeevora.pt.

A Pastoral Vocacional foi outro dos assuntos abordados na conversa de balanço do Ano Pastoral com o Prelado eborense.

D. Francisco Senra Coelho começa por enquadrar historicamente esta questão: “A nossa Arquidiocese, depois de 1870 para cá, não tem tido vocações em número suficiente para sustentar as 156  paróquias que a compõem. Sabemos que as causas se enraízam no encerramento da Faculdade de Teologia da Universidade de Évora (1759), expulsão das Ordens religiosas masculinas com a confiscação dos seus bens; o encerramento dos noviciados das Ordens religiosas femininas com igual confiscação dos seus bens após a morte da última Irmã; a perseguição religiosa da primeira república, sobretudo de 1910 a 1920 com a confiscação de todos os bens móveis e imóveis da Igreja; mais recentemente a ampla difusão do marxismo comunista através de células clandestinamente implantadas a partir de 1933 no Alentejo latifundiário.”

“Lembro que por volta de 1870 veio de Bragança o primeiro seminarista do norte de Portugal para o nosso seminário. Como disse, até 1870 a Arquidiocese auto sustentava-se com as suas vocações. Os alfobres vocacionais da Arquidiocese encontravam-se concretamente em Campo Maior, em Elvas, em Estremoz, em Vila Viçosa, em Redondo e em Borba, juntamente com Samora Correia, Benavente e Coruche. Se o Seminário de Nossa Senhora da Purificação podia contar com vocações de toda a Arquidiocese, nomeadamente também da cidade de Évora, destas localidades procedia a maior parte dos seminaristas de Évora”, explica.

“Com a chegada de Dom Manuel Mendes da Conceição Santos estas vocações do Norte foram incrementadas, em primeiro lugar, a partir do Distrito de Aveiro. De lá, o bondoso Arcebispo trouxe um fiel colaborador, Mons. Fidalgo, que o acompanhou e o ajudou. Posteriormente, substituído por Mons. Pantaleão Costeira que, com um trabalho incansável, trouxe dezenas de jovens oriundos de Estarreja, de Ílhavo, da Murtosa e de Avanca. Os apelos do Arcebispo de Évora acabaram por chegar também às dioceses de Lamego, Guarda e à Beira Baixa”, recorda.

“Essa fonte terminou, ou é escassa, porque as dioceses do norte também têm muitas dificuldades vocacionais. Em suma, é algo que acontece em toda a Europa”, afiança.

“Embora ultimamente, graças a Deus e ao trabalho que se tem feito nas paróquias, com a ajuda da pastoral vocacional, apareçam em número significativo vocações alentejanas e ribatejanas, continuamos a precisar de vocações que venham para além do Ribatejo e do Alentejo, ou seja, fora da Arquidiocese”, afiança o Arcebispo de Évora.

“Assim, temos um conjunto de sacerdotes que vêm, nomeadamente, de Angola e de Moçambique, continuar os seus estudos no ensino superior português, muito concretamente na Universidade de Évora, no Politécnico de Portalegre e na Universidade Católica de Lisboa. Estes sacerdotes chegam com muito boa vontade, trazem consigo a esperança de servirem a Arquidiocese irmã de Évora e entregam-se geralmente de alma e coração ao estudo, tendo na maior parte dos casos, um assinalável desempenho académico. Com alegria, ajudámos vários sacerdotes a concluírem licenciaturas, mestrados e, em alguns casos, permanecem em fase de doutoramento em diversas ciências humanas.
Agradecemos a estes padres toda a colaboração prestada à Arquidiocese, assumindo Paróquias e construindo importantes partilhas de experiências eclesiais entre as suas Igrejas africanas e a Igreja alentejana e ribatejana de Évora. É muito gratificante para a nossa Igreja particular usufruir deste enriquecimento e contribuir para a valorização destes estimados padres que se vieram formar para regressar às suas dioceses, a fim de enriquecerem os seus presbitérios e melhor servirem os povos de que procedem”, aponta.

“Também há sacerdotes vindos de outros países que não vieram para estudar, mas para se dedicar plenamente à pastoral, recordo o caso o Padre Lelo já incardinado na nossa Arquidiocese, do Padre Rogério e do Padre Caetano Salvador Dallá, os dois últimos cedidos temporariamente pelos seus bispos”, acrescenta.

“Percorremos uma nova experiência ao recebermos de várias dioceses lusófonas seminaristas que nos são enviados para se prepararem para o ministério presbiteral”, explica, adiantando que “para o próximo ano teremos seminaristas da Diocese de Díli; pela primeira vez, seminaristas vindos da Diocese de Tete, em Moçambique; continuaremos a receber jovens vindos de Angola, dioceses de Ondjiva e Menong; da Diocese de Mindelo – Cabo Verde; e no caso especial de um país não lusófono, receberemos dois alunos originais de Cuba”.

“Estes jovens, se assim Deus permitir, e se for o discernimento da Igreja, serão ordenados presbíteros e ficarão ao serviço da Arquidiocese durante cinco anos ou mais”, revela o Prelado, explicando que “o contrato que estas dioceses têm com a Arquidiocese de Évora é que nos cabe proporcionar a formação no Seminário e no Instituto Superior de Teologia de Évora, permanecendo eles, posteriormente, 5 anos na nossa Arquidiocese, exceptuando a diocese de Menong cujos futuros sacerdotes poderão permanecer na nossa Arquidiocese apenas por 3 anos”.

“Acreditamos que ao fim de sete ou oito anos de permanência no nosso Seminário e no ISTE, estes jovens estarão já com uma experiência assinalável de enculturação ao contexto cultural e sócio-religioso da Arquidiocese. Acredito que será uma forma nova da Igreja de Évora caminhar com o apoio de vocações vindas de fora agora do próprio continente europeu e que sem substituir, completarão a insubstituível necessidade da Pastoral Vocacional nas Paróquias, Movimentos e Comunidades da Arquidiocese”, sublinha, acrescentando o Prelado que “não se pode substituir, mas temos que trabalhar todos. Acredito que as vocações na nossa Arquidiocese também vão  continuar a brotar como fruto da beleza destes jovens que com tanta generosidade vêm até nós, a partir de terras missionárias que os nossos antepassados ajudaram a evangelizar”.

“Também se abre a possibilidade de alguns Institutos religiosos e novas Comunidades de Vida matricularem os seus alunos no Instituto Superior de Teologia de Évora. Contactaram-se para o efeito a Província Portuguesa dos Salesianos e a Comunidade de Vida Canção Nova”, aponta o Prelado.

“O trabalho que desde há muito acontece no Instituto Superior de Teologia de Évora exige de toda a Arquidiocese um voto de louvor e ação de graças. Ao falarmos da Pastoral vocacional com vista aos ministérios ordenados do diaconado e do presbiterado e da valorização do nosso laicado com vista a futuros ministérios instituídos e serviços eclesiais, é obrigatório reconhecer o papel indelével e decisivo que o ISTE exerce ao nível das qualificações e da excelência académica”, sublinha o Arcebispo de Évora.

“Na visita ad limina, responsáveis do Vaticano* apelavam para que fossemos buscar missionários onde há vocações. Diziam: ‘Vós sois um povo com experiência missionária que há-de saber receber nestes nossos tempos missionários vindos das novas Igrejas. Não envergueis pela desistência do anúncio da Fé cristã no velho continente europeu. Não fecheis igrejas, como em outros países, não vendais igrejas! Não encerreis capelanias e serviços de presença humanizadora. Procurai vocações sacerdotais e sacerdotes nas Igrejas onde os podeis encontrar’. Como sempre a odisseia missionária exige paciência, espera e tempo. Mas, quando acontece, redige e escreve nas mais belas páginas da História da Igreja. Enviar missionários é tão exigente como acolher missionários. Trabalhemos juntos!”, apela o Prelado. (*in Dicastério para a Evangelização – Seção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares, Dom Fortunatus Nwachukwu, Secretário)

“Ressalvando as grandes diferenças culturais e continentais ainda que na pátria comum da mesma língua (Fernando Pessoa), parece-me poder dizer que aquilo que está a acontecer no nosso Seminário Maior de Évora e na nossa Arquidiocese surge no seguimento da sua história vocacional, agora os jovens seminaristas não vêm da Guarda nem de Aveiro, não têm origem em Braga, como eu, mas de mais longe. Claro que para além desta diferença nós viemos para ficar e eles virão para partir, porém o seu tempo de permanência entre nós estou certo que será um dom enquadrado nas grandes mudanças que se perspetivam numa sociedade em mobilidade e em crescente transformação pela globalização”, aponta.

“Desejo pôr-me nas mãos de Deus, que Ele ilumine o necessário discernimento, pensando que toda a Arquidiocese me acompanha e que aquilo que está a acontecer é um sinal dos tempos discernido, e que nunca seja, de modo algum, consequência da escolha pelos mais fácil e imediato, pela omissão e facilitismo”, aponta.

Referindo-se ao triénio vocacional vivido pela Província Eclesiástica de Évora (Évora, Beja e Algarve), o nosso Prelado referiu: “na minha modesta opinião o momento mais alto foi a Jornada de Formação Permanente para o Clero do Ano Pastoral 2022/2023 a que se juntaram também padres vindos da diocese irmã de Setúbal. A temática que preencheu as jornadas foi a Pastoral Vocacional. Sendo a mudança de mentalidades o desafio mais difícil para a pastoral, estas Jornadas permanecem como um marco indelével na pastoral vocacional das nossas Dioceses do Sul”, recorda.

“Agradeço a Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bom Pastor, o dom do Seminário Redemptoris Mater que fruto da experiência do Caminho Neocatecumenal permanece na nossa cidade e na nossa Arquidiocese como mais uma resposta da fidelidade de Deus: ‘Dar-vos-ei pastores!’ (Jeremias 3, 15). No contexto pós conciliar, a Igreja ajudou-nos a perceber que não podemos falar de iniciação cristã sem falar de vocação. Encontrar-se face a face com Cristo nas nossas estradas de Damasco, significa descobrir a beleza da Sua misericórdia, a qual não cabe dentro de nós e, por isso, proclamamos a libertação experimentada e no nosso louvor orante entoamos: ‘Não há amor como o Teu’. Porque a alegria do encontro com Cristo Ressuscitado não cabe em nós, levamo-la aos nossos Irmãos, testemunhando jubilosamente o querigma, a boa notícia do nosso encontro com Cristo e com aqueles que decidem perguntar ‘Mestre, onde moras?’ (Jo 1,35-42), iniciamos tempos de catequese em caminhadas catecumenais. É desta experiência que até nós chegou o Seminário Redemptoris Mater, Nossa Senhora de Fátima, de Évora. Dou graças a Deus, mais uma vez, pelo discernimento que o meu venerando antecessor, Dom José Alves, fez à luz do Espírito Santo e pretendo colocar os meus pés nas suas peugadas e continuar a perceber, cada vez mais melhor, a novidade e as exigências deste carisma. A sua peculiaridade consiste em ser um Seminário Arquidiocesano missionário ad gentes. A história da Igreja ensina que os novos carismas fazem caminho, caminhando. Com fidelidade ao Espírito Santo, expresso pela Sua Igreja, desejo uma sinodalidade de fazer caminho, caminhando com o nosso Seminário Redemptoris Mater. Convido toda a Arquidiocese a unirem-se ao Bispo, sucessor dos Apóstolos, nesta confiança do dom de Deus e a caminharmos juntos. Louvo o Senhor pelos três presbíteros ordenados a partir deste Seminário e que já há vários anos servem as Comunidades de Borba e Campo Maior”, sublinha o Arcebispo de Évora.

Interrogado ainda sobre a urgente necessidade da pastoral vocacional feminina, referiu o Prelado que “a valorização da mulher na Igreja também passa pela sua presença maternal na vida religiosa. Porque a Igreja é mãe e se revê em Maria, a vida religiosa feminina é um dom de enorme apreço na vida da nossa Arquidiocese. Rezo e convido a Arquidiocese a rezar para que entre nós surja uma primavera vocacional feminina: a maternidade espiritual e a fraternidade própria da vida consagrada. Sem esquecer que a vida contemplativa religiosa é a alma da Igreja, recordo que a dimensão missionária da vida religiosa é tão necessária nesta Arquidiocese e que ambos os carismas se fundem no grande sinal da presença de Deus no meio de nós. Nunca poderá haver pastoral vocacional sem integrar a vida religiosa e muito concretamente a vida religiosa feminina. Em nome da Arquidiocese um obrigado profundo às consagradas que são para nós sinal do Amor de Deus e da vida eterna”, agradece D. Francisco Senra Coelho.

Texto de Pedro Miguel Conceição