Encontro Diocesano de Centros Sociais Paroquiais da Arquidiocese de Évora debateu as exigências da Missão e o desafio da sustentabilidade (com fotos) (atualizado)
Os Centros Sociais Paroquiais (CSP) da Diocese de Évora reuniram-se num encontro de trabalho, no passado sábado, 25 de Janeiro, no auditório do Centro de Inovação Social da Fundação Eugénio de Almeida, sob o tema:
“Missão e sustentabilidade”. Promovido pelo Departamento Diocesano de Pastoral Social, congregou 40 representantes de 15 dos 25 Centros da Arquidiocese.
O Arcebispo de Évora, que participou em todo o encontro, dirigiu palavras de acolhimento, saudação e estímulo a todos os participantes e suas instituições, tendo-se referido à valorização da “solidariedade cristã” e “promoção integral da pessoa humana”, em textos recentes do Papa Francisco e à reflexão apresentada pelo Papa Bento XVI aos agentes da Pastoral Social, na Basílica da SS. Trindade em Fátima, aquando da sua visita a Portugal, na qual o Papa apontou o que caracteriza e é específico da acção social realizada pela Igreja.
Na apresentação inicial, o director do Departamento, P. Manuel Vieira, fez uma breve caracterização das instituições e dos serviços por elas prestados. Os CSP estão distribuídos por 10 dos 22 Concelhos da Diocese e mantêm a funcionar 86 Respostas Sociais, sobretudo Lares, Centros de Dia, Serviços de Apoio Domiciliário, Creches e Jardins de Infância. No total, têm capacidade para atender e servir 2 579 pessoas diariamente, sendo que, neste momento, apresentam uma taxa de ocupação de 87,5%. No caso dos Lares (ERPI’s), a capacidade está inteiramente esgotada e há lista de espera em todas as instituições. Estes 25 CSP têm um total de 626 funcionários.
Nesta apresentação inicial, o responsável diocesano referiu os principais problemas que os Centros enfrentam: a pequena escala das Respostas Sociais de muitos deles, um problema de subfinanciamento crónico e uma dificuldade progressiva em encontrar recursos humanos, devido aos baixos salários, carreiras pouco atractivas e falta de formação adequada.
Como caminhos de solução foram referidas algumas propostas: passar do isolamento à consciência de rede, partilha de recursos humanos e materiais, bem como de procedimentos e métodos, articulação e cooperação na formação e possibilidade de negociação conjunta de fornecimentos; diversificação de receitas, maior profissionalização, expansão e criatividade e a necessidade de ter uma voz comum.
Eugénio Fonseca, antigo presidente nacional da Caritas, focou a sua intervenção nos fundamentos da Pastoral Social e apontou algumas propostas para o futuro: defender a dignidade original da pessoa, preferencialmente das mais pobres; desenvolver mais esforços no que se refere à pastoral social em todas as paróquias, intensificar a formação permanente do clero e dos leigos nesta área e respeitar o princípio da universalidade, na certeza de que os bens são destinados a todos. Também considerou fundamental “Praticar o princípio da subsidiariedade, porque todos temos responsabilidades na construção da Casa Comum, assumir a denúncia profética do mal como forma de combater as injustiças, prover as instituições sociais da Igreja por pessoas com sensibilidade social e dinâmica eclesial e de funcionários que conheçam e respeitem os princípios identitários de cada uma delas”. A terminar, sublinhou que as instituições devem “preservar a sua identidade e autonomia, tornar público o seu ideário, ter como uma das prioridades a justa remuneração dos funcionários, procurar ir até ao limite nos procedimentos da transparência da gestão e ter sempre presente que o trabalho colaborativo é sempre mais eficaz”.
O Professor Rogério Roque Amaro reflectiu sobre o tema “As IPSS da Diocese de Évora como organizações de economia social e solidária: caminhos de sustentabilidade”, salientando a importância destas instituições se basearem num conceito de rede aberta e criativa, numa articulação e cooperação regulares e permanentes. Frisou a importância de valorizar uma lógica de gestão não apenas economicista, mas também baseada no intercâmbio de cuidados e serviços, numa lógica de cooperação local de valor qualitativo.
João Cachaço, Director Executivo da Caritas Diocesana terminou a manhã de trabalho partilhando algumas boas práticas que existem na Diocese e fora dela, no âmbito das instituições do sector social, como sejam a criação de serviços comuns a várias instituições que possam diminuir custos, optimizar recursos e diversificar receitas.
Este encontro, presidido pelo Arcebispo de Évora pretende ter continuidade noutras iniciativas que fomentem a partilha de experiências e possam ir consolidando mecanismos de maior cooperação entre as diversas instituições diocesanas no âmbito da pastoral social.