Sexta-feira Santa, na Sé de Évora, Oração de Laudes: “Jesus está aí nos excluídos, nos rejeitados, nas novas escravaturas do mundo moderno. Ele desceu ao mais fundo, ao mais baixo para abraçar cada homem e cada mulher e elevá-lo na sua ressurreição à dignidade de filhos de Deus”, disse o Arcebispo de Évora (com fotos e vídeo)
A Semana Santa 2025 está a ser vivida em pleno na Catedral de Évora, assim como por toda a Arquidiocese.
Nesta Sexta-feira Santa, dia 18 de abril, pelas 10h, decorreu a celebração de Laudes, na Catedral eborense, presidida pelo Arcebispo de Évora.
O Coro Stella Matutina entoou os Salmos e Cânticos próprios das Laudes de Sexta-feira Santa.
Depois foi lida a Leitura – Is 52, 13-15: “Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações e diante dele os reis ficarão calados, porque hão-de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido”.
Após a leitura, numa breve reflexão, o Arcebispo de Évora disse que percebemos como Senhor se manifestou na sua grandeza imensa, em todo o seu poder, através deste gesto de suprema humilhação”.
“Jesus coincidiu a sua liberdade com a liberdade que o Pai lhe propunha”, acrescentou.
“Jesus identifica-se com ser humano mais pequeno, mais rejeitado e excluído. Neste movimento descendente acontece o encontro de Deus com a Humanidade. Percebemos que ninguém fica de fora, que ninguém é excluído do Amor de Deus. Todos recebem o dom do Amor, da Compaixão. Encontramo-nos com o Senhor em Compaixão”, desenvolveu.
“Nesta manhã em que Jesus percorria o caminho do seu julgamento, em que é apresentado “Eis o Homem”, ridicularizando a sua condição humana, é neste momento até à hora sexta que acompanhamos o Senhor nesta passagem através dos gritos constantes crucifica-o, crucifica-o”, recordou o Prelado, acrescentando que “depois de ter sido recebido em domingo de triunfo, na entrada de Jerusalém, é este reverso da medalha, este reverso da humanidade que o condena à morte”.
“Neste reverso da humanidade, percebemos que o Senhor se identifica com todos os traídos, com as vítimas da cobardia, e desce às profundezas do nada”, referiu.
“Podíamo-nos encontrar esta manhã com o Senhor em tantos estabelecimentos prisionais, como Santo Padre fez há poucos dias”, recordou.
“Hoje podíamos encontrar com Jesus crucificado em tantos campos de refugiados, onde crianças e adultos desafiam a água pisada pelos animais para saciar a sua sede”, disse, acrescentando “podíamos encontrar Jesus em tantas multidões que fogem à morte”.
“Jesus está aí nos excluídos, nos rejeitados, nas novas escravaturas do mundo moderno. Ele desceu ao mais fundo, ao mais baixo para abraçar cada homem e cada mulher e elevá-lo na sua ressurreição à dignidade de filhos de Deus”, afiançou.
“Este Jesus que vem para descer aos invernos do mundo para percorrer os caminhos da humanização, da dignificação”, apontou.
“Sexta-feira santa lembra-nos a cruz e põe-nos em atitude de silencio. Mas sexta-feira santa é um apelo, um grito de com Jesus irmos aos infernos do mundo, aos campos de concentração de cada tempo e fazermos surgir algo de muito importante que é a esperança através do nosso compromisso e da nossa presença”, apelou o Arcebispo de Évora. “Sexta-feira santa não é passiva, é profundamente interpelativa”.