Ecos da Peregrinação Arquidiocesana a Roma por ocasião do Jubileu 2025
No âmbito do Jubileu de 2025, sob o lema “Peregrinos da Esperança”, tive a alegria de acompanhar um grupo de 53 peregrinos da Diocese de Évora numa viagem espiritual única à Cidade Eterna. Esta peregrinação, realizada entre os dias 1 e 5 de março, foi organizada pelo padre Nelson Fernandes e em colaboração com a Companhia de Viagem Travel Lovers, representada pela Sara. Foi uma experiência de graça e partilha, um tempo privilegiado para fortalecer os laços comunitários e aprofundar a comunhão com a Igreja Universal.
Ir em peregrinação a Roma, a cidade que é uma referencial para todo o cristão católico, é sempre um convite à conversão e à renovação espiritual. Desde o início, o nosso desejo era claro: atravessar a Porta Santa, sinal visível da misericórdia de Deus, e deixar-nos tocar por essa graça jubilar. Cada momento vivido foi marcado por um profundo espírito de oração e gratidão, sempre em sintonia com o apelo do Papa Francisco para sermos “portadores de esperança” no mundo de hoje.
Partimos para Roma no dia 1 de março com um grupo que desde logo se caraterizou pelo seu entusiasmo e simpatia. Chegámos ao hotel por volta das 21h, onde jantámos e, depois de um dia de viagem, recolhemo-nos para descansar, conscientes de que nos aguardavam dias intensos e espiritualmente enriquecedores.
Ao dia seguinte, saímos do hotel ainda antes do amanhecer, às 6h30, com os pequenos-almoços preparados em saco, para podermos celebrar a primeira Eucaristia da peregrinação. Este momento, vivido numa capela lateral da Basílica Papal de Santa Maria Maior, às 7h15, foi o verdadeiro ponto de partida espiritual da nossa caminhada jubilar.
Ao longo da manhã, visitámos três lugares de grande significado para a fé cristã: a Basílica de São Paulo Extramuros, a Basílica de São João de Latrão e a Escada Santa. Foi tocante ver os peregrinos a subir aquelas escadas em oração e recordando como o próprio Jesus subiu aquela escada, escarnecido e humilhado por amor a nós.
Após o almoço num restaurante local, dedicámos a tarde a explorar a riqueza histórica de Roma, visitando o Coliseu, os Fóruns Romanos, o Capitólio e a Praça Veneza. De regresso ao hotel para o jantar, alguns peregrinos ainda encontraram energia para uma visita noturna à emblemática Fontana di Trevi, onde a tradição sugere que lançar uma moeda garante o regresso a Roma!
O dia 3 de março teve um significado muito especial para todos nós. Após um generoso pequeno-almoço, dirigimo-nos ao Vaticano, onde tivemos a graça de celebrar a Eucaristia numa capela da Basílica de São Pedro. Foi um privilégio sermos acompanhados pelo nosso Arcebispo, D. Francisco, que presidiu com simplicidade e profundidade espiritual ao momentos importantes da nossa peregrinação.
A manhã continuou com a visita aos Museus Vaticanos, onde pudemos contemplar a riqueza do património artístico e espiritual da Igreja. Depois de um almoço especial, com pratos típicos da região do Lazio, dirigimo-nos para a Praça Pia. Foi ali que se iniciou a procissão oficial de entrada na Porta Santa. À frente do grupo, D. Francisco conduziu-nos em oração e cânticos, tornando esse momento ainda mais solene. Antes de atravessarmos a Porta Santa, o nosso Arcebispo ainda teve a oportunidade de dar uma entrevista à TVI, onde partilhou a importância deste gesto jubilar para a nossa Diocese.
Depois de um dia tão intenso, regressámos ao hotel para jantar e descansar.
No dia 4 de março saímos bem cedo, às 7h, com destino a Assis. Chegámos por volta das 11h, onde fomos recebidos por um guia experiente que, com grande conhecimento e entusiasmo, nos conduziu pelos principais locais ligados a São Francisco. Visitámos a Igreja de Santa Clara e o túmulo do Beato Carlo Acutis, um rapaz que viveu em santidade até aos seus 15 anos e que tanto inspira os jovens de hoje a viverem a fé com simplicidade e autenticidade. No final da manhã tivemos a oportunidade de celebrar a Eucaristia junto da majestosa Basílica de São Francisco, onde a liturgia nos levou a dar graças a Deus pela vida e pelo exemplo do “poverello” de Assis.
À tarde, seguimos para Cascia, terra de Santa Rita, a santa das causas impossíveis. Apesar de alguma pressa, conseguimos visitar a igreja onde repousam os seus restos mortais e ali confiámos as intenções mais profundas do nosso coração.
No regresso a Roma, tivemos a alegria de receber a visita dos Padres Ricardo Cardoso e Fernando Lopes, que jantaram connosco e partilharam um serão fraterno no hotel.
O ultimo dia de peregrinação, dia 5 de março, foi dia de Quarta-feira de Cinzas. Após um pequeno-almoço mais sóbrio, visitámos as Catacumbas de Domitília, um lugar que nos recorda a coragem e a fé dos primeiros cristãos. Foi comovente caminhar por aqueles túneis e sentir a força do testemunho cristão em tempos de perseguição.
No almoço, experimentámos uma deliciosa pizza italiana, uma experiência gastronómica que muitos aguardavam com expectativa! À tarde, celebrámos a Missa de Cinzas na Igreja de Santa Mónica, marcando assim o início do nosso caminho quaresmal. Com o coração cheio de gratidão, dirigimo-nos ao aeroporto para regressar a Portugal, levando connosco a graça deste tempo de peregrinação.
Ao longo destes dias, fui testemunha do quanto esta peregrinação tocou o coração dos participantes. Muitos partilharam como sentiram a presença de Deus em cada etapa do caminho. Esta peregrinação não foi apenas uma viagem física; foi um verdadeiro caminho espiritual. Acredito que as graças recebidas continuarão a dar frutos na vida de cada peregrino e em toda a nossa Diocese. Que a experiência jubilar de atravessar a Porta Santa renove em nós a fé, a esperança e a caridade, e que possamos regressar às nossas comunidades com um coração mais disponível para servir e amar.
Padre Alessandro Cont