A 15 de novembro de 2025, o ISTE – Instituto Superior de Teologia de Évora celebra o seu 48.º aniversário, no dia do seu padroeiro, Santo Alberto Magno (15 de novembro). Este ano, por aquele dia ser sábado, a festa é antecipada para esta sexta-feira, dia 14 de novembro.
Com a presença dos três bispos da Província Eclesiástica de Évora, D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora, D. Fernando Paiva, Bispo de Beja, e D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, o Presidente do Conselho Diretivo, o P. Manuel António do Rosário deu as boas-vindas aos presentes, nomeadamente ao Arcebispo de Évora Emérito, D. José Alves, professores, alunos, antigos alunos, reitores dos Seminários e responsáveis das Casas de Formação, representantes institucionais, funcionários e leigos, sublinhando que no corrente ano letivo frequentam o ISTE 48 alunos em Teologia e 36 alunos em Formação Teológica para Leigos.
“Como acontece há largos anos, contamos com alunos oriundos de vários continentes”, revelou o P. Manuel António do Rosário, sublinhando que “a Europa precisa de novos evangelizadores, para, em conjunto, realizarmos o desafio de S. João Paulo II, uma nova era de Evangelização, no ardor, nos métodos e na expressão”.
O Presidente do Conselho Diretivo do ISTE afiançou o empenho em continuar a formar os futuros sacerdotes para as Dioceses da Província Eclesiástica de Évora e para outras Dioceses de vários continentes do mundo.
Com os olhos postos já em Évora 2027, o P. Manuel António do Rosário sublinhou a necessidade da aposta na evangelização da cultura. “Na verdade não se pode evangelizar nenhum país sem ter em conta a evangelização da cultura”, afiançou.
Por seu turno, o aluno André Fonseca, presidente da Associação de Estudantes do ISTE, afirmou que os “alunos de teologia estudam algo que nunca muda, Deus, mas somos sempre colocados perante perguntas novas”.
“É com esperança que caminhamos, a esperança que nos é dada por Deus, através do seu Filho. Esperança que não engana, que foi derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo, e que vivemos em pleno neste Ano Santo de 2025”, partilhou o jovem estudante, oriundo da Diocese do Algarve.
“Que nos ajude e sirva de exemplo o nosso patrono, Santo Alberto Magno, quer a alunos, quer a professores para que este seja um caminho frutuoso para todos”, pediu o Presidente da Associação de Estudantes.
“O ISTE é um instrumento de Deus para formar humana e espiritualmente os futuros sacerdotes, com uma formação sólida e exigente”, concluiu André Fonseca.
Fundado a 15 de novembro de 1977, o ISTE tem como patrono Santo Alberto Magno e assinala este ano o 48º aniversário da sua criação, reafirmando o seu papel na formação teológica e no diálogo entre a fé e a cultura.
As comemorações começaram às 09h30 com a Sessão Solene de Abertura.
Seguiu-se, entretanto, a Oração de Sapiência, intitulada “Uma meditação sobre o vagar. Tempo, estórias e História”, a cargo do Professor Doutor Sérgio Ribeiro Pinto, docente do ISTE.
Numa reflexão profunda sobre o tema, o docente do ISTE sublinhou a importância da História e os desafios que esta ciência enfrenta atualmente.
“A atividade historiográfica não é possível sem o gosto por essa atividade e o possível vagar necessário para o seu desenvolvimento. Trata-se de um disponível para ser preenchido. E é nesta escola que estamos!”, concluiu o Professor Doutor Sérgio Ribeiro Pinto.
Antes do intervalo, o Arcebispo de Évora cumprimentou todos numa breve intervenção, destacando que “o ISTE é uma casa de encontro. E o encontro gera o diálogo, na comunhão trinitária e na sequência do mandato evangelizador, ou seja, do Ser Igreja”.
“Esta caminhada do ISTE tem que ter a profundidade da interioridade. A Teologia estuda-se na interioridade, fazendo do teólogo um autêntico cristão”, apontou o Prelado eborense.
“Vivemos um tempo que começa a mostrar cansaço do fútil e do materialismo. Por isso, crescem as perguntas, percebemos a sede e a fome e as novas gerações começam a bater à porta”, sublinhou o Arcebispo de Évora.
“Faço votos em nome do Conselho Superior do ISTE, que esta Escola tenha dimensão de encontro, de diálogo e produza homens e mulheres autenticamente cristãos. Uma palavra de profundo agradecimento à generosidade de docentes e funcionários”, apontou.
“Que sejamos sempre uma ponte entre a fé e a cultura”, concluiu o Arcebispo de Évora.
O programa prosseguiu às 11h15 com a apresentação do novo número (59) da revista Eborensia, pelo Dr. Francisco Machado.
As celebrações terminaram com uma Eucaristia, às 12h00, na Igreja de Santo Antão, presidida pelo Arcebispo de Évora e concelebrada pelos Bispos de Beja e do Algarve.
Na introdução, o Prelado lembrou todos os Bispos, professores, alunos e funcionários que estiveram e estão ligados ao ISTE ao longo destes 48 anos.
Deixar que Santo Alberto Magno inspire o quotidiano do ISTE, apelou apontando três grandes desafios.
“Buscar a verdade com humildade não temendo o diálogo com a cultura”, apontou
“Unir a fé e a vida”, foi o segundo desafio apontado.
“Servir a Igreja e o mundo, porque o verdadeiro teólogo não se fecha em si, mas ilumina a comunidade”, sublinhou em terceiro lugar.
“Precisamos de uma massa crítica. Precisamos de um candelabro de luz que ilumine toda a Igreja. Que ajude a Igreja a ser sinal de Deus para o mundo “, concluiu a homilia o Arcebispo de Évora.
HOMILIA
Memória de Santo Alberto Magno – ISTE
14 de Novembro de 2025
Hoje celebramos, com alegria, a memória de Santo Alberto Magno, padroeiro dos estudiosos e da ciência, mas também patrono e modelo do nosso Instituto Superior de Teologia de Évora.
Santo Alberto Magno nasceu por volta do ano 1200, na Alemanha, e entrou muito jovem na Ordem dos Pregadores. Distinguiu-se pela inteligência extraordinária e pela profunda vida espiritual, tornou-se um dos maiores mestres da Idade Média. Foi professor em várias universidades europeias — Paris, Colónia e Pádua — e teve entre os seus discípulos, um grande luzeiro da filosofia e da teologia, São Tomás de Aquino.
Nomeado bispo de Ratisbona, serviu com grande humildade e simplicidade, preferindo a vida de estudo e pregação. Morreu em 1280, deixando uma obra imensa que marcou profundamente a tradição cristã. Foi proclamado Doutor da Igreja em 1931 e é patrono dos cientistas e dos estudantes de teologia.
A figura de Santo Alberto Magno é, deste modo, multifacetada. Revela-nos um grande mestre da fé, um pensador luminoso e um incansável servidor da verdade. A sua trajetória recorda-nos que a busca do conhecimento é um caminho para Deus, quando trilhado com humildade, honestidade e amor, porque “Quem teme o Senhor procura agradar-Lhe” (Ben-Sirá 15, 1-6).
A primeira leitura descreve a sorte dos que buscam a Sabedoria e a ama. A sabedoria não é uma mera erudição, é um modo de observar o mundo e a realidade que transforma a vida. O sábio é aquele que procura agradar ao Senhor, deixando-se conduzir por Ele, amante do bem e acolhedor da instrução. É, na verdade, o sábio é um depositário do “sabor divino”: saboreia as realidades divinas e aplica-as com prudência à realidade terrena.
No sábio realiza-se uma configuração de coração com o Amado. A intimidade de Deus abunda no seu interior e, tal como afirma Ben-Sirá, a sabedoria “virá ao seu encontro como uma mãe” e o “acolherá como uma esposa jovem”.
Todos estes aspectos se identificam com Santo Alberto. O estudo e a espiritualidade uniam-se, porque, para ele conhecer o mundo era conhecer a obra de Deus; estudar era rezar; investigar era contemplar. Sem medos e com grandes horizontes em busca da verdade, dedicou-se não só à teologia e à filosofia, mas também às ciências naturais, sendo, por isso, considerado o “Doutor Universal”. Estudou e escreveu sobre botânica, química, física, astronomia e ética, sempre convencido de que a verdade científica e a fé nunca se podem contradizer, porque têm a mesma origem: Deus.
A relação do Evangelho de hoje com o Santo Patrono do nosso Instituto é clara e profunda. Jesus compara o Reino a uma rede lançada ao mar, que recolhe “peixes de toda a espécie”: “O Reino dos Céus é como uma rede lançada ao mar” – (Mt 13, 47-52). No fim da pesca, vem o tempo do discernimento. A imagem recorda-nos que Deus reúne, chama e acolhe — mas espera de nós a capacidade de distinguir, purificar e escolher o que é bom. E Jesus termina dizendo: “Todo o escriba instruído no Reino dos Céus é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Eis uma linda descrição de Santo Alberto: “escriba do Reino do Céus”. Um autêntico mestre capaz de unir o antigo e o novo, a tradição e a novidade, a fé e a razão, a teologia e as ciências naturais.
A sua grandeza não está apenas no vasto conhecimento, mas na arte do discernimento. Saber interpretar, depurar, distinguir, integrar são características de “sábios escribas”. Santo Alberto recolheu tudo o que a cultura do seu tempo oferecia — filosofia grega, ciência árabe, tradição cristã — e, com discernimento evangélico, depurou e alimentou em si e registou para os tempos futuros o verdadeiro e compatível com a fé.
Celebrar Santo Alberto Magno como padroeiro significa deixar que ele inspire não apenas a devoção, mas também o quotidiano académico. O Instituto de Teologia de Évora é chamado a três grandes tarefas: buscar a verdade com humildade à semelhança de Santo Alberto, não temendo o diálogo com a cultura, nem o âmbito das ciências e da razão. A teologia cresce quando dialoga; unir a fé e a vida, porque a sabedoria bíblica não é teórica. É prática, ética, transformadora. O estudo teológico deve formar homens e mulheres capazes de discernir, como no Evangelho, separando o essencial do secundário, o bem do mal, o que edifica do que destrói; servir a Igreja e o mundo, pois o verdadeiro teólogo não se fecha em livros, mas ilumina a comunidade e ajuda a Igreja a compreender os sinais dos tempos.
Que a celebração de Santo Alberto Magno renove em nós, por meio do Instituto Superior de Teologia de Évora, o amor pela sabedoria que vem de Deus, a busca sincera da verdade, a humildade intelectual, que evita a arrogância do saber, o discernimento evangélico, que seleciona, purifica e integra e, por fim, a missão de servir, com inteligência e caridade, a Igreja e o mundo.
Assim seja!
