“A oração de Jesus na cruz revela um amor incondicional que transcende a condenação humana e que nos mostra a largueza infinita da misericórdia de Deus”, sublinhou o Arcebispo de Évora no Domingo de Ramos (com fotos e vídeo)
A Semana Santa 2025 começou a ser vivida em pleno na Catedral de Évora, assim como por toda a Arquidiocese.
Em Évora, no dia 13 de abril, Domingo de Ramos, pelas 17h30, D. Francisco José Senra Coelho, presidiu à Bênção dos Ramos, na igreja da Misericórdia, seguindo-se a Procissão para a Catedral eborense onde foi celebrada a Eucaristia.
A celebração, transmitida em direto pelo canal de Youtube da Arquidiocese, numa produção do Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Évora com o apoio da Comunidade Canção Nova de Évora, foi animada liturgicamente pelo Coro Stella Matutina e contou com a participação de um número significativo de fiéis.
À homilia, após escutada o Evangelho da Paixão, segundo São Lucas, o Prelado eborense começou por dizer que “é a partir da pregação do Apóstolo Paulo que o evangelista Lucas, segundo Papias de Hierapolis, escritor dos primeiros três decénios do século segundo, narra o seu evangelho. O Evangelho da Misericórdia. Da grande parábola dividida em três, o bom pastor, a dracma perdida, o Pai bom, por nós muitas vezes chamado o filho pródigo”.
“Olhando para esta dimensão de Misericórdia, podíamos dizer que é dali que ele olha e faz a perspetiva do seu Evangelho, a Misericórdia, ponto central”, sublinhou o Prelado para destacar alguns pormenores da narração. “Reparai, vemos a atenção especial de Jesus para com Pedro, fortalecendo antes da sua negação e confortando com o olhar após a sua falha. Olhou para ele e esse olhar foi uma boia, um clarão de luz, que na escuridão, no falhanço de Pedro, serviu como salvação. Olhar de Misericórdia que disse tudo. Disse de novo, levanta-te Pedro, vem e segue-me. Minhas irmãs, meus irmãos, o que pode dizer um olhar?”
“O encontro humilhante com Herodes e, sobretudo, a oração de Jesus na cruz, -Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem, – revela um amor incondicional que transcende a condenação humana e que nos mostra, de facto, a largueza infinita da misericórdia de Deus”, sublinhou.
“Em todo o processo sente-se força do silêncio diante do mal, dos ataques inimigos, das humilhações e do desprezo dos arrogantes”, recordou o Prelado.
“Assume-se como servo e não faz nenhum sinal que transcenda a dimensão humana recorrendo à sua divindade para se impor. É assim que na nossa liberdade somos sempre amados no seu respeito. Jamais a divindade se impõe no clarão de uma luz que poderia ser para nós cegante que nos poderia encandear. Jesus fala-nos sempre numa dimensão racional. Podemos percebê-lo racionalmente, mas jamais se impõe pela sua divindade à nossa humanidade, à nossa capacidade. Não nos esmaga, morre connosco, ao nosso lado, como um livro aberto de amor, para se quisermos o lermos”, referiu.
“Este hoje, o tempo de Deus, este hoje ainda permanece no nosso tempo e nas nossas circunstâncias. A misericórdia de Deus é possível”, afiançou.
“Minhas irmãs e meus irmãos, não nos encontramos aqui para admirar alguém que foi importante, saliente, um notável. Não verificamos um arquivo de notabilidade, um museu de grandiosidade, mas encontramo-nos com o amor, presença, sinal do amor eterno de Deus”, sublinhou.
“Encontramo-nos com alguém que é nosso contemporâneo, que continua a ser hoje de salvação. É possível hoje eu encontrar-me contigo, Senhor. É possível hoje eu receber o teu abraço, Senhor. É possível hoje eu viver esta página do Calvário – Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Ainda hoje estarás comigo no paraíso. É possível hoje, no meu aqui e agora do metro quadrado que vivo, receber o olhar que Pedro recebeu. É possível hoje encontrar-me Contigo no fundo do meu coração e da minha consciência. É possível hoje eu colocar a minha vida na verdade que Tu és, caminho, verdade e vida. É possível hoje ser crente, discípulo e Teu amigo. É possível hoje eu ser perdoado por Ti. É possível hoje erguer-me, levantar-me e começar um caminho novo”, afiançou o Arcebispo de Évora.
“Senhor, que eu seja o hoje da Tua presença. Que no fundo do meu coração seja possível na minha coerência, débil e frágil, mas transparente e autêntica, os meus irmãos e irmãs encontrarem-se Contigo. Que hoje tu sejas o segredo da minha vida. Que hoje tu sejas o meu Senhor”, concluiu o Prelado eborense.