Etimologicamente, a palavra peregrinação vem do latim per agros, que significa “pelos campos”. Tradicionalmente, designa uma jornada realizada por um devoto rumo a um lugar considerado sagrado pela sua fé.
No entanto, esta definição, embora correta, é redutora. Ser peregrino é mais do que cumprir um trajeto físico até um destino espiritual — neste caso, Roma. Há também um caminho interior que cada um percorre, único e profundamente pessoal. Esse caminho é moldado não só pela fé individual, mas também pela forma como nos abrimos aos outros peregrinos que connosco caminham, à liturgia, aos lugares sagrados, às homilias que escutamos, ao acolhimento de quem nos guia espiritualmente — e, porque não dizê-lo, também turisticamente.
Cada peregrino viveu a sua própria experiência, distinta, mas arrisco dizer: para todos, foi um percurso rico e transformador. Regressamos com o coração cheio, a alma lavada.
Se me perguntarem o que mais me tocou… diria que foi ver, tão de perto, o Papa Leão XIV. Foi surpreendente: esperava ver o Papa Francisco, mas foi o sorriso bondoso e cheio de ternura de Leão XIV que me conquistou e me fez acreditar, com renovada esperança, que a IGREJA continuará fiel ao seu caminho de proximidade com TODOS, TODOS, TODOS.
A minha intenção nesta peregrinação era simples e profunda: rezar pela PAZ. Rezei. Mas jamais imaginei que regressaria com a alma tão preenchida.
E há algo mais que me marcou profundamente: o ajuntamento de fiéis. Gente vinda de todas as partes do mundo, de todas as línguas, culturas e cores. Fiéis de perto e de longe, unidos por uma mesma fé, capazes de enfrentar o calor, o cansaço e o incómodo com uma serenidade e entrega impressionantes. A força desta comunhão tocou-me de forma inexplicável. É impossível não se comover ao ver tamanha multidão, de olhos postos no mesmo céu, rezando, cantando, esperando. A fé partilhada assim, em comunidade universal, transforma-nos.
Ana Costa Freitas
