“Celebrar esta Solenidade é proclamar a atualidade de Jesus, realmente vivo e ressuscitado na Eucaristia”, disse o Arcebispo de Évora na celebração da Solenidade do Corpo de Deus (com vídeo e com fotos)
Na tarde desta quinta-feira, solenidade do Corpo de Deus, o Arcebispo de Évora presidiu à Eucaristia na Catedral eborense.
Antes da Eucaristia, houve um momento de Exposição do Santíssimo Sacramento para adoração dos fiéis.
À homilia, o Prelado eborense começou por dizer que “a igreja celebra o aniversário litúrgico da instituição da Sagrada Eucaristia em Quinta-feira Santa, como acabámos de ouvir no Evangelho proclamado”, explicando que “em Quinta-feira Santa, porém, ao celebrarmos o Tríduo Pascal, a sombra da cruz projeta-se já na liturgia de Sexta-feira Santa. E a Igreja não pôde, por isso, manifestar o seu júbilo por este dom inefável.”
“Deste modo a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo apareceu na liturgia no século XIII para responder a uma necessidade íntima da esposa de Cristo, a sua Igreja, da exultação, alegria e devoção do povo santo de Deus. Esta festa começou a celebrar-se em Liège, na Bélgica, no ano de 1246. O Papa Urbano IV, em 1264, interpretando o sentir do povo de Deus estendeu-a a toda a igreja”, contextualizou o Prelado eborense.
“Celebrar esta Solenidade é proclamar a atualidade de Jesus, realmente vivo e ressuscitado na Eucaristia”, sublinhou o Arcebispo de Évora, acrescentando que “Cristo é muito mais que um ilustre personagem histórico, que dividiu o mundo em dois, antes e depois de Cristo. Que viveu há 21 séculos com uma indelével marca na história das civilizações. Cristo está hoje connosco, é nosso contemporâneo, vive e atua nas comunidades cristãs alimentadas pela Eucaristia”.
“É que Eucaristia não tem apenas a presença de Cristo. A Eucaristia é o próprio Cristo ressuscitado, sob as espécies do pão e do vinho, o seu Corpo glorioso. O Emmanuel, Deus connosco, assume na Eucaristia a sua máxima e atualizada expressão”, explicou o Prelado eborense.
“Encarnação, redenção e Eucaristia são três aspectos inseparáveis do mistério de Jesus”, sublinhou o Arcebispo de Évora, acrescentando que “a celebração da Eucaristia põe assim o cristão em direta e misteriosa comunhão com o corpo e sangue de Cristo. Esta comunhão faz com que os cristãos, embora sendo muitos, formem em si um só corpo. A unidade da Igreja alimenta-se na Eucaristia, no mesmo altar, daí a importância que celebremos conforme acreditamos e que a reforma litúrgica seja um garante da unidade da Igreja”.
“Comungar o Corpo de Cristo, meus irmãos e minhas irmãs, quer dizer aceitar e identificar-se com Ele. Significa oferecer-lhe a nossa pessoa toda, o nosso ser, como Ele se ofereceu por nós na sua pessoa toda”, prosseguiu o Prelado, sublinhando que “ninguém pode comungar Jesus e Eucaristia sem a predisposição à conversão”.
Depois, o Arcebispo de Évora apelou a que não se viva uma “Eucaristia anestesiante”. “Viver a Eucaristia não de uma forma de vivermos de modo confortável, instalado, mas sempre na busca, Igreja em saída, mostrando a partir da Eucaristia e da unidade que ela gera em nós, o desafio deste ano pastoral, revelar um novo rosto de uma comunidade que serve, que acolhe, uma comunidade que exprime a beleza de uma mãe do coração aberto”.
“É perante este contemplar, este rezar a Eucaristia, que não vivemos um analgésico, mas vivemos sim um despertador para a nossa vida. Considerando todos os nossos problemas, os problemas dos irmãos, os problemas da comunidade, os problemas do mundo, à luz daquele pão que se deixa comer e dá a vida, que se parte e reparte por todos numa fraterna dedicação”, sublinhou.
“Para que seja autêntica a adoração a Jesus Eucaristia, deve em seguida, de algum modo, estar relacionada com alimentar-se do corpo de Cristo, que acontece na celebração comunitária e nos faz ser Igreja. Adorar a Eucaristia nunca nos leva a uma oração privatizada, mas à abertura à comunidade, fazendo da nossa adoração a presença da Igreja toda em nós, porque por toda a Igreja estamos em oração”, apelou o Prelado.
“Que a igreja seja a transparência da luz de Cristo. Pelas ruas desta cidade levámos o Senhor connosco. O Senhor que é o nosso segredo. O Senhor que nos faz, o Senhor que nos une. Levámo-Lo connosco para dizermos ao mundo que só Ele é capaz de ser a chave do segredo que o mundo procura, sentido da vida, a sementeira da paz, a construção da Casa Comum, numa autêntica capacidade de construirmos essa Casa a partir de uma doação e de uma dádiva, de uma ecologia global”, concluiu o Prelado, unindo ainda toda a Arquidiocese em oração ao Congresso Nacional Eucarístico que se realiza por estes dias em Braga.
Após a Eucaristia, pelas ruas do centro histórico de Évora decorreu a tradicional Procissão, que terminou com Bênção do Santíssimo Sacramento.