Jornadas de Atualização do Clero do Sul de Portugal chegaram ao fim marcadas pela formação e pelo convívio (com fotos)
Recorde-se que de 13 a 16 de janeiro decorreram as Jornadas de Atualização do Clero das dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, que aprofundaram o tema “Jubileu: tempo de graça e de renovação da Igreja e do Presbítero”.
Esta foi já a décima oitava edição destas Jornadas, organizadas pelo Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE), que congregaram em Albufeira largas dezenas de participantes entre bispos, padres, diáconos e alguns dos seminaristas em final de formação das quatro dioceses do sul de Portugal. A Arquidiocese de Évora esteve representada por D. Francisco Senra Coelho e por 27 sacerdotes.
As jornadas de atualização arrancaram na tarde de 13 de janeiro, com a sessão de abertura, seguida da reflexão inaugural apresentada pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização (Santa Sé), D. Rino Fisichella, sobre o tema “O Jubileu 2025 e os jubileus na vida da Igreja. Sentido e desafios”. Além desta personalidade da Santa Sé e do Prelado eborense, marcam também presença Monsenhor José António Teixeira, em representação da Nunciatura Apostólica em Portugal, D. Fernando Paiva, Bispo de Beja, D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, e o Cardeal D. Américo Aguiar, Bispo de Setúbal.
Segundo o jornal “Folha do Domingo”, o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização (Santa Sé) disse ao clero das dioceses do sul de Portugal ser preciso “regressar com força e convicção” à virtude teologal da esperança. “Falamos sempre da fé e da caridade, mas descuramos a esperança”, lamentou D. Rino Fisichella, garantindo que “este desequilíbrio reflete-se também na vida da fé”. “Entrar no Jubileu da Esperança com o objetivo de dar corpo e concretização à segunda virtude teologal não é um desafio e será interessante verificar os resultados”, prosseguiu, considerando que “a mentalidade científica diminuiu em grande medida a necessidade da esperança”.
Lembrando que “o Jubileu acontece a cada 25 anos para ajudar a Igreja e os crentes a redescobrir algo de importante sobre a sua própria fé”, o arcebispo considerou que “a esperança é o novo nome da fé” na comunicação com o homem da sociedade atual que defendeu estar a viver um “momento de crise de fé”. “Como falar da fé com uma linguagem de esperança? Não estou a dizer que é fácil. Estou a dizer que é um desafio. Parece-me que é uma possibilidade para ultrapassar a crise de fé”, afirmou.
“Na decadência que se experimenta nos vários setores de existência pessoal e social é urgente e necessário que se levantem as vozes daqueles que levam uma palavra e um sinal de esperança verdadeira”, completou, admitindo ainda assim que, para os indivíduos contemporâneos, que “gostam de ter tudo programado, o tema da esperança pode revelar-se indigesto”.
O orador constatou que “não é olhando para o efémero que se pode esperar alcançar a felicidade”. “O verdadeiro desafio é manter o olhar fixo no essencial para podermos fazer o verdadeiro caminho que conduz à esperança”, acrescentou, salientando que “a esperança cristã não desilude porque está enraizada no amor”. “O amor dos crentes é sustentado pela esperança. A esperança nasce do amor e funda-se no amor”, reforçou.
D. Rino Fisichella desejou “que o Jubileu seja para todos ocasião de reanimar a esperança”. “O Jubileu é uma grande oportunidade pastoral que não podemos perder”, considerou.
No dia 14 de janeiro, D. Rino Fisichella refletiu ainda sobre as questões “Jubileu 2025: um novo impulso missionário? Como devem os Presbíteros acolher e viver esta graça?”.
O segundo dia contou também com a intervenção do padre Daniel Nascimento, sacerdote da Diocese de Setúbal e professor de Sagrada Escritura na Universidade Católica Portuguesa, sobre o tema “O Jubileu na Sagrada Escritura. Actualização e aplicação aos nossos tempos”, sendo encerrado com a conferência do padre Miguel Nuñez Aguilera, sacerdote da Arquidiocese de Sevilha (Espanha) e docente da Universidad san Isidoro naquela cidade, sobre o tema “Jubileu: tempo de renovação, crescimento e comunhão do Presbitério”.
No dia 15 de janeiro, a atualização prosseguiu com a reflexão do cónego Carlos de Aquino, sacerdote da Diocese do Algarve e professor do ISTE, sobre o tema “Jubileu, Indulgências e Peregrinações”. De manhã, o padre Manuel Fernandes dos Reis, da Ordem dos Carmelitas Descalços, apresentou ainda a sua reflexão sobre a temática “Eucaristia: coração da Comunidade e da vida espiritual do Presbítero”. A tarde foi de visita a Loulé e terminou com celebração no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana».
No dia 16 de janeiro, último dia das Jornadas, a jornalista Inês Teotónio Pereira refletiu sobre o tema “Impacto das transformações socioculturais na Igreja em Portugal, em especial no Sul”.
Nas próximas edições de Ser Igreja veja na íntegra a reportagem.