m Roma, o Jubileu do Mundo Educativo reuniu cerca de 15 mil educadores de 14 países, entre 27 de outubro e 2 de novembro. Uma delegação portuguesa de 46 membros, incluindo uma representante da Arquidiocese de Évora, ouviu os apelos do Papa por uma educação “de coração para coração”, focada nos mais pobres.
O Dicastério para a Cultura e Educação do Vaticano colocou o Jubileu do Mundo Educativo sob o imaginário estelar. Neste contexto, o nosso grupo foi denominado “Constelação SNEC”. Fomos acompanhados por D. Manuel Felício, bispo emérito da diocese da Guarda, saímos de Lisboa no dia 30 de outubro e regressámos no dia 2 de novembro.
Fui a representante do Secretariado Religioso do Ensino Escolar da Arquidiocese de Évora, e considero esta experiência como um privilégio vivido em espírito de peregrinação, focado nos desafios da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC).
Um dos pontos centrais do Jubileu foi a audiência com o Papa Francisco, a 31 de outubro. O Santo Padre destacou a interioridade, a unidade, o amor e a alegria como pilares da missão educativa, apelando a uma renovada responsabilidade pedagógica.
Evocando Santo Agostinho, o Papa recordou que, embora as palavras cheguem aos ouvidos, o verdadeiro mestre está no interior de cada um. Defendeu que a verdadeira educação deve ir ao encontro do outro, “olhar para o seu coração” e “vê-lo como pessoa”.
Num apelo direto aos professores, Francisco colocou o amor como o centro da pedagogia. “A transmissão dos saberes é um grande ato de amor”, afirmou o Papa, insistindo que “a educação não pode ser separada do amor”.
Segundo o Sumo Pontífice, a educação cristã deve ser promotora de comunhão, pois “somos companheiros de viagem”. Concluiu que os verdadeiros mestres são aqueles que espalham alegria: “Os verdadeiros mestres educam com um sorriso e espalham-no no fundo da alma dos seus discípulos”.
A Solenidade de Todos os Santos, 1 de novembro, foi marcada pela passagem da delegação portuguesa pela Porta Santa da Basílica de São Pedro e pela Eucaristia papal, que incluiu a proclamação de São John Henry Newman como “Doutor da Igreja” e co-padroeiro dos educadores católicos.
Na homilia, o Papa Francisco desafiou os educadores a serem “estrelas no mundo, graças à autenticidade do vosso empenho na pesquisa da verdade e ao vosso generoso serviço aos jovens, em particular aos pobres”.
Numa interpelação forte sobre a dignidade humana, o Papa questionou a assembleia: “Devemos perguntar-nos: os menos dotados não são pessoas humanas? Os pobres não têm a mesma dignidade que nós? Devem apenas limitar-se a sobreviver? Da resposta que dermos a estas perguntas depende o valor das nossas sociedades e o nosso futuro”.
Referindo-se ao Evangelho do dia, afirmou que as Bem-Aventuranças são “o ensinamento por excelência” e Jesus “o Educador por excelência”.
A “Constelação SNEC” teve ainda momentos próprios de partilha, como um acolhimento na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé e uma Eucaristia de encerramento, no dia 2 de novembro, na Igreja de Santo António dos Portugueses.
Destaco a passagem pela Porta Santa como um momento muito especial, onde a delegação rezou por todos os alunos e professores das nossas escolas, essencialmente por todas as crianças, adolescentes e jovens que frequentam a disciplina de EMRC. A peregrinação jubilar terminou junto ao túmulo de São Pedro, onde proclamámos a nossa fé em uníssono.
Na Eucaristia do dia de Comemoração dos Fiéis Defuntos, lembrámos os nossos familiares e amigos, alunos e professores de EMRC falecidos, na certeza que a fé nos dá de que estão todos juntos de Deus. D. Manuel Felício animou os professores a recordarem a sua missão junto das novas gerações e “a necessidade de fazermos a diferença num mundo que vive, muitas vezes, com falta de esperança”.
Agradeço à equipa do Secretariado Nacional da Educação Cristã a organização excecional e à Conferência Episcopal Portuguesa o facto de nos ter proporcionado a vivência deste Jubileu de uma forma tão enriquecedora. A delegação regressa agora para casa, para a escola, para a vida, trazendo “a esperança que não engana”.
Maria Manuela Barreiros
(representante do Secretariado Diocesano do Ensino Religioso Escolar da Arquidiocese de Évora)



