19 de outubro, às 18h, na Igreja de S. Francisco: Concerto de abertura do Ciclo 25-26 do FIOE – Festival Internacional de Órgão de Évora

No dia 19 de outubro, às 18h00, a Igreja de S. Francisco, em Évora, acolhe o primeiro concerto do ciclo 25-26 do FIOE – Festival Internacional de Órgão de Évora, que será interpretado por PATRICK MISSIRLIAN. Todos os concertos e atividades paralelas têm entrada livre. O pretexto deste concerto é o de reunir pela primeira vez cinco órgãos construídos em Évora pelo genovês Pascoal Caetano Oldovino: os da Igreja de S. Francisco e o do espaço dAM na Suíça, um dos dois conhecidos fora de Portugal, sendo que um outro está nos EUA. O FIOE desafiou o coleccionador, musicólogo e intérprete Patrick Missirlian para esta apresentação em que terá oportunidade de tocar os 4 órgãos de S. Francisco em conjunto com peças gravadas no seu órgão em Romainmôtier, no início de outubro, pela equipa do Festival. Um concerto diferente, que permite trazer brevemente de volta o pequeno órgão à sua origem, ainda que de forma virtual.

O realejo do Coro Alto de Pascoal Caetano Oldovino – breve regresso às origens

O genovês Pascoal Caetano Oldovino foi contratado para remodelar o órgão da Capela Mor da igreja de S. Francisco. Radicou-se em Évora, onde casou e estabeleceu a sua oficina, tendo feito mais de 30 órgãos para as igrejas e conventos do Alentejo. Deixou em testamento o órgão (realejo) Verde e pediu para ser sepultado na igreja. Em S. Francisco existem quatro órgãos deste construtor, mais dois na Sé, todos restaurados e integrantes do Festival. As obras do programa deste concerto oferecem um panorama musical das grandes nações europeias por volta da década de 1620. Durante este período, foram editadas importantes publicações de música para tecla (ou órgão) em várias cidades importantes do norte ao sul da Europa, nomeadamente o Libro di Capricci de Girolamo Frescobaldi (Roma, 1624) e a Tabulatura Nova de Samuel Scheidt (Hamburgo, 1624). Estas publicações reflectiam novas práticas musicais no emergente estilo barroco e forneciam a tão aguardada contrapartida instrumental à Nuove Musiche de Monteverdi, Caccini e Peri para a música vocal. Por volta de 1600, as formas de percepção da polifonia mudaram radicalmente com o advento do baixo contínuo. As formas de representação sofreram uma profunda renovação. Ainda hoje nos impressionamos com a modernidade das composições que nos chegaram desse período longínquo. O pequeno órgão (realejo) assinado “D[om] Pascalis Caetanus Natione Italus feci 1764” e preservado no espaço dAM em Romainmôtier, Suíça, foi construído a partir de um órgão processional mais antigo, provavelmente do séc. XVII, tendo sido reutilizada a caixa decorada, parte dos tubos metálicos e o teclado, que se estendeu nos agudos para atingir quatro oitavas. Segundo o livro de contas do convento franciscano de Évora, trata-se do órgão do coro alto (coro de sima), situado por cima da entrada da igreja e que hoje desapareceu. O nosso realejo ainda consta do inventário estabelecido durante a secularização do convento em 1834. Como já era um instrumento histórico na época de Oldovino, o programa deste concerto de cinco órgãos é naturalmente inspirado na grande tradição da música barroca nas suas origens.

PROGRAMA

Órgão pessoal de Oldovino (1762) Manoel Rodrigues Coelho (c.1555-c.1635) 1° Kyrie de primeiro tom para C sol fá ut (Flores de Música, Lisboa, 1620) John Bull (1562/3-1628) Salve Regina (5 versos) MB 40   Órgão vermelho (1751) Manoel Rodrigues Coelho (c.1555-c.1635) 2° Kyrie de primeiro tom Samuel Scheidt (1587-1654) Cantio Sacra Warum betrübst du dich mein Hertz (12 variações) SSWV 106 (Tabulatura nova, Hambourg, 1624)   Órgão do Espace dAM, Romainmôtier, Suíça (1764) Manoel Rodrigues Coelho (c.1555-c.1635) 4° Kyrie de primeiro tom   Órgão da Sala da Tribuna Real (1751) Girolamo Frescobaldi (1583-1643) Partite sopra l’aria di Folia (6 variações) (Primo libro di Toccate, Rome, 1615) Capriccio IX di durezze (Primo libro di Capricci, Rome, 1624) Magnificat Primi Toni (5 versos) (Secondo libro di Toccate, Rome, 1627)   Órgão do Espace dAM, Romainmôtier, Suíça (1764) Pablo Bruna (1611-1679) Tiento de 2° tono por Ge sol re ut sobre la letanía de la Virgen   Órgão grande da Capela Mor (1743) Manoel Rodrigues Coelho (c.1555-c.1635) 5° Kyrie de primeiro tom Francisco Correa de Arauxo (1584-1654) Discurso [n° 59] de medio registro de tiple de segundo [tono] por desol de treinta y dos numeros al compas [5° grado] (Libro de tientos, Alcalá de Henares, 1626) Jan Pieterszoon Sweelinck (1562-1621) Fantasia Ut re mi fa sol la à 4 SwWV 263 : : : : : : CALENDÁRIO DO CICLO DE CONCERTOS 2025>2026 Patrick Missirlian O realejo do Coro Alto de Pascoal Caetano Oldovino – breve regresso às origens 18h00 domingo, out. 19, 2025 Igreja de S. Francisco   António Esteireiro – órgão e Nelson Ferreira – violoncelo Duas texturas artísticas de admirável expressividade: o órgão Cavaillé-Coll de salão e o violoncelo romântico em obras de grande rigor estético. 17h00 domingo, nov. 9, 2025 Igreja do Espírito Santo   Rafael dos Reis e Sérgio Silva O concerto comemorativo dos 340 anos do nascimento de Johann Sebastian Bach 18h00 sábado, nov. 22, 2025 Igreja do Espírito Santo   João Vaz, André Ferreira e Sérgio Silva Concerto de lançamento do sexto e último volume da integral das Flores de Musica de Manuel Rodrigues Coelho. Capella da   Patriarchal, Cornetas & Sacabuxas de Lisboa 21h00 sexta, jan. 30, 2026 Igreja de S. Francisco   Michel Bouvard e Yasuko Uyama Bouvard Concerto a quatro mãos pelo casal Bouvard, numa interpretação magistral e equilibrada por dois dos mais conceituados interpretes da atualidade 18h00 sábado, fev. 7, 2026 Igreja do Espírito Santo   Javier Artigas e Benantzi Bilbao Do renascimento ao barroco num diálogo a dois órgãos de origem renascentista 18h00 domingo, mar. 1, 2026 Sé de Évora   Alice Rocha A jovem interprete eborense apresenta obras do romantismo francês numa linguagem idiomática exclusiva do órgão CavailléColl de salão. 18h00 sábado, mar. 21, 2026 Igreja do Espírito Santo   Paulo Bernardino, Rui Soares, João Santos e Ricardo Toste Os quatro organistas encontram-se mais uma vez para uma interpretação entusiasta e vibrante dos quatro órgãos de S. Francisco 18h00 domingo, abr. 26, 2026 Igreja de S. Francisco   André Bandeira Interpreta obras no esplendoroso órgão barroco da capela mor da Sé de Évora, um dos mais equilibrados e belos instrumentos deste período 18h00 domingo, mai. 10, 2026 Sé de Évora   Rafael dos Reis – harmónio, João Cunha – violino e Joana Godinho – canto Concerto intimista de harmónio, violino e canto na pequena Capela de S. Joãozinho da igreja de S. Francisco 18h00 quarta, jun. 10, 2026 Capela de S. Joãozinho da Igreja de S. Francisco   Lorenzo Ghielmi, Simone Vebber, Franz Danksagmüller, Ana Marjia Krainc Estreia de uma obra para quatro órgãos de Simone Vebber e outra de Franz Dangsanmeuller 18h00 domingo, jun. 28, 2026 Igreja de S. Francisco   3 alunos do Instituto Gregoriano de Lisboa Premiados no 1º Concurso Internacional de Órgão de Évora jul-2025 nos níveis Básico e Médio 18h00 sábado, jul. 11, 2026 Igreja do Espírito Santo   : : : : : : O FESTIVAL O FIOE – Festival Internacional de Órgão de Évora é um evento cultural e musical em permanência, centrado na valorização do património organístico eborense e na divulgação da música sacra e erudita. Foi criado no seguimento de um dinâmico e consistente processo de recuperação e restauro dos órgãos históricos pertencentes às igrejas de S. Francisco, Sé de Évora e igreja do Espírito Santo. O FIOE é organizado por estas três instituições com o objetivo de devolver à comunidade o pleno usufruto artístico e litúrgico desses instrumentos, agora devolvidos à sua plenitude musical e estética. O Festival oferece uma programação de nível internacional, com Ciclos de Concertos anuais entre outubro e julho de cada ano. A par da música, o FIOE promove atividades paralelas como conferências temáticas, masterclasses para músicos profissionais, workshops para crianças, visitas guiadas aos órgãos, registos fonográficos, lançamentos editoriais e um concurso internacional bienal para organistas, contribuindo assim para uma abordagem mais ampla e educativa sobre o universo do órgão e da música clássica. Com direção artística do organista e investigador Rafael dos Reis, que desenvolve um doutoramento focado na história da música e dos órgãos da região, o Festival aposta também na criação contemporânea, tendo já encomendado obras originais a compositores portugueses e estrangeiros. Esta componente inovadora reforça o papel do FIOE como espaço de cruzamento entre tradição e modernidade. Para além da programação cultural, o FIOE posiciona-se como um evento estruturante para o desenvolvimento local, buscando criar e consolidar parcerias com instituições e empresas da região. O Festival aposta numa comunicação multicanal nacional e regional, envolvendo rádios, televisões, imprensa escrita, plataformas digitais e redes sociais, sendo todos os concertos registados em video e disponibilizados online. O FIOE é mais do que um festival de música: é um projeto de preservação patrimonial, criação artística, formação e envolvimento comunitário, que reforça a identidade cultural de Évora e do Alentejo no panorama musical nacional e internacional. O FIOE assume-se como o Festival de Música Sacra e Erudita de excelência a sul do Tejo. Todos os concertos e atividades paralelas têm entrada livre.   A ORGANIZAÇÃO Cónego Manuel da Silva Ferreira Coordenador e Pároco de S. Francisco Rafael dos Reis Diretor Artístico, Organista e Bolseiro de Investigação pela FCT Manuel Ribeiro Diretor de Comunicação e Produção Multimédia  
Scroll to Top
ARQUIDIOCESE DE ÉVORA