Peregrinação diocesana das Famílias congrega centenas no Solar da Padroeira (com homilia, fotos e vídeo)
“Todos vós que celebrais jubileus de matrimónio sois para nós uma escola, uma cátedra de como devemos permanecer nesta fidelidade ao amor”
“Minhas irmãs, meus irmãos, sentimo-nos certamente todos felizes por nos encontrarmos juntos como Igreja, Igreja Particular da Arquidiocese de Évora, neste Santuário da Padroeira de Portugal e também Padroeira da nossa Arquidiocese”, começou por dizer na homilia o Prelado eborense, saudando todos os presentes que enchiam por completo a igreja do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa.
“Sinto-me particularmente feliz por esta presença que nos faz sentir apoiados porque damos força uns aos outros. E sabemos que para além desta dimensão humana, que nos vem da nossa comunhão, unidade e presença, temos a promessa do Deus fiel: ‘onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles‘. Obrigado a todos por este conforto que me dais como bispo e obrigado a todos por este testemunho de fé”, prosseguiu D. Francisco Senra Coelho, saudando de modo especial todos os presentes, nomeadamente sacerdotes, párocos, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados, seminaristas, acólitos, leigos e famílias.
“Olho para esta comunidade e fico feliz ao encontrar aqui a família. Fico feliz ao encontrar aqui os meus irmãos especiais, os amigos especiais, a Pastoral da Pessoa com Deficiência”, referiu o Arcebispo de Évora, deixando ainda uma palavra de agradecimento aos representantes das Paróquias e das localidades, nomeadamente dos concelhos de Borba e Sousel e de algumas localidades do concelho de Estremoz, que nos últimos meses receberam a Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Conceição, no âmbito da Visita Pastoral Missionária 2024, sendo que nesta Peregrinação diocesana das Famílias, como é habitual, a Imagem Peregrina voltou ao seu Solar.
O Prelado eborense deixou ainda uma palavra de reconhecimento e agradecimento a todos os que “deram a sua vida em trabalho missionário nos últimos meses”, nomeadamente as consagradas e consagrados das Comunidades “Sementes do Verbo”, “Arca de Maria”, “As Pequenas Filhas da Mãe de Deus”, assim como os sacerdotes dos “Pequenos Filhos da Mãe de Deus”, que lançaram a semente, e os sacerdotes P. Tiago, P. Jerónimo, P. Luís Felipe.
Ainda sobre a Visita Pastoral Missionária, o Arcebispo de Évora agradeceu aos “leigos que abriram as suas casas. Foi belo encontrar famílias que de coração aberto, abriram a sua casa doméstica a todos. Não quero esquecer ninguém, por isso incluo todos neste louvor a Maria, Nossa Senhora”.
Depois D. Francisco Senra Coelho refletiu sobre a Palavra de Deus escutada, sublinhando que “a palavra de Jesus no Evangelho que acabámos de ouvir centra-nos no Amor”.
Recordando a encíclica “Deus caritas est” do Papa Bento XVI, o Arcebispo de Évora sublinhou os três termos que aprofundam a palavra “Amor”: “Philos”; “Eros”; e “Agape”.
“O Senhor diz exatamente que o que importa é que vos ameis. ‘Permanecei no meu amor’, esta dimensão profunda do mandamento novo ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei’”, sublinhou o Prelado eborense, explicando que o “Philos é a amizade humana”.
“Eros é o amor que une o coração desde os primórdios dos Génesis, Adão e Eva. É o amor que faz da família o berço natural da vida. Não há outro berço natural para a vida que não seja a família. O ser humano para se desenvolver de modo harmonioso e completo, precisa de uma família. Então, esse amor de marido e de mulher, esse amor que é natural, heterossexual, exclusivo, esse amor que tem uma dimensão de compromisso, uma sociedade não apenas jurídica, mas baseada na dádiva, que é a família. Queremos compreender que o cristianismo lhe acrescenta algo de fundamental: indissolúvel”, disse, acrescentando que “o amor é para sempre. O amor é a dádiva da vida”.
“Finalmente, o Papa Bento apresenta uma palavra que é Agapé, ou seja, o amor agápico. É o amor de Deus pela humanidade. É este amor profundo, único, que faz com que eu dê a vida pelo outro, o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste amor não há maior do que dar a vida pelo irmão. Este amor que faz pagar a dívida do outro. Sofrer no lugar do outro, morrer no lugar do outro. É dar a vida pelo outro, pela sua dimensão, pela sua dignidade, enquanto ser humano. Vida inalienável e inegociável desde o primeiro momento da concepção até à morte natural. Vida que vale por si, que não necessita de apelos por nenhum outro motivo, senão pela vida humana”, explicou D. Francisco Senra Coelho.
Depois, olhando para as inúmeras famílias presentes, entre as quais os casais que celebram em 2024 os 10, 25, 40 e 50 anos de matrimónio, o Arcebispo de Évora disse que “é este momento que nos une e nos faz contemplar a família humana”, sublinhando três aspetos.
“O primeiro aspeto é muito simples: em vós, famílias, está um ícone deste amor de Deus. Pelo vosso sacramento do matrimónio felicito-vos, porque o viveis, alguns há mais de 50 anos, atingindo mais de 60 anos até. Todos vós que celebrais os 50, 40, 25, 10 anos de matrimónio sois para nós uma escola, uma cátedra de como devemos permanecer nesta fidelidade ao amor”, disse, acrescentando que “dais a vida um pelo outro, com toda a certeza, na flor mais bela do amor que é o perdão. Perdoar é morrer para si, é perder pelo outro. Aí acontece de facto Agapé”.
“A Igreja olha para vós com alegria, sente-se confortada porque vê a possibilidade da fidelidade, vós provais que é possível. A Igreja descobre em vós este dinamismo de compromisso, não vê em vós uma atitude passiva, mas uma atitude comprometida porque os anos são o melhor diploma da vossa fidelidade e cooperação com Deus. Esta é a primeira atitude que no coração da Igreja de Évora, nesta Peregrinação diocesana das Famílias, nós queremos sublinhar. Obrigado, Senhor, por estes casais. O seu cimento, que une as duas pedras, em momentos por vezes difíceis, são os seus filhos. Obrigado pelos seus filhos, que ajudam o compromisso a revitalizar-se, a refrescar e enxugar-se das dificuldades da vida e a continuar”, referiu.
“A segunda palavra que eu gostaria de deixar neste momento é como é importante percebermos que este dom do amor agápico vem de Deus. O Filho de Deus morreu por ti, nasceste salvo. Então ao olharmos para isto nós percebemos que temos que amar com o amor com que somos amados por Ele. Experimentar o Seu amor é fundamental”, desenvolveu.
“A família tem que ser uma família que reza, como referia a Epístola de São Tiago, que diz exatamente que temos que permanecer na oração. E há de ser na oração que nós experimentamos o amor do Senhor por nós quando nos levanta do chão, quando caímos”, apelou o Prelado.
“Para finalizar, como é importante meus irmãos, minhas irmãs estarmos aqui. As nossas paróquias todos os dias fazem muitas atividades. Os movimentos laicais e eclesiais têm muitas atividades. E a Diocese não tem assim tantos momentos comuns. Então, como é importante juntarmo-nos em Diocese, fazermos estes momentos juntos para experimentarmos de facto a beleza da comunidade, a Igreja. Porque o Senhor não nos quer sós, numa fé privatizada, mas o Senhor construiu a Igreja, a comunidade”, desafiou o Arcebispo de Évora, sublinhando que “é impressionante a beleza quando a Igreja se une. Como é bom ver os teus filhos reunidos, Senhor. Então eu dou graças e peço ao Senhor que a Diocese tenha cada vez mais esta consciência”.
“Em família, a Igreja tem que olhar para vós e aprender convosco a sermos família de famílias. Neste amor há um termo muito importante, em grego, diz-se Agón. Agón é um aspecto do amor agápico, é um amor que exige heroicidade, que nos dinamiza, um amor que nos dá força. É este amor que nós pedimos para a nossa diocese. Este amor que nós encontramos nas famílias que lutam, que trabalham e que nos dão este sinal”, sublinhou.
“Bendito seja Deus. Que Nossa Senhora nos mostre no seu amor dádiva, a estrada como Discípulos de Cristo, para mostrarmos o novo rosto da Igreja à Humanidade. Sermos este sinal de comunhão, unidade e esperança no mundo, para onde o Senhor nos envia como semeadores do seu Reino”, concluiu o Arcebispo de Évora.
Depois da homilia, o Prelado eborense abençoou todos os casais que celebram o seu jubileu.
No final da Eucaristia, todas as Famílias da Arquidiocese consagraram-se a Nossa Senhora.
Na conclusão da Eucaristia, o Prelado eborense agradeceu ao Departamento da Pastoral Familiar pelo seu trabalho, pela unidade de trabalho com o Departamento da Catequese e invocou com saudade e, ao mesmo tempo, homenagem de gratidão e sufrágio, o Padre José Maria Brito, “que caminhava convosco e que o Pai chamou a si de um modo para todos nós inesperado”.
“Bendito seja Deus, por cada família. Parabéns, aos que celebram os seus jubileus matrimoniais”, felicitou o Prelado eborense.
Arcebispo de Évora partilha encontro com o Papa Francisco
Ainda antes da bênção final, o Prelado eborense partilhou o diálogo que teve com o Papa Francisco, na visita “Ad Limina”. “Queria dizer-vos que na visita ao Papa não falei de mim. Nos momentos que me foram dedicados, falei de vós, do vosso amor ao Papa Francisco, do abraço que levava desta Igreja particular, da nossa lealdade e fidelidade ao sucessor de Pedro e da certeza que nós rezámos por ele, com ele”, revelou, confessando que o Papa Francisco “gostou muito de ouvir estas palavras e tem na sua memória, Évora, pela ligação que tem aos jesuítas. Ele pronunciou ainda algumas palavras de gosto por Évora, diocese, cidade, que sabe perfeitamente ser património da humanidade e capital da cultura, referindo-se ainda à responsabilidade da nossa evangelização”.
A Visita Pastoral Missionária em 2025 será nos concelhos de Alandroal e Redondo
Por fim, D. Francisco Senra Coelho anunciou ainda que “no próximo ano, querendo Deus, visitarei os concelhos de Alandroal e de Redondo. Que Deus nos ajude, que Deus nos alente nesta Visita Pastoral Missionária”.