Matthias Müller da Frísia Oriental, maestro de música sacra, organista internacionalmente activo e restaurador de harmónios e órgãos, bem como a soprano Cristel de Meulder de Antuérpia, concordaram alegremente em prosseguir este desejo. Cristel de Meulder é, provavelmente, a cantora de música sacra mais conhecida da Bélgica e já deu concertos por todo o mundo.
Categoria: Turismo
Pastoral do Turismo organiza peregrinação a Roma por ocasião do Jubileu em junho de 2025
Como foi anunciado no dia da Igreja Diocesana, dia 5 de Outubro, a Arquidiocese de Évora está a organizar através do Secretariado da pastoral do Turismo uma peregrinação à cidade Eterna por ocasião do Jubileu.
Deste modo, foram escolhidas duas datas para maior facilidade de participação.
O primeiro grupo (de 1 a 5 de Março) já se encontra completo.
O segundo grupo, cujas inscrições já decorrem, irá fazer a Peregrinação em Junho, nos dias 21 a 25, conforme o programa aqui publicado.
O preço total é de 1550 euros por pax.
Concerto de Reis em Campo Maior (com fotos)
No passado dia 6 de janeiro, recordando a antiga tradição de celebrar nesse dia o dia de Reis, como continua a acontecer na nossa vizinha Espanha, realizou-se na Igreja do Mosteiro da Imaculada Conceição, das irmãs Concepcionistas de Campo Maior um concerto de Reis, interpretado de forma sublime e bela por dois músicos de renome internacional: Matthias Müller e Cristel de Meulder, contanto desta vez, de forma especial, com a participação das irmãs concepcionistas.
Cristel de Meulder é uma cantora soprano belga que estudou no Conservatório Real Flamengo de Música de Antuérpia, onde obteve o primeiro prémio em música de Câmara e um diploma superior em voz. Matthias Müller, por sua vez, é um maestro de música sacra alemão, restaurador de órgãos, harmónios e pianos.
Estes dois amigos da Comunidade Concepcionista de Campo Maior e sábios da música, presentearam a todos os presentes neste concerto com o seu talento e maestria, interpretando músicas de Natal de diferentes partes do mundo. Vindos de longe, como um dia os Reis Magos, procurando a estrela da beleza que o tempo não destrói, estes dois amantes da música transmitiram, assim, a beleza da música, fazendo despertar em cada um o amor pela arte que perdura.
Também neste concerto a Comunidade das irmãs recordou e homenageou as irmãs que lhes precederam, recuperando e cantando os antigos villancicos (cânticos tradicionais do Natal, de Espanha) que estas cantavam quando chegaram a Campo Maior, com a ajuda e interpretação destes dois músicos.
Numa noite em que os Reis nos desafiam a olhar para o Alto, para seguirmos a estrela que conduz a Jesus, pudemos sentir-nos mais próximos do Céu, através da beleza da música, que nos ajuda a procurar e a aproximarmo-nos mais do Deus feito Menino e pedir-lhe que a Luz do Natal não deixe de brilhar durante este novo ano, o ano da esperança que agora começámos.
Quem quiser experienciar um pouco deste Céu a que a beleza da música nos conduz, tem ainda a oportunidade de participar nos concertos que estes dois amigos músicos irão dar no próximo fim-de-semana: dia 10 de janeiro (sexta-feira) às 18h30 na Igreja matriz de Mora e dia 11 de janeiro (sábado) às 17h00 no Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
Pastoral Arquidiocesana do Turismo convida a conhecer o Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, em Terena – Alandroal (com fotos)
O Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova de Terena é o santuário mariano mais antigo a sul do Tejo, cenário de um culto ininterrupto com mais de sete séculos de história. Trata-se de um importante e singular testemunho da arquitetura medieval portuguesa, classificado Monumento Nacional por Decreto de 26 de junho de 1910.
Os documentos mais antigos que fazem referência a esta igreja são as Cantigas de Santa Maria, da autoria do Rei Afonso X de Castela (1221-1284), avô do Rei D. Dinis, que tem várias composições poéticas dedicados a Santa Maria de Terena. Crê-se que é possível que a edificação deste templo resulte da cristianização de antigos cultos pagãos, ligados ao Deus Endovélico. Contudo a tradição popular atribui a edificação do atual edifício à Rainha D. Maria de Castela, (filha de D. Afonso IV o Bravo) a quem Camões chama n´Os Lusíadas a «Fermosíssima Maria». Segundo a história, a Rainha de Castela deslocou-se a Portugal a solicitar-lhe auxílio para o seu marido na luta contra os Mouros, o rei português acedeu ao pedido da filha, portando-se com grande bravura na Batalha do Salado. D. Maria encontrar-se-ia nas imediações de Terena, quando recebeu a boa notícia da vitoria, dai surgindo a origem da evocação Senhora da Boa Nova.
Erguido no vale da Ribeira do Lucefécit, a cerca de 1,5 km da vila de Terens, para além de ser um raríssimo exemplar de igreja-fortaleza, mantém praticamente intactos (tanto no exterior como no interior) os elementos originais da sua construção: a sua forte cantaria aparelhada, o coroamento de ameias e os característicos balcões mata-cães, símbolos da sua arquitetura mista religiosa e militar. Ostenta nos balcões da fachada principal e da fachada norte as armas reais portuguesas, esculpidas em mármore. O interior é em planta de cruz grega e fortes abobadas ogivais. Os alçados das naves encontram-se revestidos de pinturas murais, do início do século XX, da autoria do pintor Silva Rato, representando santos da devoção popular. Possui dois altares colaterais de talha dourada, em estilo barroco, dedicados a São Brás e Santa Catarina Mártir. Artisticamente destaca-se a capela-mor, cuja abobada se encontra revestida de pinturas a fresco setecentistas, representados cenas do Apocalipse de S. João e os Reis Portugueses da primeira dinastia, numa rara composição iconográfica. O retábulo, de singular riqueza, ostenta tábuas representativas da vida da Virgem e de Cristo (Anunciação, Presépio, Pentecostes, Ressurreição e Assunção da Virgem), da autoria do pintor régio Francisco de Campos (Séc. XVI). Ao centro venera-se a imagem de Nossa Senhora de Boa Nova, escultura de vestir do séc. XVIII, com o Menino ao colo, ostentando coroas de prata e vestes ricas oferecidas pelos fiéis. O título Senhora da Boa Nova exprime a felicidade de Maria pela Ressurreição de Jesus, tanto que a festa principal em sua honra se realiza anualmente no domingo e segunda-feira da oitava da Páscoa, estando assim intimamente ligada às festas pascais. A esta romaria, que é a mais antiga do Alentejo, acorre grande número de devotos vindos dos mais variados pontos do país.
Guarda-se no Santuário vasta coleção de ex-votos oferecidos ao longos dos séculos, destacando-se os quadros pintados em madeira e folha de flandres, conjunto de fotografias do período da guerra de Ultramar, assim como várias peças de ourivesaria, objetos em cera etc. que atestam a profunda e antiga devoção à Senhora da Boa Nova.
A coroa de ouro que a imagem leva, nos dias da festa, oferecida pelo povo, foi benzida e colocada pelo Arcebispo de Évora, D. Manuel da Conceição Santos, em 1952.
Horário:
Encerra às quartas-feiras.
Missas:
12h – primeiro Sábado de cada mês
Festividades Principais:
Domingo e Segunda-feira de Pascoela
Contatos:
Pastoral Arquidiocesana do Turismo convida a conhecer o Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Montemor-o-Novo (com fotos)
A imagem de Nossa Senhora é de roca, sendo datada de finais do séc. XVII, a qual, provavelmente, terá substituído a imagem primitiva, alusiva ao episódio da visita de Nossa Senhora a Santa Isabel.
Embora não exista nenhum documento escrito, onde se conste a data de construção do Santuário, podemos situar a sua edificação pelo séc. XVI. O edificado de cor branca com elementos azuis tem traços tipicamente alentejanos e expressão mariana. A chegada pode ser feita a pé, através de uma calçada calcetada e escadaria de acesso ao adro da igreja ou através de automóvel, por estrada alcatroada, com parque de estacionamento. Os autocarros também podem aceder ao local.
O Santuário é um local devocional muito próprio, onde se registam testemunhos de agradecimento ali patentes pelos inúmeros imagens de ex-votos, fotos e artigos pessoais deixados em ação de graças, e que se encontram expostos ao público. Reitera-se a existência de uma zona própria onde os peregrinos podem colocar velas acesas, as quais podem ser adquiridas na loja do Santuário.
No local onde se situa o Santuário é possível desfrutar uma extraordinária vista panorâmica sobre a beleza do território que se estende nesta região.
Data comemorativa anual: 2 de julho
Festa comemorativa anual, sempre antecedida por uma novena, com pregação, que é realizada na Igreja do Calvário, situada no centro da cidade, para onde vem a imagem em procissão noturna solene. Ali permanece até regressar no dia 1 de julho, também em procissão, concluindo-se no dia 2 de julho com a Eucaristia à noite e a Festa com a venda das tradicionais fogaças e bolos.
Celebrações: Eucaristia todos os Domingos às 16h00 (exceto no mês de agosto).
Horário de funcionamento: 10h00 – 17h00 todos os dias, exceto às 4.ª feiras (encerrado)
Pastoral Arquidiocesana do Turismo convida a conhecer o Santuário de Nossa Senhora da Vila Velha, em Fronteira (com fotos)
Nossa Senhora da Vila Velha, padroeira do Concelho de Fronteira, apresenta este título simplesmente por se encontrar no local da antiga vila de Fronteira, isto é, a vila velha.
Desconhece-se a data da sua fundação, a noticia mais antiga sobre este templo data de 1489. Nesta época a igreja era destino de grande número de peregrinos, movidos pela fama milagrosa da padroeira. Um dia de tempestade, em 1694, um raio caiu na capela-mor que, apesar de estar cheia de romeiros não houve nenhuma vítima, o que reforçou ainda mais a fé do povo na padroeira de Fronteira. Em meados do século XVIII a afluência de peregrinos foi a razão principal para a construção de anexos à igreja.
Arquitetonicamente, esta Igreja apresenta um alpendre com três arcos de volta perfeita, na frente, a poente e dois maiores dos lados. O interior é constituído por uma só nave coberta com abobada de berço e coro assente sobre a galilé. Todo o corpo é interiormente revestido, até à cimalha, de azulejos policromados.
Horários
Todos os dias: 11.00h – 17.00h
Eucaristias
1º Sábado do Mês: 11.00h
Festas
Fim de semana mais próximo ao dia 15 de Agosto
Contactos
Jornada Diocesana de Pastoral congregou cerca de 70 diocesanos que aprofundaram a oração (com vídeo e com fotos)
Neste dia 16 de novembro, entre as 9h30 e as 16h30, decorreu nos Salesianos, em Évora, a Jornada diocesana da Pastoral, organizada pelos vários departamentos da Pastoral.
O tema aprofundado foi: “Senhor ensina-nos a rezar! – Bíblia, Catequese, Comunidade, Família, Liturgia”.
A Jornada começou e terminou na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, com um momento de oração. Ao longo da jornada decorreram momentos de oração e workshop’s.
O Arcebispo de Évora participou na Jornada, tendo deixado palavras de agradecimento, ânimo e motivação para os cerca de 70 participantes, oriundos de toda a Arquidiocese de Évora .
Pastoral do Turismo: Conheça o Santuário de Nossa Senhora de Brotas
O culto de Nossa Senhora de Brotas tem como origem um suposto milagre ocorrido na localidade de Brotas no Alto Alentejo, na primeira metade do século XV. Um pastor, que levara a sua vaca a pastar, vê o animal cair num barranco, partir uma pata e morrer. Desolado, prepara-se para o esfolar quando surge Nossa Senhora. A Virgem fala com o pastor, explica-lhe que vai ressuscitar a vaca e pede-lhe para construir um santuário no local.
Este milagre, que vai dar origem a um culto de características rurais, constitui um curioso exemplo de regionalismo na iconografia mariana, inserindo-se nas cerca de mil invocações
que integram o culto de Maria em Portugal.
É com base no referido milagre que, na localidade de Brotas, até então desabitada, surge, em finais do século XV, um santuário, ponto de partida para a atual igreja, que se torna rapidamente um centro de peregrinação dedicado a Nossa Senhora.
A rua da Igreja, a única que permite aceder diretamente ao templo, revela a progressiva presença de confrarias que foram construindo ao longo do caminho as suas casas para peregrinos.
No interior da Igreja conservava-se a imagem milagrosa de Nossa Senhora de Brotas, que seria originalmente em osso e, segundo Frei Agostinho de Santa Maria, “obrada pelas mãos dos Anjos.*
* Cultura – Revista de História e teoria das Ideias. Vol.27/2010. Iconografia religiosa das invocações nacionais. Nossa senhora de Brotas. Um Exemplo de regionalismo na Iconografia Mariana. Ana Paula Correia p.227-233.
Mais de seis centenas de “Peregrinos de Esperança” iniciam Biénio Pastoral na Arquidiocese de Évora. “É importante darmos as mãos e fazermos a Esperança acontecer”, apelou D. Francisco Senra Coelho (com fotos)
Na manhã deste dia 5 de outubro, a Escola Salesiana de Évora acolheu mais de seis centenas de diocesanos, entre Presbíteros, Diáconos, Consagrados, Seminaristas e Leigos para viverem em comunhão e júbilo o Dia da Igreja Diocesana.
Deste forma, inicia de forma oficial o Biénio Pastoral 2024-2026 na Arquidiocese de Évora que tem como tema “PEREGRINOS DE ESPERANÇA”.
A jornada começou com a Oração de Laudes, conduzida pelos Seminários de Évora, e presidida pelo Arcebispo de Évora.
Depois foi momento a conferência sobre o Jubileu do Ano Santo pelo Cónego Mário de Sousa (Diocese do Algarve), que é formado em Sagrada Escritura pelo Instituto Bíblico de Roma, doutorado em Teologia Bíblica pela Universidade Gregoriana, e especialista no evangelista S. João.
Após o intervalo, houve um momento de animação pela Pastoral Juvenil, que colocou toda a Assembleia a dançar e em júbilo.
De seguida, foi apresentada uma coreografia, intitulada “Sem Limites”, interpretada pelas jovens do Centro de Recuperação de Menores D. Manuel Trindade Salgueiro, de Assumar, orientadas pelas Irmãs Hospitaleiras.
Depois decorreu uma Mesa redonda sobre o Ano Pastoral e o Congresso Eucarístico Internacional, orientada pelo P. Manuel Vieira e com intervenções do cónego Mário Tavares de Oliveira, do cónego Francisco Couto e do casal Manuela e José Barreiros.
O Cónego Mário Tavares de Oliveira partilhou que no Ano Pastoral 2024/2025, até ao final de ano 2024, vão propor-se vigílias de oração na preparação do Ano Santo.
O Ano Santo iniciará na Vigília do Natal, em Roma. Depois, no Domingo da Sagrada Família, a 29 de dezembro, na Catedral de Évora, a Arquidiocese Évora irá abrir o Ano Santo.
“Que o Ano Santo seja marcado pelo entusiasmo”, desafiou o Cónego Mário Tavares de Oliveira, adiantando que o Ano Santo será também encerrado no Domingo da Sagrada Família em 2025.
A Pastoral Arquidiocesana do Turismo organizará duas datas de alternativas de Peregrinação Diocesana a Roma, de 1 a 5 de março, que já está quase completa, e de 21 a 25 de junho. Além disso, outras Pastorais e Movimentos organizarão Peregrinações a Roma.
A nível arquidiocesano, o desafio a cada Pastoral é mobilizar-se para peregrinar, fazendo peregrinações aos variados Santuários existentes na Arquidiocese de Évora.
A 16 de novembro, haverá uma Jornada Diocesana de Pastoral, com todos os Departamentos.
A Pastoral Juvenil vai organizar no segundo sábado de cada mês, em duas paróquias da Arquidiocese, sendo as primeiras Reguengos de Monsaraz e Coruche, um momento de oração intitulado “Viver a Santidade”.
Depois, o Cónego Francisco Couto sublinhou a experiência riquíssima que viveu no Congresso Eucarístico Internacional, em Quito, sublinhando a importância de vivermos cada vez melhor a Eucaristia. “Dar prioridade à celebração da Eucaristia”, sublinhou o sacerdote.
Já o casal Manuela e José Barreiros partilhou os momentos mais marcantes do Congresso Eucarístico, testemunhando como a vivência da Eucaristia foi valorizada na sua vida pessoal, em casal e em comunidade. “Gostaria de desafiar todos a viver mais intensamente a Eucaristia nas nossas Comunidades e sermos Peregrinos de Esperança”, apelou a professora Manuela Barreiros.
Por fim, o Prelado eborense dirigiu uma palavra de agradecimento e ânimo a todos os presentes, desafiando-os a serem Peregrinos de Esperança nas suas Comunidades.
O Arcebispo de Évora sublinhou duas datas que marcarão o Ano Pastoral 2024/2025: a abertura do Ano Santo, na Catedral de Évora, a 29 de dezembro de 2024, na Solenidade da Sagrada Família; e a Peregrinação Arquidiocesana das Famílias a Vila Viçosa, no últimos sábado do mês de maio de 2025.
O Dia da Igreja Diocesana terminou com a Bênção do Arcebispo de Évora, com a Oração do Jubileu 2025 e o momento do Envio, animado pelo Seminário Redemptoris Mater de Évora.
“Vamos ser um Jubileu de humanização”
Em declarações ao Departamento de Comunicação, o Prelado eborense desafiou “os diocesanos a serem mensageiros da esperança uns para os outros”, desafiando a “Igreja de Évora a abraçar o mundo e a estar ao serviço de cada pessoa”.
“Que sejamos peregrinos de esperança em todos os ambientes em que estamos inseridos, apesar de todo o ambiente adverso e difícil que nos rodeia, marcado pelas guerras e pela violência”, apelou.
“É importante darmos as mãos e fazermos a esperança acontecer. Peregrinos da Esperança somos nós a Igreja ao serviço de todos e com todos, numa dimensão profética, de anúncio e ao mesmo tempo de alerta”, desafiou o Prelado.
“Obrigado a todos os que vieram, obrigado a todos os que estão connosco, a caminho do Ano Santo. Vamos ser um Jubileu de humanização pelo respeito e ao serviço de todos, sobretudo dos que não têm voz”, concluiu o Arcebispo de Évora.
À conversa com o Arcebispo de Évora – IV: As Migrações e a Cultura (texto)
No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia está a apresentar uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por vário episódios em formato vídeo, disponíveis nos canais digitais diocesanos.
Em Portugal e na Europa a questão migratória está na ordem do dia. Neste contexto, em conversa com o Arcebispo de Évora quisemos ouvir o que tem a dizer o Prelado sobre este assunto, tendo em conta que recentemente se inaugurou em Vendas Novas um Centro de Acolhimento para Refugiados e Migrantes.
“Para abordar esta questão, começo por apresentar o livro do sociólogo e especialista em migrações Hein de Haas, intitulado ‘Como Funciona Realmente a Migração – Um guia factual sobre a questão que mais divide a política’”. Com base neste estudo concluímos que em Portugal os imigrantes não são os responsáveis pela maior parte dos crimes. Estamos perante uma realidade que se comprova a nível numérico e estatístico. Portanto, não podemos ligar os crimes cometidos em Portugal à imigração”, afirma o Prelado.
“Se observarmos o mesmo fenómeno na Europa e no mundo, diz este autor, que as estatísticas mantêm a mesma expressão”, aponta, acrescentando que, “uma pessoa que parte para a emigração não é desprovida de meios, de senso e de preparação. Aqueles que conseguem partir têm mais audácia, criatividade, coragem, engenho e sentido de empreendimento. Quem chega, normalmente não vem para praticar crimes, mas para trabalhar, ganhar algum dinheiro e singrar na vida”.
“Para além desta constatação, verifica-se que os imigrantes ilegais normalmente experimentam redobradas preocupações de não cometer qualquer tipo de infração que os possa denunciar. Se, porventura, cometerem uma fraude ou uma infração, podem ser descobertos e postos fora do país de acolhimento. Os diversos crimes de violência atribuídos aos imigrantes prendem-se com a inserção dos mesmos. Acerca deste processo o Papa alerta para quatro verbos importantes: ‘acolher, cuidar, promover e inserir’”, recorda o Prelado, explicando, no entanto, que “quando chegamos à segunda geração de imigrantes, já não é assim tão claro o resultado estatístico referido”.
“Qualquer inserção é problemática, se acontecer em declive social; se as pessoas que chegam forem colocadas em comunidades problemáticas, marcadas pela violência ou pela criminalidade, claro que nesse contexto, a segunda geração vai ser igual à geração que os acolheu. De facto, as novas gerações de imigrantes, nascidas ou crescidas já em Portugal, revelam as mesmas características das novas gerações da comunidade onde foram acolhidos”, explica.
“Devemos tirar consequências desta verificação: os imigrantes não podem ser recebidos de qualquer maneira. Importa acolher, cuidar, promover e inserir quem vem de fora”, apela.
“O acolhimento feito pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados tem sido capaz de exercer estas funções com vasto reconhecimento”, sublinha.
“Neste momento, com grande alegria, com muito esforço e dedicação, o serviço internacional dos jesuítas está implantado na Arquidiocese de Évora”, afirma, afiançando que “estou convencido que vai ser uma riqueza para Vendas Novas. É uma plataforma de chegada, de entrada, de adaptação e dali as famílias partem para os locais onde serão inseridas”.
“Desejo que Vendas Novas saiba viver e conviver com esta riqueza cultural, sempre em ambiente de paz, porque é assim que se constrói uma cidade aberta às grandes dinâmicas da globalização”, afiança o Arcebispo de Évora, concluindo que “numa sociedade marcada pela mobilidade o contributo cristão passa por empreendimentos como este”.
A IGREJA E A CULTURA
No horizonte da realização de Évora, Capital Europeia da Cultura em 2027, o Prelado eborense foi ainda questionado sobre o papel da Igreja neste evento de âmbito cultural.
O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho substantivou a sua reflexão do seguinte modo: “desafio, preocupação e confiança”.
“Desafio: acredito que o projecto Évora, Capital Europeia da Cultura 2027, tem um potencial capaz de projectar Évora muito para além de Portugal e da Europa, levando a nossa cidade museu ao mundo. Estou certo que a Capital Europeia da Cultura é uma marca repleta de potencialidades que temos que saber gerir e aproveitar”, aponta.
“A diversidade patrimonial de Évora, as suas especificidades únicas e a riqueza da sua população proporcionam uma excelente oferta com impacto incalculável. Évora precisa e merece que este desafio seja ganho, pois não se trata de um evento, mas de uma marca que leva Évora e traz a Évora. A grandeza desta cidade, Património Mundial, ao ser apresentada e experimentada a nível mundial, com toda a certeza, abrirá portas ao desenvolvimento integral da nossa cidade”, afiança.
“Se, de facto, a Capital Europeia da Cultura 2027 é Évora, a sua vivência não pode contar apenas com a participação de valores eborenses, mas deve assumir-se esta oportunidade com compromisso nacional. Importa que todo o país concentre o melhor de si nesta cidade e que Évora se torne uma proposta de todo o Portugal”, apela, acrescentando que “espero que Évora 2027 seja uma tenda alargada com portas amplas e abertas para que tudo o que há de melhor no nosso país, arte, cultura, ciência, espiritualidade, desporto dê o seu contributo. Não podemos esquecer a cidade congénere na Letónia para que a grande proposta ‘Vagar’ coopere na humanização do nosso país, da europa e do mundo. Se as duas cidades se encontrarem e colaborarem, com mais sucesso potenciarão a mensagem desta iniciativa Capital Europeia da Cultura, construtora da convivência pacífica dos povos”.
“Preocupação: observo que o tempo corre veloz e Évora não está ainda a viver o dinamismo que seria expetável já neste momento”, refere, acrescentando que “talvez devido a inesperadas dificuldades ao nível das coordenações nacionais, regionais e locais, se verifique este significativo atraso que refiro na mobilização interactiva das populações, na preparação de infraestruturas necessárias para um evento de proporção europeia e mundial e na ausência do conhecimento e divulgação de programas que já deviam aglutinar atenções e provocar o agendamento de deslocações a Évora”.
“Evidentemente que abraço este projecto com confiança. Acredito nas instituições e nas pessoas que estão a conduzir este processo. Apelo à união de todos por um projecto que é nosso”, sublinha.
“Que motivações políticas, ideológicas e económicas, estranhas a este projecto comum, não se coloquem à frente do bem da nossa cidade e do nosso país. Para além do nome e da imagem da nossa cidade, estão em causa muitos valores, capacidades e ofertas, que é necessário honrar, defender e promover. Confio que Évora 27 será uma vitória em grau de excelência”, afiança.
“Ressalta ao olhar de todos a importância do património religioso de Évora. Neste sector, grandes obras têm sido desafios vencidos. Recordo as mais recentes, as igrejas do Espírito Santo e de São Francisco, a partir de candidaturas a fundos europeus”, sublinha, salientando que “aproveito o momento para lembrar que a Catedral de Évora precisa urgentemente de uma visita não apenas de admiração, mas de compromisso com a sua preservação e segurança.
Há diversas urgências que exigem rápidas consolidações para que a sua robustez granítica seja efectiva em muitos pormenores fragilizados”. “Há muitos anos que a Sé de Évora não tem tido acompanhamento consequente e satisfatório naquilo que são as exigências da sua conservação. Chamo a atenção para o zimbório; trata-se de um modelo raro na Península Ibérica e na Europa. Já há vários anos que esta preciosidade da história da arte ibérica e mundial não pode ser contemplada pelos visitantes. Será incompreensível que esta tão importante atração patrimonial permaneça neste estado de abandono durante o ano 2027”, refere.
“Lembro que a Catedral de Évora, já há muito tempo estaria encerrada, se não fosse a iniciativa do seu Cabido. De facto, os funcionários que ali prestam os seus serviços são custeados exclusivamente pela entidade multissecular capitular”, esclarece, apelando que pede “aos cristãos eborenses e a todos os visitantes que vêm de fora que compreendam, com perspectiva cultual e cultural, que são chamados a ser missionários da Catedral de Évora através da oferta que dedicam ao adquirir o bilhete de entrada. Não vislumbro a possibilidade de poder cuidar devidamente da Catedral e mantê-la aberta sem o contributo de todos. Certamente não seria nada agradável, numa visita a Évora, depararmo-nos com a Catedral fechada, como infelizmente acontece com tantas igrejas. Sendo monumento nacional, não conta com nenhum funcionário custeado por qualquer entidade pública”.
“Através do Departamento da Pastoral da Cultura e do Património, que é presidido pelo sr. Cónego Mário Tavares da Oliveira já está em constituição uma equipa de trabalho para a valorização do património sacro no contexto Évora 27. Já contamos com apoios de personalidades experimentadas na organização de eventos de alta responsabilidade, bem como oriundas do mundo académico e artístico. Já estamos a trabalhar há vários meses sobre o modo como vamos valorizar o itinerário pelas nossas igrejas. Tenho uma esperança no que digo, que Évora 27 não vai deixar de ser excelente por parte da Igreja”, afiança.
“Que Évora Capital Europeia da Cultura 2027 seja uma sucessão de acontecimentos excelentes para os eborenses, que envolva todos os habitantes da cidade, e por consequência também a Igreja eborense. Que a beleza de Évora chegue ao mundo porque dela tem direito”, aponta.
“O primeiro bispo de Évora data do ano 300, Quinciano é o seu nome. Esta história não pode ser contornada. Faz parte da linfa, da seiva, daquilo que é o alimento desta árvore multissecular que se chama Évora. A sua raiz bebe e suga deste húmus onde também está a fé cristã”, conclui D. Francisco José Senra Coelho.