Categoria: Cultura e Bens Patrimoniais

25 Set 2024

27 de setembro: Évora acolhe a comemoração do “Dia do Património das Misericórdias”

Iniciativa decorre no próximo dia 27 de setembro, a partir das 10h e contará com a participação de Maria de Lurdes Craveiro, secretária de Estado da Cultura; Francisco Lopes Figueira; provedor da Santa Casa da Misericórdia de Évora; Manuel de Lemos, Presidente União das Misericórdias Portuguesas; José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, entre outras individualidades.

A Arquidiocese de Évora informa que em representação oficial do Arcebispo de Évora, estará presente o Rev. Padre Manuel Vieira, Mestre em Psicologia (UPS), Director do Departamento Arquidiocesano da Pastoral Social, Presidente do Centro Social Paroquial N.ª Sr.ª de Fátima, do Centro Comunitário Pastorinhos de Fátima e Assistente Eclesiástico da Caritas Arquidiocesana.

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vai promover o “Dia do Património das Misericórdias” no próximo dia 27 de setembro, a partir das 10h00, na Igreja da Misericórdia de Évora.

Organizado pelo Departamento do Património Cultural da UMP, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Évora, o Dia do Património pretende promover uma reflexão sobre as principais oportunidades e desafios na gestão desta importante realidade patrimonial.

Esta 13ª edição vai reunir investigadores, representantes de organismos públicos e de Misericórdias em painéis sobre património e identidade, arquivos, desenvolvimento territorial, bem como gestão e dinamização de acervos.

O evento conta também com a apresentação da revista cultural ‘Lembranças’, da Misericórdia de Évora, e da obra ‘Atividade Hospitalar da Misericórdia de Évora’ e ainda com uma visita ao museu da instituição anfitriã. 

Para além de assegurar apoio e respostas sociais às comunidades onde estão inseridas, as Misericórdias têm assumido a missão de salvaguardar, preservar e divulgar o seu património cultural, que contempla obras de interesse artístico, arquitetónico, arquivístico e imaterial.

Para o Presidente da UMP, Manuel de Lemos, “O Dia do Património, que tem vindo a congregar cada vez mais Misericórdias, pretende promover e reforçar a importância das Misericórdias como uma valiosa herança cultural que importa valorizar e promover”.

Procurando contribuir para a defesa, estudo e preservação do património cultural, as Misericórdias Portuguesas têm um espólio significativo que reúne mais de 1.000 imóveis de interesse arquitetónico, um total de 82 museus e núcleos museológicos e mais de 40.000 peças que integram o inventário do património móvel.

A 13ª edição do Dia do Património das Misericórdias vai contar com a presença de diversas individualidades, entre as quais se destacam: Maria de Lurdes Craveiro, secretária de Estado da Cultura; José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo; Francisco Lopes Figueira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Évora; Manuel de Lemos, presidente da UMP; Vítor Serrão, professor catedrático emérito da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre outros.

 

A União das Misericórdias Portuguesas

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) é uma associação de âmbito nacional, criada em 1976 para orientar, coordenar, dinamizar e representar as Misericórdias, defendendo os seus interesses e organizando atividades de interesse comum.

Enquanto promotora da economia social, a UMP tem pautado a sua atuação pelo diálogo entre as Misericórdias e os diversos parceiros institucionais, participando ativamente na definição e execução de políticas públicas sociais, com o objetivo de assegurar respostas sociais e de saúde que contribuam para o desenvolvimento de uma rede de apoio para o bem-estar da população.

23 Set 2024

Viana do Alentejo: O Santuário de Nossa Senhora de Aires recupera todo o seu esplendor

O Santuário de Nossa Senhora de Aires, em Viana do Alentejo, foi alvo nos últimos anos de um ambicioso projeto de conservação, requalificação e musealização, com o objetivo de preservar e valorizar este importante monumento nacional, classificado em 2012.
O projeto nasceu da necessidade de intervenções urgentes identificadas por Raquel Seixas, historiadora da arte, durante o seu estudo de mestrado em História da Arte Moderna, que destacou a relevância do santuário como um exemplar significativo da arquitetura barroca no Alentejo e local de devoção popular.
A iniciativa foi liderada por membros da Fábrica Paroquial de Viana do Alentejo e contou com o apoio imprescindível da Arquidiocese de Évora, representada pelo Prelado eborense. Durante uma fase crucial do projeto, D. Francisco Senra Coelho criou a Comissão dos Altos Representantes do Senhor Arcebispo de Évora, presidida pelo Dr. Francisco Lopes Figueira, que desempenhou um papel determinante para a conclusão bem-sucedida do projeto. Este esforço foi realizado em colaboração com uma equipa multidisciplinar composta por historiadores de arte, arquitetos, engenheiros, arquitetos paisagistas e conservadores-restauradores, assegurando uma abordagem abrangente e integrada às intervenções necessárias.
As intervenções realizadas incluíram a conservação e restauro do património móvel e imóvel, a modernização das infraestruturas de acolhimento, e a requalificação paisagística da Alameda dos Romeiros. Foram também restaurados elementos artísticos como o baldaquino, os ex-votos, esculturas e pinturas murais, e desenvolvidas iniciativas de valorização turística e cultural, como a criação de conteúdos digitais, roteiros e equipamentos interativos.
O projeto de musealização foi organizado em dois núcleos expositivos: a Casa dos Romeiros, que aborda a história do culto à Nossa Senhora de Aires desde o período romano, e o primeiro piso da igreja, focado na temática dos ex-votos, refletindo a devoção popular e a ligação da comunidade ao santuário.
Núcleos expositivos inaugurados
No passado dia 12, foram inaugurados estes dois núcleos expositivos, que representam o culminar desta grande obra realizada. Este esforço conjunto entre entidades locais e financiamento europeu garante a continuidade do Santuário de Nossa Senhora de Aires como centro de espiritualidade e cultura, preservando o seu legado para as gerações vindouras e sublinhando a importância do património cultural como elemento fundamental da identidade regional.
A inauguração contou com a presença da Secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, entre outras entidades locais e regionais.
Francisco Lopes Figueira, da comissão de altos representantes do Arcebispo de Évora no santuário, fez uma síntese de todo o trabalho realizado, destacando os números da obra.
O financiamento, aprovado no âmbito do programa Portugal 2020, cobriu 85% dos custos, sendo fundamental para a realização das diversas ações previstas. Os investimentos totais foram divididos em várias rúbricas importantes: Estudos e Projetos: 134.070,31€; Construção, Arranjos Exteriores e Equipamentos: 1.842.829,73€; Outras Despesas – Musealização: 258.352,49€; Total do Projeto: 2.235.252,53€.
O projeto contou ainda com um financiamento comunitário de 1.609.808,38€, além do apoio significativo da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, que contribuiu com
311.500,00€.
“Mais do que preservar fisicamente o santuário, o projeto pretende também reforçar a sua atratividade como destino turístico e cultural, assegurando a sua sustentabilidade futura”, sublinhou Francisco Lopes Figueira.
Após o descerrar da placa que marca a inauguração, D. Francisco Senra Coelho dirigiu-se ao númeroso grupo entidades e individualidades que marcaram presença, sublinhando que “este projeto representa uma verdadeira luta de gigantes, um esforço contínuo para superar obstáculos e garantir a preservação deste espaço, que é um símbolo das raízes culturais e religiosas do nosso povo».
O Arcebispo de Évora elogiou também o papel desempenhado pelo Padre Manuel Manso e a Comissão Fabriqueira, que enfrentaram um caminho árduo para levar a cabo a revitalização do Santuário. D. Francisco Senra Coelho frisou as dificuldades superadas ao longo do processo, incluindo a necessidade de harmonizar as equipas técnicas envolvidas no projeto, e o impacto positivo que a união e dedicação de todos tiveram na conclusão bem-sucedida das obras.
O Prelado eborense sublinhou ainda a colaboração entre a paróquia, as autoridades locais e outras entidades, destacando a importância de parcerias para a sustentabilidade futura do Santuário.
O Santuário de Nossa Senhora d’Aires “reafirma-se como um ponto de encontro cultural e espiritual no Alentejo”
Com a inauguração dos novos núcleos expositivos, o Santuário de Nossa Senhora d’Aires “reafirma-se como um ponto de encontro cultural e espiritual no Alentejo, destacando-se como um exemplo de preservação patrimonial e de colaboração entre diferentes entidades em prol do bem comum”, afiançou D. Francisco Senra Coelho durante a cerimónia.
Por seu turno, já em declarações aos jornalistas, a Secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, sublinhou a confiança nas entidades envolvidas no projeto, afirmando que “tenho a certeza absoluta de que haverá frutos muito importantes para o território a partir deste núcleo tão significativo. Este monumento mobiliza multidões que vêm cada vez de mais longe, reconhecendo aqui um espaço de tranquilidade e de esperança no futuro”.
A Secretária de Estado apresentou este projeto como um exemplo positivo de gestão de fundos públicos, afirmando que “é um bom exemplo do excelente uso dos dinheiros públicos. O Ministério da Cultura sente que vale a pena investir e confiar na capacidade de articulação entre as várias instâncias para desenvolver projetos que são cruciais não apenas para as pessoas, mas também para os territórios”.
A Secretária de Estado frisou ainda a importância de continuar a dar “condições de sobrevivência e de saúde” aos edifícios históricos, destacando que, apesar das limitações, o Ministério procura sempre apoiar os espaços que não estão sob a sua tutela direta.
“Um exemplo de revitalização patrimonial”
O Santuário de Nossa Senhora d’Aires torna-se, assim, “um exemplo de revitalização patrimonial, demonstrando o impacto positivo de intervenções bem-sucedidas para a preservação cultural e o desenvolvimento das comunidades locais”, afiançou Maria de Lurdes Craveiro.
Por fim, aos jornalistas, o Presidente da Câmara de Viana do Alentejo, Luís Miguel Duarte, destacou a importância do projeto para a dignidade do Santuário e do concelho, mas alertou para o desafio de garantir a sua sustentabilidade futura.
O Presidente da Câmara enfatizou que o desafio agora passa por manter o Santuário em bom estado e aberto ao público: “O problema não é comprar o carro, o problema é depois manter”, afirmou, comparando a manutenção do Santuário à gestão de um investimento de grande valor.
O Presidente destacou a necessidade de encontrar soluções que garantam a sustentabilidade do Santuário, envolvendo não apenas a paróquia e o município, mas também o setor do turismo e da cultura: “Temos que recorrer também ao turismo e à cultura sem dúvida nenhuma”.
Luís Miguel Duarte frisou que “é essencial manter as portas do Santuário abertas para que todos possam usufruir do espaço”, sublinhando “o papel crucial das colaborações futuras para o sucesso desta nova fase.”
Monumento Nacional desde 2012, o Santuário de Nossa Senhora d’Aires, de traça barroca com elementos rococó, situa-se a dois quilómetros da vila e é espaço de devoção e de romaria, conservando uma coleção de ex-votos.
\Os seus dois pontos altos de religiosidade acontecem em abril, por ocasião da Romaria a Cavalo entre a Moita e Viana do Alentejo, e em setembro, por altura da centenária Feira d’Aires.
Segundo a tradição, o culto a Nossa Senhora d’Aires começou em 1748, quando grassou em Évora uma epidemia. Os comerciantes da cidade prometeram uma festa em honra de Nossa Senhora d’Aires se a epidemia fosse debelada e, como tal aconteceu, a promessa foi cumprida e a festa decorreu durante três dias.
Reportagem de Pedro Miguel Conceição
12 Set 2024

12 de setembro: Apresentação pública da conclusão do projeto de Conservação, Requalificação e Musealização do Santuário de Nossa Senhora de Aires e inauguração dos seus espaços

Nesta quinta-feira, dia 12 de setembro, pelas 17h00, em Viana do Alentejo, o Arcebispo de Évora preside à apresentação pública da conclusão do projeto de Conservação, Requalificação e Musealização do Santuário de Nossa Senhora de Aires e Inauguração dos seus Espaços.

 

Projeto de Conservação, Requalificação e Musealização do Santuário de Nossa Senhora de Aires

O Santuário de Nossa Senhora de Aires, em Viana do Alentejo, foi alvo de um ambicioso projeto de conservação, requalificação e musealização, com o objetivo de preservar e valorizar este importante monumento nacional, classificado em 2012. O projeto nasceu da necessidade de intervenções urgentes identificadas por Raquel Seixas, historiadora da arte, durante o seu estudo de mestrado em História da Arte Moderna, que destacou a relevância do santuário como um exemplar significativo da arquitetura barroca no Alentejo e local de devoção popular.

A iniciativa foi liderada por membros da Fábrica Paroquial de Viana do Alentejo e contou com o apoio imprescindível da Arquidiocese de Évora, representada pelo Sr. Arcebispo, Dom Francisco Senra Coelho. Durante uma fase crucial do projeto, Dom Francisco Senra Coelho criou a Comissão dos Altos Representantes do Sr. Arcebispo de Évora, presidida pelo Dr. Francisco Lopes Figueira, que desempenhou um papel determinante para a conclusão bem-sucedida do projeto. Este esforço foi realizado em colaboração com uma equipa multidisciplinar composta por historiadores de arte, arquitetos, engenheiros, arquitetos paisagistas e conservadores-restauradores, assegurando uma abordagem abrangente e integrada às intervenções necessárias.

O financiamento, aprovado no âmbito do programa Portugal 2020, cobriu 85% dos custos, sendo fundamental para a realização das diversas ações previstas. Os investimentos totais foram divididos em várias rúbricas importantes:
• Estudos e Projetos: 134.070,31€
• Construção, Arranjos Exteriores e Equipamentos: 1.842.829,73€
• Outras Despesas – Musealização: 258.352,49€
• Total do Projeto: 2.235.252,53€

 

O projeto contou ainda com um financiamento comunitário de 1.609.808,38€, além do apoio significativo da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, que contribuiu com
311.500,00€.

 

As intervenções realizadas incluíram a conservação e restauro do património móvel e imóvel, a modernização das infraestruturas de acolhimento, e a requalificação paisagística da Alameda dos Romeiros. Foram também restaurados elementos artísticos como o baldaquino, os ex-votos, esculturas e pinturas murais, e desenvolvidas iniciativas de valorização turística e cultural, como a criação de conteúdos digitais, roteiros e equipamentos interativos.

O projeto de musealização foi organizado em dois núcleos expositivos: a Casa dos Romeiros, que aborda a história do culto à Nossa Senhora de Aires desde o período romano, e o primeiro piso da igreja, focado na temática dos ex-votos, refletindo a devoção popular e a ligação da comunidade ao santuário.

Mais do que preservar fisicamente o santuário, o projeto pretende também reforçar a sua atratividade como destino turístico e cultural, assegurando a sua sustentabilidade futura. Este esforço conjunto entre entidades locais e financiamento europeu garante a continuidade do Santuário de Nossa Senhora de Aires como centro de espiritualidade e cultura, preservando o seu legado para as gerações vindouras e sublinhando a importância do património cultural como elemento fundamental da identidade regional.

06 Set 2024

À conversa com o Arcebispo de Évora – IV: As Migrações e a Cultura (texto)

AS MIGRAÇÕES

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia está a apresentar uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por vário episódios em formato vídeo, disponíveis nos canais digitais diocesanos. 

Em Portugal e na Europa a questão migratória está na ordem do dia. Neste contexto, em conversa com o Arcebispo de Évora quisemos ouvir o que tem a dizer o Prelado sobre este assunto, tendo em conta que recentemente se inaugurou em Vendas Novas um Centro de Acolhimento para Refugiados e Migrantes.

“Para abordar esta questão, começo por apresentar o livro do sociólogo e especialista em migrações Hein de Haas, intitulado ‘Como Funciona Realmente a Migração – Um guia factual sobre a questão que mais divide a política’”. Com base neste estudo concluímos que em Portugal os imigrantes não são os responsáveis pela maior parte dos crimes. Estamos perante uma realidade que se comprova a nível numérico e estatístico. Portanto, não podemos ligar os crimes cometidos em Portugal à imigração”, afirma o Prelado.

“Se observarmos o mesmo fenómeno na Europa e no mundo, diz este autor, que as estatísticas mantêm a mesma expressão”, aponta, acrescentando que, “uma pessoa que parte para a emigração não é desprovida de meios, de senso e de preparação. Aqueles que conseguem partir têm mais audácia, criatividade, coragem, engenho e sentido de empreendimento. Quem chega, normalmente não vem para praticar crimes, mas para trabalhar, ganhar algum dinheiro e singrar na vida”.

“Para além desta constatação, verifica-se que os imigrantes ilegais normalmente experimentam redobradas preocupações de não cometer qualquer tipo de infração que os possa denunciar. Se, porventura, cometerem uma fraude ou uma infração, podem ser descobertos e postos fora do país de acolhimento. Os diversos crimes de violência atribuídos aos imigrantes prendem-se com a inserção dos mesmos. Acerca deste processo o Papa alerta para quatro verbos importantes: ‘acolher, cuidar, promover e inserir’”, recorda o Prelado, explicando, no entanto, que “quando chegamos à segunda geração de imigrantes, já não é assim tão claro o resultado estatístico referido”.

“Qualquer inserção é problemática, se acontecer em declive social; se as pessoas que chegam forem colocadas em comunidades problemáticas, marcadas pela violência ou pela criminalidade, claro que nesse contexto, a segunda geração vai ser igual à geração que os acolheu. De facto, as novas gerações de imigrantes, nascidas ou crescidas já em Portugal, revelam as mesmas características das novas gerações da comunidade onde foram acolhidos”, explica.

“Devemos tirar consequências desta verificação: os imigrantes não podem ser recebidos de qualquer maneira. Importa acolher, cuidar, promover e inserir quem vem de fora”, apela.

“O acolhimento feito pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados tem sido capaz de exercer estas funções com vasto reconhecimento”, sublinha.

“Neste momento, com grande alegria, com muito esforço e dedicação, o serviço internacional dos jesuítas está implantado na Arquidiocese de Évora”, afirma, afiançando que “estou convencido que vai ser uma riqueza para Vendas Novas. É uma plataforma de chegada, de entrada, de adaptação e dali as famílias partem para os locais onde serão inseridas”.

“Desejo que Vendas Novas saiba viver e conviver com esta riqueza cultural, sempre em ambiente de paz, porque é assim que se constrói uma cidade aberta às grandes dinâmicas da globalização”, afiança o Arcebispo de Évora, concluindo que “numa sociedade marcada pela mobilidade o contributo cristão passa por empreendimentos como este”.

A IGREJA E A CULTURA

No horizonte da realização de Évora, Capital Europeia da Cultura em 2027, o Prelado eborense foi ainda questionado sobre o papel da Igreja neste evento de âmbito cultural.

O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho substantivou a sua reflexão do seguinte modo: “desafio, preocupação e confiança”.

“Desafio: acredito que o projecto Évora, Capital Europeia da Cultura 2027, tem um potencial capaz de projectar Évora muito para além de Portugal e da Europa, levando a nossa cidade museu ao mundo. Estou certo que a Capital Europeia da Cultura é uma marca repleta de potencialidades que temos que saber gerir e aproveitar”, aponta.

“A diversidade patrimonial de Évora, as suas especificidades únicas e a riqueza da sua população proporcionam uma excelente oferta com impacto incalculável. Évora precisa e merece que este desafio seja ganho, pois não se trata de um evento, mas de uma marca que leva Évora e traz a Évora. A grandeza desta cidade, Património Mundial, ao ser apresentada e experimentada a nível mundial, com toda a certeza, abrirá portas ao desenvolvimento integral da nossa cidade”, afiança.

“Se, de facto, a Capital Europeia da Cultura 2027 é Évora, a sua vivência não pode contar apenas com a participação de valores eborenses, mas deve assumir-se esta oportunidade com compromisso nacional. Importa que todo o país concentre o melhor de si nesta cidade e que Évora se torne uma proposta de todo o Portugal”, apela, acrescentando que “espero que Évora 2027 seja uma tenda alargada com portas amplas e abertas para que tudo o que há de melhor no nosso país, arte, cultura, ciência, espiritualidade, desporto dê o seu contributo. Não podemos esquecer a cidade congénere na Letónia para que a grande proposta ‘Vagar’ coopere na humanização do nosso país, da europa e do mundo. Se as duas cidades se encontrarem e colaborarem, com mais sucesso potenciarão a mensagem desta iniciativa Capital Europeia da Cultura, construtora da convivência pacífica dos povos”.

“Preocupação: observo que o tempo corre veloz e Évora não está ainda a viver o dinamismo que seria expetável já neste momento”, refere, acrescentando que “talvez devido a inesperadas dificuldades ao nível das coordenações nacionais, regionais e locais, se verifique este significativo atraso que refiro na mobilização interactiva das populações, na preparação de infraestruturas necessárias para um evento de proporção europeia e mundial e na ausência do conhecimento e divulgação de programas que já deviam aglutinar atenções e provocar o agendamento de deslocações a Évora”.

“Evidentemente que abraço este projecto com confiança. Acredito nas instituições e nas pessoas que estão a conduzir este processo. Apelo à união de todos por um projecto que é nosso”, sublinha.

“Que motivações políticas, ideológicas e económicas, estranhas a este projecto comum, não se coloquem à frente do bem da nossa cidade e do nosso país. Para além do nome e da imagem da nossa cidade, estão em causa muitos valores, capacidades e ofertas, que é necessário honrar, defender e promover. Confio que Évora 27 será uma vitória em grau de excelência”, afiança.

“Ressalta ao olhar de todos a importância do património religioso de Évora. Neste sector, grandes obras têm sido desafios vencidos. Recordo as mais recentes, as igrejas do Espírito Santo e de São Francisco, a partir de candidaturas a fundos europeus”, sublinha, salientando que “aproveito o momento para lembrar que a Catedral de Évora precisa urgentemente de uma visita não apenas de admiração, mas de compromisso com a sua preservação e segurança.

Há diversas urgências que exigem rápidas consolidações para que a sua robustez granítica seja efectiva em muitos pormenores fragilizados”. “Há muitos anos que a Sé de Évora não tem tido acompanhamento consequente e satisfatório naquilo que são as exigências da sua conservação. Chamo a atenção para o zimbório; trata-se de um modelo raro na Península Ibérica e na Europa. Já há vários anos que esta preciosidade da história da arte ibérica e mundial não pode ser contemplada pelos visitantes. Será incompreensível que esta tão importante atração patrimonial permaneça neste estado de abandono durante o ano 2027”, refere.

“Lembro que a Catedral de Évora, já há muito tempo estaria encerrada, se não fosse a iniciativa do seu Cabido. De facto, os funcionários que ali prestam os seus serviços são custeados exclusivamente pela entidade multissecular capitular”, esclarece, apelando que pede “aos cristãos eborenses e a todos os visitantes que vêm de fora que compreendam, com perspectiva cultual e cultural, que são chamados a ser missionários da Catedral de Évora através da oferta que dedicam ao adquirir o bilhete de entrada. Não vislumbro a possibilidade de poder cuidar devidamente da Catedral e mantê-la aberta sem o contributo de todos. Certamente não seria nada agradável, numa visita a Évora, depararmo-nos com a Catedral fechada, como infelizmente acontece com tantas igrejas. Sendo monumento nacional, não conta com nenhum funcionário custeado por qualquer entidade pública”.

“Através do Departamento da Pastoral da Cultura e do Património, que é presidido pelo sr. Cónego Mário Tavares da Oliveira já está em constituição uma equipa de trabalho para a valorização do património sacro no contexto Évora 27. Já contamos com apoios de personalidades experimentadas na organização de eventos de alta responsabilidade, bem como oriundas do mundo académico e artístico. Já estamos a trabalhar há vários meses sobre o modo como vamos valorizar o itinerário pelas nossas igrejas. Tenho uma esperança no que digo, que Évora 27 não vai deixar de ser excelente por parte da Igreja”, afiança.

“Que Évora Capital Europeia da Cultura 2027 seja uma sucessão de acontecimentos excelentes para os eborenses, que envolva todos os habitantes da cidade, e por consequência também a Igreja eborense. Que a beleza de Évora chegue ao mundo porque dela tem direito”, aponta.

“O primeiro bispo de Évora data do ano 300, Quinciano é o seu nome. Esta história não pode ser contornada. Faz parte da linfa, da seiva, daquilo que é o alimento desta árvore multissecular que se chama Évora. A sua raiz bebe e suga deste húmus onde também está a fé cristã”, conclui D. Francisco José Senra Coelho.

Texto de Pedro Miguel Conceição
06 Set 2024

6 de setembro: Celebra-se o 440.º Aniversário da chegada a Évora e da passagem e estadia, da Missão Tenshõ, pela Igreja do Espírito Santo e Seminário Maior de Évora

Hoje, 6 de Setembro, celebra-se o 440.º Aniversário da chegada a Évora e da passagem e estadia, da Missão Tenshõ, pela Igreja do Espírito Santo e Seminário Maior de Évora.

Chefiava a Missão o Pe. Diogo de Mesquita SJ, tutor dos quatro jovens japoneses, Mâncio Ito, Julião Nakaura, Miguel Chijiwa e Martinho Hara, os primeiros japoneses a aportarem à Europa.

No séc. XVII, os membros da Companhia de Jesus da Igreja do Espírito Santo, homenagearam com a encomenda de uma escultura alusiva a um destes jovens. Trata-se da representação de Julião Nakaura, que nunca renunciou à sua fé Cristã e Católica, recusando-se a abandonar o Japão no período conturbado das perseguições aos cristãos, continuando a sua missão de evangelizador do Cristianismo por terras japonesas, acabando por ser perseguido, preso e martirizado.

É um dos Mártires do Japão, findo a ser beatificado posteriormente, pelo que a comunidade Jesuíta de Évora, perpetuaram a sua memória e a sua passagem por Igreja, ao encomendar esta escultura.

Fonte: Igreja do Espírito Santo (Évora)

01 Set 2024

Igreja dos Agostinhos em Vila Viçosa acolhe a Exposição Itinerante “PASSADO PRESENTE E FUTURO”, integrada no 50.º Aniversário do regresso a Portugal da Ordem de Santo Agostinho (1974-2024) (com fotos)

Neste domingo, dia 1 de setembro, a histórica Igreja dos Agostinhos, em Vila Viçosa – Panteão dos Duques de Bragança – recebeu a Inauguração da Exposição Itinerante “PASSADO PRESENTE E FUTURO”, integrada no 50.º Aniversário do regresso a Portugal da Ordem de Santo Agostinho (1974-2024), na qual participou o Arcebispo de Évora.
A exposição está patente na Igreja dos Agostinhos até dia 29 de setembro de 2024.
01 a 29 de setembro de 2024
Terça-feira: 14h00 – 18h00 | Quarta-feira a Domingo: 10h00 – 13h00 e 14h00 – 18h00
Igreja dos Agostinhos, Vila Viçosa.
01 Set 2024

A Pastoral do Turismo lança o “Roteiro dos Santuários da Diocese de Évora”

A Pastoral do Turismo da Arquidiocese de Évora, coordenada pelo Padre Nelson Fernandes, acaba de lançar, em quatro idiomas (português, espanhol, inglês e francês), o desdobrável “Roteiro dos Santuários da Diocese de Évora”.

Neste Roteiro são apresentados os seguintes Santuários: Nossa Senhora da Visitação (Montemor-o-Novo); Senhor dos Mártires (Alcácer do Sal); Nossa Senhora de Aires (Viana do Alentejo); Nossa Senhora da Boa Nova (Terena-Alandroal); Nossa Senhora do Castelo (Coruche); Senhor Jesus da Piedade (Elvas); Nossa Senhora da Conceição (Vila Viçosa); e Nossa Senhora de Brotas (Mora).

Numa breve mensagem a todos os que visitam o Património Religioso da Arquidiocese de Évora, D. Francisco José Senra Coelho saúda “com alegria e elevado apreço de acolhimento cada visitante”.

“O amplo Património Religioso que pode encontrar na Arquidiocese de Évora, testemunha a Fé Católica das comunidades que ao longo dos séculos se tornaram cultura e expressão artística”, sublinha o Prelado.

“É nosso desejo que cada visitante seja recebido nos espaços religiosos como em sua própria casa e que se sinta acolhido com estima e elevado sentido de fraternidade”, afiança o Arcebispo de Évora.

Os desdobráveis, nos quais se apresentam ainda os horários das Eucaristias, destinam-se aos espaços de informação e divulgação turística, aos espaços de hotelaria e alojamento, e às Igrejas e Santuários.

30 Ago 2024

Podcast d’Esperança – À conversa com o Arcebispo de Évora – Episódio 4: As Migrações (com vídeo)

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia apresenta uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por 5 episódios em formato vídeo que poderá conhecer todos os sábados, entre 10 de agosto e 7 de setembro, nos canais digitais diocesanos.

No segundo episódio, que estreará neste sábado, dia 31 de agosto, no canal de Youtube da Arquidiocese, e que poderá assistir no site www.diocesedeevora.pt, o Prelado eborense aborda o tema das Migrações.

26 Ago 2024

À conversa com o Arcebispo de Évora – V: A Pastoral Vocacional na Arquidiocese (texto)

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia apresenta uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por 5 episódios em formato vídeo, que poderá conhecer todos os sábados, entre 10 de agosto e 7 de setembro, nos canais digitais diocesanos, nomeadamente no canal de Youtube da Arquidiocese e no site www.diocesedeevora.pt.

A Pastoral Vocacional foi outro dos assuntos abordados na conversa de balanço do Ano Pastoral com o Prelado eborense.

D. Francisco Senra Coelho começa por enquadrar historicamente esta questão: “A nossa Arquidiocese, depois de 1870 para cá, não tem tido vocações em número suficiente para sustentar as 156  paróquias que a compõem. Sabemos que as causas se enraízam no encerramento da Faculdade de Teologia da Universidade de Évora (1759), expulsão das Ordens religiosas masculinas com a confiscação dos seus bens; o encerramento dos noviciados das Ordens religiosas femininas com igual confiscação dos seus bens após a morte da última Irmã; a perseguição religiosa da primeira república, sobretudo de 1910 a 1920 com a confiscação de todos os bens móveis e imóveis da Igreja; mais recentemente a ampla difusão do marxismo comunista através de células clandestinamente implantadas a partir de 1933 no Alentejo latifundiário.”

“Lembro que por volta de 1870 veio de Bragança o primeiro seminarista do norte de Portugal para o nosso seminário. Como disse, até 1870 a Arquidiocese auto sustentava-se com as suas vocações. Os alfobres vocacionais da Arquidiocese encontravam-se concretamente em Campo Maior, em Elvas, em Estremoz, em Vila Viçosa, em Redondo e em Borba, juntamente com Samora Correia, Benavente e Coruche. Se o Seminário de Nossa Senhora da Purificação podia contar com vocações de toda a Arquidiocese, nomeadamente também da cidade de Évora, destas localidades procedia a maior parte dos seminaristas de Évora”, explica.

“Com a chegada de Dom Manuel Mendes da Conceição Santos estas vocações do Norte foram incrementadas, em primeiro lugar, a partir do Distrito de Aveiro. De lá, o bondoso Arcebispo trouxe um fiel colaborador, Mons. Fidalgo, que o acompanhou e o ajudou. Posteriormente, substituído por Mons. Pantaleão Costeira que, com um trabalho incansável, trouxe dezenas de jovens oriundos de Estarreja, de Ílhavo, da Murtosa e de Avanca. Os apelos do Arcebispo de Évora acabaram por chegar também às dioceses de Lamego, Guarda e à Beira Baixa”, recorda.

“Essa fonte terminou, ou é escassa, porque as dioceses do norte também têm muitas dificuldades vocacionais. Em suma, é algo que acontece em toda a Europa”, afiança.

“Embora ultimamente, graças a Deus e ao trabalho que se tem feito nas paróquias, com a ajuda da pastoral vocacional, apareçam em número significativo vocações alentejanas e ribatejanas, continuamos a precisar de vocações que venham para além do Ribatejo e do Alentejo, ou seja, fora da Arquidiocese”, afiança o Arcebispo de Évora.

“Assim, temos um conjunto de sacerdotes que vêm, nomeadamente, de Angola e de Moçambique, continuar os seus estudos no ensino superior português, muito concretamente na Universidade de Évora, no Politécnico de Portalegre e na Universidade Católica de Lisboa. Estes sacerdotes chegam com muito boa vontade, trazem consigo a esperança de servirem a Arquidiocese irmã de Évora e entregam-se geralmente de alma e coração ao estudo, tendo na maior parte dos casos, um assinalável desempenho académico. Com alegria, ajudámos vários sacerdotes a concluírem licenciaturas, mestrados e, em alguns casos, permanecem em fase de doutoramento em diversas ciências humanas.
Agradecemos a estes padres toda a colaboração prestada à Arquidiocese, assumindo Paróquias e construindo importantes partilhas de experiências eclesiais entre as suas Igrejas africanas e a Igreja alentejana e ribatejana de Évora. É muito gratificante para a nossa Igreja particular usufruir deste enriquecimento e contribuir para a valorização destes estimados padres que se vieram formar para regressar às suas dioceses, a fim de enriquecerem os seus presbitérios e melhor servirem os povos de que procedem”, aponta.

“Também há sacerdotes vindos de outros países que não vieram para estudar, mas para se dedicar plenamente à pastoral, recordo o caso o Padre Lelo já incardinado na nossa Arquidiocese, do Padre Rogério e do Padre Caetano Salvador Dallá, os dois últimos cedidos temporariamente pelos seus bispos”, acrescenta.

“Percorremos uma nova experiência ao recebermos de várias dioceses lusófonas seminaristas que nos são enviados para se prepararem para o ministério presbiteral”, explica, adiantando que “para o próximo ano teremos seminaristas da Diocese de Díli; pela primeira vez, seminaristas vindos da Diocese de Tete, em Moçambique; continuaremos a receber jovens vindos de Angola, dioceses de Ondjiva e Menong; da Diocese de Mindelo – Cabo Verde; e no caso especial de um país não lusófono, receberemos dois alunos originais de Cuba”.

“Estes jovens, se assim Deus permitir, e se for o discernimento da Igreja, serão ordenados presbíteros e ficarão ao serviço da Arquidiocese durante cinco anos ou mais”, revela o Prelado, explicando que “o contrato que estas dioceses têm com a Arquidiocese de Évora é que nos cabe proporcionar a formação no Seminário e no Instituto Superior de Teologia de Évora, permanecendo eles, posteriormente, 5 anos na nossa Arquidiocese, exceptuando a diocese de Menong cujos futuros sacerdotes poderão permanecer na nossa Arquidiocese apenas por 3 anos”.

“Acreditamos que ao fim de sete ou oito anos de permanência no nosso Seminário e no ISTE, estes jovens estarão já com uma experiência assinalável de enculturação ao contexto cultural e sócio-religioso da Arquidiocese. Acredito que será uma forma nova da Igreja de Évora caminhar com o apoio de vocações vindas de fora agora do próprio continente europeu e que sem substituir, completarão a insubstituível necessidade da Pastoral Vocacional nas Paróquias, Movimentos e Comunidades da Arquidiocese”, sublinha, acrescentando o Prelado que “não se pode substituir, mas temos que trabalhar todos. Acredito que as vocações na nossa Arquidiocese também vão  continuar a brotar como fruto da beleza destes jovens que com tanta generosidade vêm até nós, a partir de terras missionárias que os nossos antepassados ajudaram a evangelizar”.

“Também se abre a possibilidade de alguns Institutos religiosos e novas Comunidades de Vida matricularem os seus alunos no Instituto Superior de Teologia de Évora. Contactaram-se para o efeito a Província Portuguesa dos Salesianos e a Comunidade de Vida Canção Nova”, aponta o Prelado.

“O trabalho que desde há muito acontece no Instituto Superior de Teologia de Évora exige de toda a Arquidiocese um voto de louvor e ação de graças. Ao falarmos da Pastoral vocacional com vista aos ministérios ordenados do diaconado e do presbiterado e da valorização do nosso laicado com vista a futuros ministérios instituídos e serviços eclesiais, é obrigatório reconhecer o papel indelével e decisivo que o ISTE exerce ao nível das qualificações e da excelência académica”, sublinha o Arcebispo de Évora.

“Na visita ad limina, responsáveis do Vaticano* apelavam para que fossemos buscar missionários onde há vocações. Diziam: ‘Vós sois um povo com experiência missionária que há-de saber receber nestes nossos tempos missionários vindos das novas Igrejas. Não envergueis pela desistência do anúncio da Fé cristã no velho continente europeu. Não fecheis igrejas, como em outros países, não vendais igrejas! Não encerreis capelanias e serviços de presença humanizadora. Procurai vocações sacerdotais e sacerdotes nas Igrejas onde os podeis encontrar’. Como sempre a odisseia missionária exige paciência, espera e tempo. Mas, quando acontece, redige e escreve nas mais belas páginas da História da Igreja. Enviar missionários é tão exigente como acolher missionários. Trabalhemos juntos!”, apela o Prelado. (*in Dicastério para a Evangelização – Seção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares, Dom Fortunatus Nwachukwu, Secretário)

“Ressalvando as grandes diferenças culturais e continentais ainda que na pátria comum da mesma língua (Fernando Pessoa), parece-me poder dizer que aquilo que está a acontecer no nosso Seminário Maior de Évora e na nossa Arquidiocese surge no seguimento da sua história vocacional, agora os jovens seminaristas não vêm da Guarda nem de Aveiro, não têm origem em Braga, como eu, mas de mais longe. Claro que para além desta diferença nós viemos para ficar e eles virão para partir, porém o seu tempo de permanência entre nós estou certo que será um dom enquadrado nas grandes mudanças que se perspetivam numa sociedade em mobilidade e em crescente transformação pela globalização”, aponta.

“Desejo pôr-me nas mãos de Deus, que Ele ilumine o necessário discernimento, pensando que toda a Arquidiocese me acompanha e que aquilo que está a acontecer é um sinal dos tempos discernido, e que nunca seja, de modo algum, consequência da escolha pelos mais fácil e imediato, pela omissão e facilitismo”, aponta.

Referindo-se ao triénio vocacional vivido pela Província Eclesiástica de Évora (Évora, Beja e Algarve), o nosso Prelado referiu: “na minha modesta opinião o momento mais alto foi a Jornada de Formação Permanente para o Clero do Ano Pastoral 2022/2023 a que se juntaram também padres vindos da diocese irmã de Setúbal. A temática que preencheu as jornadas foi a Pastoral Vocacional. Sendo a mudança de mentalidades o desafio mais difícil para a pastoral, estas Jornadas permanecem como um marco indelével na pastoral vocacional das nossas Dioceses do Sul”, recorda.

“Agradeço a Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bom Pastor, o dom do Seminário Redemptoris Mater que fruto da experiência do Caminho Neocatecumenal permanece na nossa cidade e na nossa Arquidiocese como mais uma resposta da fidelidade de Deus: ‘Dar-vos-ei pastores!’ (Jeremias 3, 15). No contexto pós conciliar, a Igreja ajudou-nos a perceber que não podemos falar de iniciação cristã sem falar de vocação. Encontrar-se face a face com Cristo nas nossas estradas de Damasco, significa descobrir a beleza da Sua misericórdia, a qual não cabe dentro de nós e, por isso, proclamamos a libertação experimentada e no nosso louvor orante entoamos: ‘Não há amor como o Teu’. Porque a alegria do encontro com Cristo Ressuscitado não cabe em nós, levamo-la aos nossos Irmãos, testemunhando jubilosamente o querigma, a boa notícia do nosso encontro com Cristo e com aqueles que decidem perguntar ‘Mestre, onde moras?’ (Jo 1,35-42), iniciamos tempos de catequese em caminhadas catecumenais. É desta experiência que até nós chegou o Seminário Redemptoris Mater, Nossa Senhora de Fátima, de Évora. Dou graças a Deus, mais uma vez, pelo discernimento que o meu venerando antecessor, Dom José Alves, fez à luz do Espírito Santo e pretendo colocar os meus pés nas suas peugadas e continuar a perceber, cada vez mais melhor, a novidade e as exigências deste carisma. A sua peculiaridade consiste em ser um Seminário Arquidiocesano missionário ad gentes. A história da Igreja ensina que os novos carismas fazem caminho, caminhando. Com fidelidade ao Espírito Santo, expresso pela Sua Igreja, desejo uma sinodalidade de fazer caminho, caminhando com o nosso Seminário Redemptoris Mater. Convido toda a Arquidiocese a unirem-se ao Bispo, sucessor dos Apóstolos, nesta confiança do dom de Deus e a caminharmos juntos. Louvo o Senhor pelos três presbíteros ordenados a partir deste Seminário e que já há vários anos servem as Comunidades de Borba e Campo Maior”, sublinha o Arcebispo de Évora.

Interrogado ainda sobre a urgente necessidade da pastoral vocacional feminina, referiu o Prelado que “a valorização da mulher na Igreja também passa pela sua presença maternal na vida religiosa. Porque a Igreja é mãe e se revê em Maria, a vida religiosa feminina é um dom de enorme apreço na vida da nossa Arquidiocese. Rezo e convido a Arquidiocese a rezar para que entre nós surja uma primavera vocacional feminina: a maternidade espiritual e a fraternidade própria da vida consagrada. Sem esquecer que a vida contemplativa religiosa é a alma da Igreja, recordo que a dimensão missionária da vida religiosa é tão necessária nesta Arquidiocese e que ambos os carismas se fundem no grande sinal da presença de Deus no meio de nós. Nunca poderá haver pastoral vocacional sem integrar a vida religiosa e muito concretamente a vida religiosa feminina. Em nome da Arquidiocese um obrigado profundo às consagradas que são para nós sinal do Amor de Deus e da vida eterna”, agradece D. Francisco Senra Coelho.

Texto de Pedro Miguel Conceição
24 Ago 2024

Podcast d’Esperança – À conversa com o Arcebispo de Évora – Episódio 3: As Vocações (com vídeo)

No final de Ano Pastoral 2023-2024, a Esperança Multimédia apresenta uma nova série dos Podcast d’Esperança, intitulada “À conversa com o Arcebispo de Évora”, composta por 5 episódios em formato vídeo que poderá conhecer todos os sábados, entre 10 de agosto e 7 de setembro, nos canais digitais diocesanos.

No segundo episódio, que estreará neste sábado, dia 24 de agosto, no canal de Youtube da Arquidiocese, e que poderá assistir no site www.diocesedeevora.pt, o Prelado eborense aborda o tema das Vocações na Arquidiocese.