Proteção de menores e de adultos vulneráveis: “Sinto que há de facto da parte da Igreja em Portugal uma genuína vontade e motivação para mudar, para reparar o mal que foi feito e para prevenir outras situações”(com fotos)
No dia 16 de abril, entre as 10h e as 17h, no Seminário Maior de Évora decorreu uma ação de sensibilização e formação para presbíteros no âmbito da proteção e segurança de menores e de adultos vulneráveis, promovida pela Arquidiocese de Évora, sob a orientação do Grupo VITA.
Ainda no dia 16 de abril, entre as 19h e as 22h, decorreu nova ação de sensibilização e formação para diáconos permanentes.
Em declarações exclusivas à reportagem de “a defesa”, Rute Agulhas explicou que “com estas ações o Grupo VITA procura um contacto de maior proximidade que permita um diagnóstico mais rigoroso das necessidades de cada território”.
“A Arquidiocese de Évora foi a primeira a dizer que gostaria de receber esta formação”
“A Arquidiocese de Évora foi a primeira a dizer que gostaria de receber esta formação. Portanto, começamos exatamente hoje aqui em Évora e vamos continuar depois em alguns sábados com a formação não só a padres e diáconos mas também a agentes pastorais e elementos das IPSS”, revelou a coordenadora do Grupo VITA.
“O objetivo deste roteiro é estabelecermos aqui uma relação de maior proximidade com cada diocese. Cada diocese tem a sua realidade, claro que há problemas que são transversais, há questões que são comuns aos vários territórios mas depois há questões que são muito particulares e muito únicas de cada diocese. E nós queremos auscultar isso, queremos ouvir, queremos perceber melhor, também para perceber que medidas eventualmente podem vir a ser definidas em função das necessidades específicas de cada diocese”, explicou Rute Agulhas.
“Naturalmente vimos transmitir alguns conhecimentos e algumas partilhas, mas acima de tudo queremos auscultar e queremos escutar que necessidades têm, que dificuldades sentem, com que situações é que já se depararam ou não. Nós temos uma realidade muito assimétrica no país, na zona norte temos uma prevalência de casos muito maior do que aqui na zona sul e, portanto, é natural que todos os elementos, por exemplo, nesta diocese em concreto, possam pensar até com alguma apreensão: e se vier uma vítima, como é que vai ser a minha primeira vítima. Portanto, há aqui todo um percurso também a ser feito e queremos perceber um bocadinho como é que os podemos ajudar e também como é que eles nos podem ajudar enquanto Grupo VITA a fazer melhor aquela que é a nossa missão”, sublinhou a Coordenadora do Grupo VITA.
“O grande objetivo não pode ser só olhar para o passado, reparar aquilo que já foi feito, as vítimas que já são vítimas, mas é também olhar para o presente, o que é que pode ser feito hoje e o que é que pode ser prevenido amanhã. E, portanto, é muito nesta perspetiva também de prevenção futura que nós estamos aqui focados e não apenas a tentar remediar aquilo que já aconteceu”, apontou Rute Agulhas.
Como balanço de quase um ano de trabalho do Grupo VITA, a Coordenadora sublinhou que “temos vindo a percorrer um caminho de nos darmos a conhecer e neste momento já temos metas traçadas. Sentimos da parte todas as estruturas, sejam as dioceses, sejam os diversos Institutos de vida consagrada, uma disponibilidade e uma receptividade muito grande mesmo. Portanto, sinto que há de facto da parte da Igreja em Portugal uma genuína vontade e motivação para mudar, para reparar o mal que foi feito e para prevenir outras situações”.
“Evidentemente, que é fundamental prevenir”
Já o Arcebispo de Évora, D. Francisco José Senra Coelho, nas palavras de abertura que dirigiu aos presbíteros sublinhou a importância da prevenção. “Evidentemente, que é fundamental prevenir”, disse o Prelado, acrescentando que “a prevenção é fundamental para construirmos uma Igreja segura. Por isso, somos chamados a sinalizar a sociedade em que vivemos com propostas de segurança para todos, nomeadamente para as crianças e para os adultos vulneráveis”.
“Esta iniciativa, focada no âmbito eclesial, tem por objectivo solidificar a vontade que todos compartilhamos de revelar um novo rosto de Igreja com tolerância zero face a qualquer tipo de abuso”, disse.
“O programa pastoral da nossa Arquidiocese desafia-nos a ‘revelar um novo rosto de Comunidade’ no qual se perceba a beleza da sinodalidade. Assim numa responsabilidade proativa desejamos refletir com os presbíteros sobre a nossa missão de construir comunidades interactivas na defesa da segurança para todos, percebermos em presbitério novos caminhos de formação e prevenção com vista a que todos possam confiar na Igreja; Caminhos de apoio, compensação e reparação das vítimas que estão sempre no centro das nossas preocupações; Cuidar da própria segurança dos sacerdotes face às crescentes exigências de transparência, verdade e respeito”.
Entretanto, a Arquidiocese de Évora, sob a orientação do Grupo VITA, promoverá ainda as seguintes ações de sensibilização e formação nos dias: 4 de maio e 15 de junho – para Agentes Pastorais; 3 e 8 de junho – para funcionários das Instituições Particulares de Solidariedade Social da Arquidiocese de Évora.